Admita: você sente ciúme. Seja com seu namorado, com seus amigos, com sua família ou até com suas coisas, você já experimentou esse sentimento pelo menos uma vez e é bem provável que não tenha se sentido confortável com ele. O que é - pasme! - absolutamente normal.
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Como explica a orientadora emocional Camilla Couto, esse é um sentimento como outro qualquer e, portanto, inerente a todos. “Pode-se dizer que sentir ciúme é particularmente desconfortável, sofrido e, às vezes, até assustador. Mas, é normal e não precisa ser temido ou odiado”, assegura.
O que não pode acontecer é deixar com que essa sensação tome proporções maiores e fuja do controle. Afinal, quando a intensidade é maior do que se pode controlar, a ponto de alterar o estado emocional, a razão e a maneira de pensar e agir, é fácil perder a cabeça e tomar atitudes que vão causar sofrimento e até arrependimento.
Quando isso acontece, a tendência é que a vida fique muito mais complicada, sofrida e solitária. “Sem perceber, nos tornamos pessoas chatas, neuróticas e sufocantes. Muitas vezes, perdemos quem tanto amamos, sem perceber que, antes, já havíamos nos perdido de nós mesmos”, alerta a orientadora emocional.
Pensando nisso, Camilla criou o “Ciúmetro”, um teste para você saber o quanto esse sentimento pode afetar sua vida e seus relacionamentos. Ficou curiosa para saber em que nível do termômetro você se encaixa? É só clicar em “Vamos começar” para descobrir.
Bem, agora que você já sabe qual é o nível de seu ciúme, que tal aprender a lidar melhor com esse sentimento tão temido? “Caso optemos por não procurar ajuda e soluções para lidar com isso, seja por vergonha, medo ou preconceito, o ciúme pode tomar proporções enormes dentro da gente e prejudicar a sanidade e nossa vida como um todo”, alerta Camilla.
Mas será que a culpa é minha?
Para a orientadora emocional, que também é autora do e-book “Ciúme, 5 dicas para se livrar desse mal”, e mediadora do grupo de apoio “Clube da Ciumenta”, a pessoa extremamente ciumenta demonstra insegurança, baixa autoestima, falta de amor-próprio e, principalmente, falta de confiança em si e no outro. “Ou seja, o ciúme tem muito mais a ver com a própria pessoa do que com o comportamento do outro propriamente dito”, explica.
A boa notícia é que, sendo assim, é muito mais fácil trabalhar esse sentimento e torná-lo mais simples de lidar, já que depende só de você.
Mas, para quem diz que “tem razões para sentir ciúme”, seja por causa de uma traição ou outra mentira, Camilla sugere que haja uma reflexão sobre duas atitudes fundamentais na hora de se relacionar socialmente: escolhas e limites.
“A escolha de estar ao lado de alguém que tem determinado tipo de comportamento que nos provoca ciúme é nossa. E o fato de amar alguém não quer dizer que devemos tolerar todo e qualquer tipo de comportamento da parte do outro. Amar-se também é imprescindível num relacionamento, e quem se ama, coloca limites”, pondera.
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“Quem ama sente ciúme”?
A clássica frase “quem ama sente ciúme” faz com que esse sentimento seja visto com uma falsa naturalidade, como se fosse uma demonstração de amor. Mas não é bem assim.
“Um dos maiores mito sobre o ciúme é exatamente esse: de que quem ama, sente. A verdade é o ciúme não é, de forma alguma, prova de amor. É apenas um sinal de que estamos nos sentindo inseguros, de que a nossa autoestima não anda bem e que há falta de confiança em si e no outro”, adverte.
Camilla completa afirmando que não há relação que sobreviva sem confiança mútua. O ciúme no relacionamento , em níveis mais intensos, só atrapalha a relação e traz muito sofrimento, tanto para quem o sente quanto para quem é o alvo.
“Nesses casos, o ciúme pode, inclusive, destruir o relacionamento, pois o alvo sente o peso da desconfiança, da marcação cerrada e pode se sentir sufocado.”
Ciúme pode ser saudável?
Talvez agora você esteja se perguntando como parar de sentir ciúme , mas essa não deve ser uma questão, e, sim, como lidar com isso de uma maneira mais fácil, afinal, não dá para ser imune a esse sentimento.
“Alguém que tenha uma boa autoestima, se sinta seguro de si, se ame e tenha um bom nível de autoconfiança, certamente sente ciúme com menos frequência e menos intensidade. E a melhor maneira de conquistar tudo isso é investindo em autoconhecimento”, fala Camilla.
Segundo ela, quando uma pessoa realmente se conhece, seu amor-próprio e sua autoestima se fortalecem. Logo, ela se sente mais segura e capaz de se valorizar.
Mas, ainda assim, o ser humano não é estável – e os momentos mais vulneráveis são mais propícios para o ciúme aparecer. É por isso é preciso aprender a lidar com o sentimento.
“Não devemos acreditar o tempo todo no que a nossa mente diz, pois ela mente. Quando o ciúme bater, o segredo é focar exatamente no aqui e agora. Não devemos nos basear no passado para tentar imaginar o que talvez possa estar acontecendo no momento presente ou para prever o futuro.”
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Criar cenários mentais imaginários podem nos machucar e fazer sofrer, afirma a orientadora emocional. “Quando nossos pensamentos estão no passado ou no futuro, não estão no momento presente. Temos que nos manter centradas, focando exatamente no que está acontecendo no momento, diante dos nossos olhos. O que não está acontecendo diante de nós, pode ser fruto da nossa mente”, conclui.