Hoje (10/10) é Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher, data criada na década de 1980 para dar visibilidade à violência de gênero . Apesar do debate público sobre o tema ter avançados nas últimas décadas, os índices de violência contra a mulher permanecem altos. Até hoje mulheres nesta situação sentem medo de realizar denúncias ou têm dificuldades de perceber que estão em relacionamentos abusivos .
No último dia 1º, a Netflix lançou a série brasileira ‘ Bom Dia, Verônica ’. Os oito episódios são uma adaptação ao livro de mesmo nome do escritor Raphael Montes e da criminalista Ilana Casoy . A série retoma o debate sobre temas relacionados à violência contra mulher , surpreendendo o público ao retratar sem filtros a realidade que muitas mulheres sofrem diariamente.
Com menos de duas semanas de lançamento, 'Bom Dia, Verônica' já conquistou uma legião de fãs nas redes sociais, que foram ao Twitter falar sobre a necessidade de sua existência.
O iG Delas assistiu e aprovou! Além de carregar uma trama forte e necessária, a série é capaz de ajudar pessoas a identificarem comportamentos e sinais de que alguém pode estar sofrendo. Para isso, é importante que todas as pessoas estejam alerta para comportamentos e sinais de que uma mulher pode estar em perigo.
Você viu?
Preparamos para você algumas razões pelas quais você precisa assistir 'Bom Dia, Verônica'. Confira.
1- Abuso sexual
A protagonista da série, Verônica Torres (interpretada pela Tainá Müller , que estava no elenco da novela 'Flor do Caribe' ), é uma escrivã da polícia que se vê imersa em um caso sobre um homem que engana mulheres virtualmente. Quando iam ao seu encontro, as vítimas eram sedadas e abusadas . A série explicita o sentimento de medo de denunciar e o receio de se sentirem julgadas por terem passado pela situação. Além disso, fica muito evidente sensações como ingenuidade e vergonha, recorrentes em vítimas após sofrerem esse tipo de situação.
2- A realidade no momento da denúncia
“Que roupa você estava usando?”, “Você estava bêbada?”, “Você não o conhecia e saiu com ele mesmo assim?”. Essas são algumas perguntas feitas em interrogatórios ou quando as vítimas decidem fazer a denúncia . Esse tom vindo das autoridades na ficção não é diferente ao que muitas escutam na vida real. Para evitar esse tipo de tratamento, muitas mulheres se calam e optam por não denunciar o agressor.
3- Violência doméstica e relacionamento abusivo
Os temas de violência doméstica e relacionamento abusivo são encenados muito bem por Camila Morgado e Eduardo Moscovis . Os dois vivem, respectivamente, Janete e Cláudio Brandão. Ela é uma dona de casa solitária, que perdeu o contato com a família e é aprisionada pelo marido. Ele é um dos policiais mais respeitados da Polícia Militar, mas dentro de casa é um homem manipulador, sádico e que agride a esposa física e psicológicamente .
A série acompanha o medo e as estratégias de Janete para sobreviver, mostrando sua trajetória até o momento de pedir ajuda
— que inclui anotar as datas das agressões e de telefones para pedir ajuda em uma revista de palavras cruzadas, por exemplo. Numa atuação muito elogiada, a atriz consegue passar a agonia de Janete para o público por meio de olhares e gestos minuciosos.
4 - Feminicídio
Em um momento da série, Verônica acredita que encontrou um serial killer que mata especificamente mulheres que chegam a São Paulo vindas do estado do Maranhão. O matador as sequestra e leva as vítimas a um porão escuro, onde as engancha e as suspende no ar, matando-as em seguida.
Alguns homens acabam se tornando misóginos (ou seja, odeiam as mulheres) por não agirem de acordo com suas expectativas. Esse é um traço comportamental de muitos homens abusadores e que cometem feminicídio
. A história nos lembra que mesmo homens que respeitáveis e que não aparentam ser violentos podem ser misóginos e/ou agressores de mulheres.
5- Machismo no ambiente de trabalho
Para além dos tópicos relacionados à violência doméstica e feminicídio , a série ainda tem espaço para discutir outras barreiras que mulheres sofrem em seus cotidianos. Uma delas é o machismo sofrido por Verônica no ambiente de trabalho. A protagonista se mostra uma ótima investigadora (apesar de ser uma escrivã) e é muito comprometida com sua missão de ajudar as pessoas, principalmente mulheres. Mas seu chefe constantemente a diminui e não dá oportunidades para que Verônica cresça.
Ele parece lembrar dela em situações como servir café ou consertar a impressora quebrada. Esse tipo de conduta — em que chefes homens atribuem às mulheres funções de servidão ou análogas ao trabalho doméstico — costumam ser recorrentes em ambientes de trabalho em que homens são maioria.
6 - Sororidade
Mesmo diante de toda crueldade e silenciamento, a protagonista sempre transmite para quem está assistindo um pouco de esperança. Isso porque ela leva seu trabalho muito a sério e acredita que é dever da Polícia ajudar as pessoas e fazer a diferença.
Verônica Torres pratica a escuta ativa e tenta trazer conforto e segurança para as vítimas que chegaram até ela, sem julgamentos e sem colocá-las em descrença. Na atuação, Tainá passa isso com toques nas mãos das vítimas, palavras de conforto (como "confia em mim" ou "eu imagino como deve ser difícil para você") e olhares atentos. No fim, é um lembrete do modelo ideal de sistema de apoio às vítimas de violência contra a mulher .
Não tenha medo de pedir ajuda!
Ao final de cada episódio de 'Bom Dia, Verônica', a equipe do seriado incentiva que mulheres que são ou conhecem alguém que está passando por situação de abuso façam a denúncia pelo Disque Denúncia (180). Além disso, a Netflix também aproveita para divulgar o portal wannatalkaboutit.com , em que oferece informações e contatos de apoio para pessoas que estão passando por abuso ou violência ou que estão propensas a automutilação e suicídio.