Sentir dor durante a relação sexual  é algo que acontece puramente por causas físicas, certo? Não é bem assim. Antigamente, o vaginismo – disfunção sexual feminina que causa o mau funcionamento da musculatura da vagina – era visto exclusivamente como consequência de algum tipo de abuso sexual. 

Vaginismo impede a penetração e faz com que relações sexuais sejam impossíveis para mulheres que têm o problema
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Vaginismo impede a penetração e faz com que relações sexuais sejam impossíveis para mulheres que têm o problema

O vaginismo é uma das causas mais recorrentes das dificuldades que algumas mulheres enfrentam na hora do sexo. As pessoas afetadas pela condição têm contrações involuntárias nos músculos do assoalho pélvico que impedem a penetração e, por isso, não conseguem ter relações sexuais. "Às vezes ela tem uma penetração muito parcial, só da ponta do pênis", explica Débora Padua, educadora sexual e especialista no tratamento da disfunção. 

De acordo com Débora, cerca de 5% da população feminina pode ser afetada por ela e há muitos outros fatores além de violência sexual que podem desencadeá-la.

Causas

Segundo a educadora sexual, fatores físicos podem, sim, ajudar no surgimento da disfunção. Há casos em que a mulher contrai algum tipo de infecção vaginal (como a candidíase) e acaba sentindo dores durante o sexo enquanto está com a doença. A partir daí, pode desenvolver o problema.

No entanto, ela afirma que a maioria dos casos possui um fundo psicológico, já que o relaxamento dos músculos vaginais está diretamente ligado ao emocional da mulher. Sendo assim, medo de fazer sexo pela primeira vez, traumas relacionados a exames ginecológicos dolorosos ou algum tipo de abuso sexual podem fazer com que a disfunção se desenvolva. “Às vezes, a mulher pode associar a penetração à dor e entrar em pânico”, explica Débora.

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Da descoberta ao tratamento

Apesar de haver estimativas, Débora conta que o número de mulheres com a disfunção não pode ser medido com exatidão pois muitas delas nem chegam ao consultório. De acordo com ela, algumas portadoras do problema sentem aversão ao toque e acabam nem realizando exames ginecológicos, podendo ter a própria saúde prejudicada.

“Conheço casos de mulheres que estão há quase 15, 20 anos tentando perder a virgindade . Já tentaram trocar de parceiro e tudo mais, mas não conseguem, e, muitas vezes, só buscam ajuda quando querem engravidar”, explica Débora. De acordo com ela, algumas mulheres chegam a engravidar mesmo com a penetração parcial e, já que a dilatação da vagina na hora do parto é momentânea, só começam a tratar o problema após terem o filho.

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Fisioterapia ginecológica é uma das formas de se tratar a condição

Mesmo sendo algo relativamente frequente (a clínica de Débora atende cerca de 300 pacientes ao mês), a especialista explica que o vaginismo confunde os médicos e alerta para a falta de cuidado que ginecologistas, em geral, têm com a condição.

“Muitas vezes médicos dizem que elas só precisam relaxar, que precisam de um vinho”, conta. De acordo com ela, os músculos pélvicos de quem sofre com o problema não “conhecem” o relaxamento e precisam ser induzidos a isso.

Débora explica que a principal forma de tratar a disfunção é com fisioterapia, mas, antes, é preciso que seja feita uma avaliação na paciente. Nela, é definido se o processo deverá ser acompanhado de auxílio psicológico já que, segundo a especialista, muitas portadoras do problema sofrem com uma autoestima extremamente baixa e, muitas vezes, são depressivas. “Elas não se sentem normais”, completa ela. 

Depois de avaliar o nível das alterações que a mulher tem no canal vaginal , o tratamento começa. Nele, podem ser realizadas massagens para tirar a tensão dos músculos vaginais e “ensiná-los” a relaxar. Há também a utilização de eletroestimulação – que tem efeito analgésico –, e de dilatadores vaginais.

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“Os médicos deveriam dar um pouco mais de confiança a essas mulheres, mas muitos dizem que vaginismo é frescura. É importante as mulheres saberem que ele tem, sim, tratamento”, afirma Débora. Ela enfatiza ainda que não há idade certa para tratar o problema: "Há pouco tempo, dei alta para uma paciente de 60 anos".

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