Na última semana, a atleta estadunidense Simone Biles desistiu de disputar a final individual geral da ginástica, nas Olimpíadas de Tóquio . O motivo, de acordo com a própria atleta, é de que ela precisava cuidar de sua saúde mental.
"Assim que eu piso no tablado somos só eu e minha cabeça lidando com demônios. Tenho que fazer o que é certo para mim e me concentrar na minha saúde mental e não prejudicar minha saúde e meu bem-estar. Há vida além da ginástica", afirmou a atleta sobre a decisão.
A decisão de Biles fez com que o debate sobre saúde mental e pressões psicológicas voltasse à tona. Para te ajudar a entender melhor diversos pontos sobre o assunto e a compreender de que forma Biles pode estar se sentindo nesse momento, separamos 9 filmes que falam sobre saúde mental a partir de diversos pontos de vista.
1- Meu Pai
“Meu Pai” foi indicado a seis Oscars e Anthony Hopkins venceu na categoria de Melhor Ator, tornando-se o ator mais velho a receber um Oscar . A honraria não foi à toa, já que o ator interpreta brilhantemente um personagem, Anthony, que está cada vez mais adoecido pelo Alzheimer.
Dirigido por Florian Zeller, o filme coloca quem está assistindo em contato direto com a confusão mental sentida pelo protagonista, criando um verdadeiro exercício de se colocar no lugar de uma pessoa que está perdendo as noções sobre tempo, espaço, memória e realidade. Além da vida de Anthony, o longa explora as decisões difíceis que precisam ser tomadas por Anne (Olivia Colman), em prol da saúde e bem-estar de seu pai.
2- A Mulher na Janela
Estrelado por Amy Adams, “A Mulher na Janela” aborda a agorafobia , um traço do transtorno de ansiedade que faz com que a pessoa tenha medo de situações normais do cotidiano e, com isso, se isole dentro de sua casa. Os sintomas vão desde desmaios e respiração ofegante até medo de morrer e preocupação intensa.
O filme usa a agorafobia como instigador do enredo da história: Anna (Adams) é uma psicóloga infantil que não sai de casa após passar por um trauma. Pela janela de casa, ela vê um assassinato. A direção da história usa de artifícios para ilustrar o cotidiano destas pessoas e para fazer o público entender os sentimentos de uma crise agorafóbica.
3- Cisne Negro
“Cisne Negro” aborda questões que são muito comumente sentidas por atletas, como no caso de Biles: as pressões externas e internas para atingir a perfeição. No filme, Nina (Natalie Portman) é uma bailarina que vai protagonizar uma montagem de “O Lago dos Cisnes” e lida o tempo todo com pressões por parte da mãe e de seu treinador.
Ao ficar obcecada pelo papel, Nina começa a ter paranóias em relação a pessoas ao seu redor e pensa que seu trabalho está sendo ameaçado. Então, ela começa a viver momentos de despersonalização, esquecimento e chega até o extremo para si mesma e para os que estão ao seu redor. Tudo isso em prol da necessidade de executar a dança de maneira perfeita.
4- Inside: Bo Burnham
“Inside” é um especial de comédia musical feito na pandemia pelo comediante e ator Bo Burnham, que fez tudo sozinho dentro de um quarto por mais de um ano. Nele, o ator aborda de forma bem intimista (e muito hilária) a sua relação com a saúde mental acerca de diversos assuntos, desde privilégio branco e crises humanitárias até a própria pandemia em si.
Em 2016, o ator realmente deixou de se apresentar ao vivo porque começou a ter crises de pânico no palco. Em “Inside”, ele fala, mesmo que nas entrelinhas das piadas, sobre como é o dia a dia de uma pessoa que vive com depressão e ansiedade, além de zoar mães que não sabem fazer chamada de vídeo, sexo à distância (o sexting) e masculinidade. As canções, que ele mesmo produziu, grudam na cabeça e se tornam uma atração à parte.
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5- Garota, Interrompida
Baseado em uma história real, “Garota, Interrompida” se passa na década de 1960, quando a escritora Susanna Kaysen (Winona Ryder) é internada em um hospital psiquiátrico após tentar suicídio. Lá, ela é diagnosticada com Síndrome de Borderline, que mescla sintomas de bipolaridade, ansiedade, depressão e demonstra muita impulsividade.
O filme retrata o dia a dia de Susanna, o tratamento que recebe na instituição e explora outros tipos de transtornos por outras personagens. A sociopatia é abordada por Lisa Rowe (Angelina Jolie), que está sempre planejando fugas e desdenhando da instituição.
Alguns elementos manicomiais podem até ter ficado datados, mas o longa acerta ao abordar a jornada de aceitação de Susanna quanto ao seu diagnóstico e a maneira como ela passa a zelar por sua saúde mental.
6- O Que Ficou Para Trás
Este filme de terror narra a saúde mental a partir do ponto de vista de refugiados que acabaram de chegar à Inglaterra do Sudão do Sul. O casal Rial (Wunmi Mosaku) e Bol (Sope Dirisu) fugiu do país natal devido a conflitos e guerras locais. Eles são instalados em uma casa do governo que logo passa a receber eventos e visitas paranormais.
Os elementos usados no filme falam sobre as cicatrizes da guerra e traumas psicológicos de pessoas refugiadas, principalmente a culpa e a perda. Por outro lado, o filme também é eficaz ao abordar o racismo e xenofobia com que são recebidos neste novo país que devem chamar de “lar”.
7- As Vantagens De Ser Invisível
“As Vantagens De Ser Invisível” apresenta um sensível retrato de um jovem diagnosticado com depressão que acaba de sair de uma instituição psiquiátrica e retoma sua rotina escolar no subúrbio norte-americano, em 1992.
Sem amigos, introspectivo e socialmente desconfortável, Charlie (Logan Lerman) acaba fazendo amizade com dois irmãos, Sam (Emma Watson) e Patrick (Ezra Miller).
O filme, que é adaptação de um livro de mesmo nome, possui trechos narrados como se fosse uma carta que Charlie escreve a um amigo. A partir dela, o personagem conta de maneira pessoal e muito profunda sobre seus sentimentos intensos, sejam felizes ou tristes, até que se entenda todos os traumas que desencadearam aqueles sofrimentos.
8- Divertida Mente
Um dos filmes mais queridos da Disney Pixar, “Divertida Mente” consegue falar de maneira lúdica e bastante poética sobre a depressão e saúde mental. Tudo começa quando Riley, uma menina de 11 anos, muda de cidade e fica bastante abalada pelas mudanças ao seu redor. Isso faz com que ela comece a perder interesse por suas atividades no dia a dia, fique mais irritada e, de repente, fique em um estado de apatia.
Esse desequilíbrio é causado porque, dentro de Riley, a Alegria e a Tristeza se perdem da torre de controle de sentimentos e precisam encontrar o caminho de volta para fazer a menina feliz de novo.
Além de abordar os sentimentos de solidão, tristeza e não pertencimento causados pela depressão, o filme promove uma reflexão sobre a importância do apoio e acolhimento para quem tem algum tipo de sofrimento mental.
9- Elena
O documentário brasileiro “Elena” narra a vida de Elena Andrade, uma atriz que se suicidou precocemente. A criação e direção da história é de Petra Costa, diretora de “Democracia em Vertigem”, irmã da protagonista.
O documentário reúne vídeos caseiros feitos por Elena e pela família. Petra faz uma narração dos eventos da vida de Elena e da sua própria, construindo sua imagem para os espectadores e contando detalhes sobre a vida das duas. O filme cria uma visão bastante peculiar sobre o suicídio e também foca na dor da perda e luto dos familiares.