Essa semana uma amiga se surpreendeu com o que o filho dela, de seis anos, falou depois de uma reclamação por algo errado que ele fez: “Mamãe, eu não faço nada certo, né?”. Ela parou na mesma hora e percebeu o efeito que estava surtindo em seu filho pelos apontamentos negativos de sua conduta. Ou seja, ela viu que só chamava a atenção pelas falhas . Você tem noção dos danos que podem ser causados por isso no desenvolvimento, na educação e até na autoestima do seu filho?
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Sobre a minha amiga, que bom que teve a sacada de responder na hora para o filho: “Não, meu amor, você faz muitas coisas certas sim. É que o certo tem que ser feito. E quando você faz errado, eu preciso reclamar”. Mas o questionamento do filho valeu para deixá-la mais pensativa: “Ele tem razão. Eu preciso exaltar o que ele faz de certo”. Sim, precisa! E se isso também acontece com você, mamãe, você também precisa pensar nisso.
É o que se chama de “ Educação positiva” . Tenho lido muito sobre isso e repensado na minha forma de agir com meus filhos. E, assim como a maioria das mães – e pais – eu vi que apontava demais os seus erros, brigava demais, colocava de castigo demais... E a tal disciplina positiva me chamou a atenção. Ok! Vamos parar de apontar só os erros, né?
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Normal. Normal do ser humano. Temos uma tendência natural em focar as falhas dos filhos. A professora de psicologia positiva da Universidade de Melborne, em um artigo publicado no Wall Street Journal, em 2017, Lea Waters, disse que essa predisposição negativa é “um antigo mecanismo de sobrevivência, que estimula nosso cérebro a procurar 'pelo em ovo', focando no que está errado, como uma forma de manter a nós e a nossa tribo segura”.
Mas, com esse comportamento a gente perde a chance estimular nossos filhos a serem mais felizes e ativos, além de desenvolver o controle interno. Pois é, já pensou? E isso é comprovado.
Um estudo da Oxford Review of Education, em 2009, com cerca de 300 alunos do Ensino Fundamental 2, nos Estados Unidos, mostrou que aqueles que tiveram aulas sobre qualidades e talentos, com testes para identificar as habilidades de cada um, tiveram um aumento significativo no engajamento e na satisfação em relação à escola. Além disso, desenvolveram melhores habilidades sociais, em comparação aos que não participaram dessas aulas.
E de que forma a gente pode ajudar nossos filhos a serem pessoas melhores e mais felizes? Anota aí, mamãe: foco no positivo. No encorajamento. Isso não quer dizer que você vai ignorar o que ele faz de errado e nem mimar seu filho elogiando demais, viu? Ser positivo é ter uma mente aberta, é agir com discernimento e não depositar as nossas expectativas nos outros. Pare de procurar falha em tudo o que seu filho faz e comece a perceber suas qualidades. É mudar a atitude, sim. E isso exige treinamento, não é da noite para o dia.
Seguindo a recomendação lá da dra. Waters, comece a observar uma qualidade por semana na criança e converse com ela sobre isso. “Quando os desafios surgirem, você notará a sua naturalidade em ajustar a sua mentalidade, e em vez de consertar a criança, você irá focar nas qualidade dela”, diz a professora.
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É assim que você vai ajudar seu filho, entendeu? Encorajando e ajudando
a explorar outras habilidades que são necessárias na vida. Afinal, você não vai querer ouvir do seu filho o “eu não faço nada certo”, né? Mais ainda, você não vai quer que ele não acredite nele mesmo. Acontece que para isso, VOCÊ precisa acreditar nele antes. Chega de negativismo, mamãe. Seja positiva! Isso, com certeza, será bem positivo para ele também.