Ter uma fantasia ou um fetiche, em suas diferentes formas, é algo absolutamente normal e saudável. Entretanto, segue sendo um assunto tabu e que costuma até gerar conflitos e desconfortos entre casais quando um dos dois decide admitir seus desejos para o outro.
Não há razão, contudo, para que o fetiche de alguém se torne um problema para o casal. Conversas francas e até terapia podem ajudar com isso, como diz a sexóloga Thais Plaza, que aconselha como entender e abordar o tema de forma construtiva e positiva.
“Primeiro que a gente precisa entender que a sexualidade, que é conexão, desejos, vontades - muito mais do que só sexo -, é algo livre, mas que, infelizmente, é colocado em caixinhas socialmente aceitáveis. Essas caixinhas nos aprisionam, então causa realmente um estranhamento quando alguém sai da caixinha. Só que é importante reforçar que não existe certo ou errado, nem normal e anormal no que diz respeito à sexualidade. Até porque, o comum é ter desejos, incomum é não viver os nossos desejos”, pondera.
Seguindo este raciocínio, é essencial que, num relacionamento, um busque entender os desejos do outro, ainda que não partilhem dos mesmos. “Desde que o fetiche da pessoa não faça mal à outra, não provoque dor, sofrimento, não gere conflito, a outra pessoa não se sinta invadida, ele não tem nada de estranho, nem ruim”, afirma.
Mas, é claro, por conta das construções sociais atuais, essa aceitação pode demorar a vir e é por isso que Thais recomenda fazer terapia de casal . “A terapia vai fazer o casal entender onde está o conflito provocado pelo desejo de um dos dois, o que está causando o desconforto entre eles, oferecendo ferramentas para que ambos lidem com isso.”
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“Na terapia o casal também pode avaliar melhor onde cada um pode ceder. Por um lado, quem tem a fantasia precisa identificar até que ponto o outro está pronto para viver aquilo, pensando de que forma pode começar a suprir seu desejo respeitando os limites do parceiro ou parceira, sem ser colocando tudo em prática. Por outro, a outra pessoa precisa ser mais compreensiva, aberta a novas experiências e saber identificar até onde está disposta a ceder para satisfazer o desejo do outro sem que se sinta mal ou depreciada por causa disso, ainda que de início não se sinta totalmente confortável”, argumenta a sexóloga.
Assim, ela sugere começar aos poucos, trazendo a fantasia para algo mais próximo da realidade do casal, de forma mais simples e por meio de brincadeiras.
“Se a mulher tem o desejo de ser submissa, por exemplo, com o parceiro como dominador, ela pode comprar um par de algemas, que são acessórios que a gente considera como ‘baunilha’, mais brandos, e começar a introduzir essa ideia durante o sexo”, sugere. Depois do ato, Thais recomenda conversar com o parceiro para saber o que ele achou da brincadeira, que pode ir evoluindo aos poucos. “Eventualmente o casal pode acabar chegando ao ponto de pesquisar comunidades fetichistas, participar de festas, quem sabe, e até mais.”
Para chegar a esse ponto, a sexóloga fala em duas palavras-chave no que diz respeito às descobertas sexuais de um casal: "conexão" e “permita-se”. “A conexão vem através do diálogo, não da discussão, em que ambos estejam dispostos ao ouvir. E o se permitir vem da desconstrução do comoportamento de a gente dizer que não gosta de algo porque fomos ensinados a não gostar, a achar ruim, e não porque provamos e realmente não gostamos - porque às vezes a gente testa e gosta. Então antes de dizer que não quer, não gosta, tente viver e experimentar o novo, permita-se, porque a sexualidade é livre”.
Resistência em entender fetiche pode indicar incompatibilidade do casal
Mas e se a outra pessoa se mostrar totalmente inflexível a conhecer o novo? Afinal de contas, isso pode exigir um grau de desconstrução que nem todas as pessoas estão dispostas a buscar. Nestes casos, Thais aponta para uma incompatibilidade de valores e princípios, que vai muito além de uma incompatibilidade de desejos, e que pode exigir que o casal reveja sua relação.
“Vamos supor que alguém super livre sexualmente se casa com uma pessoa que teve uma educação super conservadora, por exemplo. Essa pessoa conservadora normalmente recebeu essa educação desde muito pequena e construiu seus princípios, que vão nortear a vida toda dela, em cima dessa educação que recebeu. Os valores dela vão entrar em choque quando ela passar a se relacionar com alguém livre, cheio de desejos e fantasias, com uma criação diferente. E aí, entrar em contato com essas vontades, vai muito além de simplesmente ceder a elas ou não, é uma questão de identificação”.
Em casos assim, de acordo com a sexóloga, é necessário buscar ajuda profissional. “Se o casal não conseguir lidar com fetiche um do outro, não dá para um se esconder para ser o que o outro deseja, nem o outro ceder e estar sempre desconfortável para satisfazer o parceiro ou parceira. Às vezes, é melhor terminar o relacionamento para que cada um busque parceiros que possam os satisfazer, com respeito e vontade”, conclui.
Um fetiche por dia: veja todas as fantasias da série
Se você tem algum fetiche ou quer conhecer mais desse universo , conheça onze fantasias desmistificada pelo Delas nas últimas duas semanas. Quem sabe você não se identifica com algum e ainda consegue dicas de como conversar com o parceiro ou parceira, aprendendo diferentes posições sexuais para realizar cada um deles.
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