Quem não queria passar mais tempo com seu filho, ter todo o tempo do mundo para estar mais perto dele? Bem, independentemente do quanto a gente se dedica, sempre é bom poder estar mais presente, né não? Mas uma coisa é importante saber, anota aí, mamãe: uma coisa é estar verdadeiramente com o filho, e outra – bem diferente – é estar ao lado dele apenas fisicamente. Já parou pra pensar nisso?
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Lembro quando, falando sobre passar tempo com seu filho , uma mãe me disse: “Meu Deus, eu nunca havia pensado assim... Eu não trabalho e passo o dia todo com minha bebê, mas estou sempre estressada fazendo as coisas da casa e, quando estou perto dela, fico no celular... Eu realmente achei que estava com ela o dia inteiro. E, na verdade, não estou nem por um minuto”.
Bingo! Era isso que eu estava fazendo essa mãe entender. Não estava com a filho nem por um minuto, não tinha verdadeiramente tempo com o filho, mas dizia aos quatro ventos – e a ela própria – que estava com a menina 24h por dia.
Mas, vamos lá, uma coisa temos que entender: ter filho hoje em dia não é como no tempo da nossa avó, quando as mães não trabalhavam fora de casa e se dedicavam quase que exclusivamente aos filhos.
A psicóloga Macira Sotero, especializada em terapia familiar, lembra que a pós-modernidade trouxe, junto com as tecnologias de informação e do conhecimento, várias atividades que não faziam parte do nosso repertório cotidiano. “Precisamos aprender línguas, praticar esportes, fazer ginástica, cuidar da nossa imagem estética, nos divertir, manter um relacionamento social com parentes e amigos e, claro, trabalhar”, diz.
Agora ficou difícil, né? Se a gente tem todo o direito – e tem mesmo! - de ter tantas atividades assim e tempo para nós mesmas, quando é que vamos cuidar desses meninos, curtir os filhos ? A resposta é simples, e a gente já falou nisso por aqui: não é quantidade de tempo que conta, e ,sim, a qualidade.
E a gente ainda pode ir além nessa questão de estar ao não com a criança, viu? Até porque podemos passar muito tempo cuidando das necessidades físicas do filho, como banho, troca de fraldas, papinhas... e nada disso significa estar atenta às necessidade emocionais, onde realmente a conexão materna é significativa.
E aí, ficou pensativa? Será que você está com seus filhos no dia a dia ou cuida só das obrigações? Sim, sim, eu sei que a rotina muitas vezes é cansativa. Eu sei mesmo, pode apostar! Isso de fazer bolsa da escola todo dia, separar a roupa do judô, colocar pra lavar o que voltou sujo, conferir a tarefa de casa, preparar o jantarzinho,… ai, a fralda acabou! E tem que comprar remédio porque ele tá tossindo à noite... Vixe, já cansei só de escrever.
E o pior, quando a gente chega em casa, e tem aquele tempinho para brincar no chão com o filho, o cansaço já está no limite. Melhor dar um tablet para a criança, porque ainda tenho um monte de coisa pra fazer em casa... Não é assim?
Então não, você NÃO está com seu filho no dia a dia. Não está tendo tempo com o filho. Ainda mais se, quando você consegue aqueles minutinhos preciosos para ficar coladinha com ele, o celular está junto, aí você dá aquela conferida nas redes sociais ou... “Ah, é a única hora que tenho para responder aos grupos de mensagens”. Sim, mamãe, mas é também a única hora que você separou para seu filho. E não é para tomar banho que ele está chamando sua atenção. É porque ele quer você, a sua atenção.
Para dedicar tempo aos filhos , não tem jeito, tem que deixar outras coisas de lado. “É preciso aprender a priorizar o tempo juntos e qualificar esse tempo com sensibilidade às necessidades físicas e emocionais da criança. Portanto, o essencial não depende só das horas passadas juntos, mas da segurança e confiança estabelecida nesse laço materno, na construção desse vínculo estruturador que lastreará todas as futuras relações dessa criança. No entanto, como em qualquer tarefa, para alcançar qualidade é preciso administrar o tempo, assumir compromisso, e ter dedicação”, explica Macira Sotero.
Aí, quando a gente fala em ser mãe ou pai, a gente está falando em fazer escolhas. Isso mesmo: escolhas! Se você tem coisa demais no seu dia a dia, vai ter que aprender a reorganizar essa rotina para inserir o item “filho” nela. Se existem demandas demais no seu dia a dia atual, a questão crucial é questionar se todas essas atividades são necessárias. É saber diferenciar o essencial do supérfluo. O urgente do fundamental. Se for o caso, questione se você – e, se for o caso, o pais da criança também – pode trabalhar menos enquanto os filhos são pequenos. Dá para os pais revezarem o tempo com os filhos?
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Psicólogos lembram que é importante dar todas as condições emocionais para que a criança possa lidar, lá na frente, com os embates da vida. Viu o poder da sua presença e do tempo com seu filho ? De sentar no chão, de dar carinho, de brincar, de dar atenção? Então, se organize, não se preocupe com a “quantidade de tempo”, mas comece a perceber a qualidade do tempo que estão junto. Sim, e deixa esse celular de lado e vai curtir esse filhote!