As Olimpíada de 2020, em Tóquio, terminaram ontem e mais uma vez as mulheres fizeram história , tanto no desempenho como esportistas, como na discussão de temas como paridade salarial, sexismo nos uniformes das atletas e na inclusão da p rimeira mulher trans nos jogos , desistência no meio do campeonato para priorizar a saúde mental, gestos políticos pela igualdade.
De acordo com o Comitê Olímpico Internacional, essa foi a Olimpíada com maior equilíbrio de gênero da história, com quase 49% dos inscritos foram mulheres. Se mais mecanismos forem adotados para 2024, pode-se chegar à igualdade de mulheres na participação dos jogos. Veja a seguir os principais campos em que os jogos olímpicos de Paris podem avançar em relação à participação das mulheres.
Salários iguais
Ainda hoje mulheres atletas recebem os menores salários em relação aos homens no esporte. Em 2019, Marta jogou a Copa da França com um par de chuteiras pretas, sem patrocinadores, como uma forma de denunciar um problema global: a disparidade de salários e investimentos entre futebol feminino e masculino. Nestas Olimpíadas de Tóquio, ela expôs a situação mais uma vez.
Portanto, a chegada na igualdade de salários não é só um direito das mulheres como um incentivo à participação igualitária das mesmas na próxima Olimpíadas em Paris.
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Uniformes menos sexualizados
A decisão da equipe de ginástica feminina da Alemanha de usar roupas semelhantes aos dos atletas do sexo masculino reacendeu a discussão sobre uniformes das atletas. Elas optaram pelo uso de uniforme que cobrisse o corpo inteiro, em Tóquio, como forma de manifestação contra a sexualização do esporte.
Recentemente, durante um campeonato europeu de handebol, as jogadoras da seleção feminina da Noruega se recusaram a usar biquíni ao disputar medalha de bronze no Campeonato. Em decorrência disso, elas foram multadas por 1.500 euros por "trajes inadequados''.
O Comitê Olímpico Internacional não rege esses tipos de regras para esportes individuais, mas executa e controla a transmissão de Tóquio mostrada para o mundo. Pelas atitudes das atletas, uniformes menos sexualizados devem ser adotados para que elas possam se sentir mais à vontade e focar no que interessa: o desempenho no esporte.
Touca diversificada na natação
A Federação Internacional de Natação (Fina) vetou o uso de toucas de natação feita especialmente para cabelos afros. A empresa que fabrica as toucas, Soul Cap, afirma que a Federação rejeitou um pedido para que seus produtos fossem certificados para uso em competições.
Diante da pressão, a FINA anunciou estar revisando sua decisão recente de não certificar uma touca diversificada na natação. A não certificação impede o uso do item em competições internacionais, como a Olimpíada de Tóquio. Diante disso, a aprovação da adaptação das toucas na natação pode se tornar uma mudança importante para a participação das mulheres negras nesta modalidade.
Além destas questões, é importante reforçar abertura para outras questões de gênero, como amamentação e menstruação. Apesar dos jogos de Tóquio terem permitido às atletas lactantes que levassem seus bebês para o Japão, isso só ocorreu após pressão por parte das esportistas. Mesmo assim, as crianças não puderam ficar com as mães na vila olímpica, ficando hospedadas em hoteis oficiais.
Aleitamento materno e menstruação
Além disso, é necessário pensar nas mulheres e demais pessoas que menstruam (pessoas não-binárias e homens trans), tanto na questão de uniformes que deixem as competidoras mais à vontade nesse período, como em relação aos medicamentos.
A jogadora brasileira Tandara, foi impedida de disputar a final pela seleção brasileira de vôlei por conta do exame antidoping. Segundo a atleta, isso aconteceu por conta do uso de um remédio para regulação do ciclo menstrual , que havia sido aprovado pela Confederação Brasileira de Vôlei.