O vaginismo é uma das causas mais recorrentes das dificuldades na hora sexo . As mulheres afetadas por esta condição costumam ter contrações involuntárias nos músculos do assoalho pélvico, dificultando ou impossibilitando a penetração. Estima-se que 5% da população feminina pode ser afetada com o problema.
Para compreender melhor o cotidiano de quem sofre com o vaginismo o iG Delas conversou com duas mulheres. Elas que contam como descobriram e convivem com o problema. Veja os depoimentos a seguir.
“Evito relacionamentos por medo de transar”
Claudia descobriu que tinha vaginismo aos 21 anos. Depois de comentar as dores que sentia durante a relação com uma colega- que era afetada pelo mesmo problema - ela decidiu marcar uma consulta ginecológica, onde recebeu o diagnóstico.
“Me senti frustrada, achei que eu tinha porque coloquei na minha cabeça que tinha e que das próximas iria só relaxar mas mesmo assim as dores continuaram. Eu achava que eu que tinha colocado esse medo na minha cabeça”, relata.
Depois que descobriu que tinha vaginismo, Claudia se fechou completamente, não apenas para as relações sexuais, mas também para as afetivas, por medo de ser julgada. “Eu comecei a ter vergonha depois que tentei conversa com um amigo meu e ele achar que era IST. Aí eu fico pensando que vou assustar a pessoa se falar. Nem com psicólogo que passava eu conseguia comentar, elas achavam que era só relaxar”, acrescenta.
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Cláudia só teve dois relacionamentos depois após o diagnóstico. Contudo, ela diz que continuou sentindo dores fortes durante a relação, a ponto de a chorar e ter que parar. “Das vezes que transei não fiz nada, tentei aguentar a dor pra ver se melhorava, até não aguentar mais e parar. Já terminei o namoro com alguém que amava pois tinha medo de transar, doer e acontecer algo como ele não entender”, desabafa.
O medo de transar era tanto, que Cláudua decidiu terminar o namoro, mesmo gostando do namorado, há três anos atrás. Depois disso, ela nunca mais se relacionou. “Eu terminei sem falar nada, só disse que não queria mais, tinha vergonha de contar. Eu tentei puxar assunto ano passado, mas travei na hora de explicar”, diz.
Claudia diz que procurou tratamento psicológico, mas nada adiantava. Até que há mais ou menos quatro semanas, ela encontrou uma ginecologista que entendia o problema e está tentando ajudá-la. “Passei numa ginecologista que me entendeu e me mandou procurar um psicólogo especialista em sexologia e me passou guia para fisioterapia pélvica, comecei a uma semana então ainda não sei dizer se ajuda, mas espero que sim”.
Sexo não é só penetração
A advogada Ana Paula*, 25, passava pelos mesmos problemas que Claudia. Ela descobriu que tinha vaginismo aos 15 anos, quando teve a primeira relação sexual e sentiu muita dor na penetração.
“Fui procurar na internet sobre e achei alguns artigos e me senti contemplada. Falei com a minha ginecologista e ela me encaminhou a uma especialista, que me diagnosticou oficialmente. Me senti feliz por saber que não estava doida e tinha uma explicação lógica e física pras minhas dores”, diz.
Ana Paula diz que começou a fazer tratamento com uma ginecologista especializada em fisioterapia pélvica, mas precisou parar por conta do custo, o que fez com que ela adaptasse sua vida sexual à essa condição. “Os momentos que consigo fazer penetração sem dor são raros. Sei que vai doer e evito".
Entretanto, mesmo considerando ter vaginismo algo, mas por outro lado, a advogada considera que esta condição a ajudou a abrir outras possibilidades no sexo que a maioria das pessoas não explora. Ela se considera ainda muito sortuda que todos os parceiros sexuais entenderem o problema e por não ter tido experiências ruins.
“Por eu fazer sexo com penetração com pouca frequência, meu parceiro e eu tivemos que nos ‘aprimorar’ em outras áreas. Eu dou a dica de usar muito lubrificante, gozar pelo menos uma vez antes de partir pra penetração, muita calma e paciência sua e do seu parceiro”, recomenda.