Na noite da última terça-feira (15), a ex-miss bumbum Raissa Barbosa se tornou assunto na internet devido a sua reação no reality show ‘A Fazenda’ , após ter recebido oito votos e ser uma das mais votadas para a primeira roça. O que muita gente não sabe é que o comportamento considerado “excessivo” aconteceu porque a modelo sofre de Síndrome de Borderline .
A Síndrome de Borderline é um transtorno psiquiátrico de difícil diagnóstico, já que o paciente apresenta sintomas de depressão , ansiedade, transtorno bipolar e impulsividade.
“Seria como se pequenas cercas estivessem separando as instituições cerebrais e uma leve tempestade fosse o suficiente para derrubá-las”, explica o psicólogo Alexander Bez, que é especialista em Relacionamentos, Ansiedade e Síndrome do Pânico .
De acordo com o profissional, não se trata de um transtorno emocional, mas um transtorno capaz de alterar funções e estruturas mentais, o que pode acentuar os comportamentos impulsivos, inquietos e agressivos sem que a pessoa perceba.
A Síndrome de Borderline acomete de 1% a 6% da população mundial segundo dados da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP). Destas pessoas estima-se que 75% são mulheres , que podem sentir os primeiros sintomas entre 18 e 25 anos.
“Tenho medo das minhas atitudes”. “Parece que não estou dentro do meu corpo”. Estas foram frases usadas por Raissa para expressar a maneira como estava se sentindo foram falas ditas por Raissa no momento do episódio de crise.
“Quando ela fala em medo das atitudes, ela diz ter ciência do seu transtorno. A segunda frase é uma manifestação da despersonalização, muito comum na área da psiquiatria”, analisa.
O psicólogo explica que a despersonalização é quando o paciente sente que sai do controle de seu próprio corpo e não é capaz de entender o que está acontecendo no presente. Desta maneira, o paciente que sofre de Síndrome de Borderline não consegue assimilar a realidade, mesmo que ele seja o “causador” de algo.
Não é frescura: a Síndrome de Borderline é um transtorno muito sério
Pessoas que sofrem de Síndrome de Borderline podem ser consideradas exageradas ou pessoas que querem chamar atenção. No entanto, trata-se de um transtorno que, se não levado a sério, pode aumentar tendências suicidas.
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Segundo Alexander, o transtorno é tão letal quanto distúrbios alimentares, de estresse e depressivos. “A Síndrome de Borderline é uma condição psiquiátrica muito forte e severa e pode potencializar o suicídio. É preciso que a pessoa tenha conforto e apoio emocional”, orienta.
Como pessoas que sofrem da Síndrome de Borderline podem ter uma vida mais confortável?
As amigas de Raissa no reality incentivaram a modelo a “extravasar” com gritos abafados no travesseiro, xingamentos e socos na cama. Bez adverte que esta não é a melhor maneira de fazer com que a pessoa com Síndrome de Borderline se sinta melhor em um surto, já que agrava as sensações causadas pelo transtorno.
Além do acompanhamento médico, é importante que os estímulos externos não sejam agravantes dos sentimentos despertados no Borderline. “É importante criar um ambiente em que a pessoa se sinta motivada e cercada de carinho”, diz.
Como posso ajudar alguém com Síndrome de Borderline que está em crise?
Ao perceber que Raissa estava agindo com agressividade, a ex-miss Brasil Jakelyne Oliveira chamou a amiga para conversar na dispensa. Mais tarde, a cantora Jojo Todynho posicionou as mãos nas laterais do rosto da ex-miss bumbum e falou em tom enfático, pedindo que ela tivesse calma.
Na visão do especialista, essas ações são consideradas como positivas, já que criam um ambiente de segurança e conforto para a pessoa que está sofrendo o surto.
O psicólogo também explica que o que Jojo tentou fazer foi transferir sua energia psicológica para Raissa, para que ela pudesse, assim, se acalmar e “voltar à realidade”. “Ficar testa com testa transmite esperança e tranquilidade. Além disso, carrega o sistema de fortaleza da pessoa que está mal”, diz.
O importante é compreender os mecanismos com os quais a pessoa que sofre de Síndrome de Borderline não consegue lidar. Por isso, é importante evitar conflitos e criar espaços em que a pessoa se sinta segura.
A Síndrome de Borderline tem cura?
Assim como uma série de patologias psiquiátricas, a Síndrome de Borderline não é curável, mas controlável. É imprescindível que a pessoa que sofre do transtorno faça acompanhamento médico com um psiquiatra e com um psicólogo.
Por se tratar de um transtorno que tem efeitos comprovados na formação cerebral, o tratamento primário é a medicação, que pode englobar ansiolíticos, antidepressivos, estabilizadores de humor e antipsicóticos.
O médico explica que caso o grau da doença seja baixo, o tratamento pode se sustentar apenas na psicoterapia. Mas é importante que o acompanhamento seja sempre realizado.
“A síndrome de borderline é uma crônica crescente. Quando esse transtorno não é medicado e controlado, as sensações negativas e impulsivas vão aumentar”, explica.
Mesmo se tratando de uma doença de alto risco e com grande impacto comportamental, Bez explica que quem tem a Síndrome de Borderline , como Raissa Barbosa, não deve ser estigmatizada. “Ela vive um sofrimento e tem alterações comportamentais e sociais muito significativas, mas isso não quer dizer que é uma pessoa má”, afirma.