Não há como negar o sucesso que foi a primeira temporada de “Verdades Secretas”, em 2015. A novela de Walcyr Carrasco foi aclamada pelo público e venceu o Emmy de “Melhor Telenovela”. Por muito tempo, fãs do enredo pediram para que o autor desse a Angel (Camila Queiroz) uma nova história. O pedido foi atendido e em outubro de 2021, a segunda temporada chegou causando na internet.
Para saber o que realmente acontece na vida das acompanhantes de luxo, conversamos com Babi Barelli, 28, que trabalha como garota de programa.
A história de Babi e de “Verdades Secretas” é cruzada! A acompanhante conta que antes, trabalhava como auxiliar administrativa em uma empresa e que a novela teve muita influência na decisão da troca de profissão. “Eu decidi entrar na profissão por causa da novela, eu não estava satisfeita com o meu trabalho. Eu não gostava do que eu fazia, estava sendo muito difícil e eu pensava em pedir demissão. Foi na época que a novela começou e a crise do país também", conta.
Barelli diz que sempre fugia para chorar no banheiro durante o expediente e que, na verdade, o que gostava era de conversar e interagir com as pessoas. Quando a novela começou, a acompanhante decidiu procurar mais sobre a profissão e avaliou a possibilidade: "Eu vi que não seria possível ganhar aquilo que a novela estava dizendo, aquilo é uma mentira. Não é fácil conseguir se infiltrar nesse meio e conseguir clientes daquele nível", diz.
Não é fácil entrar no meio e o dinheiro alto não vem rápido
Há quem diga que “se quer vida fácil, vá fazer programa”, mas de fácil a profissão não tem nada! O primeiro ponto a ser desmistificado por Barelli é o conceito de que fazer programa é algo tranquilo. Na verdade, a acompanhante conta que para quem começa, especialmente sem a ajuda das agências, leva um certo tempo até conseguir bons clientes.
"Acho que a novela mente bastante, ela mostra que é ‘o contato do contato’, e a realidade não é assim. Dão glamour, mas não é a realidade da maioria das meninas. Aquilo que acontece (o book rosa) é um aparte das modelos que fazem um extra. Não vivem disso. Aquilo ali é uma sorte que alguma modelete vai ter trabalhando em uma agência de moda e que tem esse plus do Book Rosa, que ela só vai saber quando já tiver lá no meio, já trabalhando há um bom tempo como modelo", conta.
Em contraponto, Barelli conta que com o tempo as acompanhantes conseguem se manter apenas com o dinheiro dos programas. "Chega a ser piada. Se a menina começar a fazer programa agora, ela pode trabalhar só uma semana por mês e não trabalhar o resto (comparado ao salário que se ganha em uma empresa normal). Eu conheço muitas mulheres com profissões famosas nos seus ramos e que optaram por fazer programa".
A relação com os clientes
Assim como em toda área, existem clientes e clientes. Nem toda pessoa que contratar o serviço vai ser simpática, acolhedora, legal ou querer bater um papo. Às vezes, pode acontecer do cliente só estar ali pelo programa. Mas alguns casos realmente rendem uma amizade e também uma relação com a acompanhante.
“Sobre os clientes quererem manter uma relação mais firme, depende muito do cliente. Tem clientes que gostam de variar e variar tudo (de modelos), para não se apegar, não se apaixonar... Tem outros que não gosta de trocar, que gosta de sair mesma menina porque já conhece, tem um vínculo, uma amizade. E também a chance de dar errado é menor, porque tem muitos golpes nesse meio. É ‘metade, metade’”, afirma.
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A história de Angel (Camila Queiroz) com Alex (Rodrigo Lombardi) na primeira temporada não é impossível de acontecer na vida real. Um exemplo de casais que se apaixonaram durante um programa é o de Raquel Pacheco, também conhecida como Bruna Surfistinha, e seu ex-marido, João Moraes
. Barelli também diz que essas situações de se relacionar mais profundamente são 'clássicas' de jogadores de futebol. "Estão sempre procurando pelos nossos serviços. Já atendi vários jogadores de futebol famosos."
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Querem acompanhantes, mas que não pareçam acompanhantes
“Esses altos executivos procuram e uma coisa mais discreta, menina que não tem site. Eles querem coisa diferenciada, ter a sensação de que não estão saindo como acompanhante. Mas isso é em agências de moda”, conta.
Buscar por mulheres "menos profissionais" também acontece bastante. Barelli cita, inclusive, os sites de sugar babbys e sugar daddys, uma relação de troca. A acompanhante conta que muitas mulheres do meio também optam por receber os pagamentos em presentes, celular, faculdade…
"Muitos homens entram nesses perfis para pegar meninas menos profissionais. Eles querem a ilusão, né? De levar a menina na porta da casa dela, de saber o nome verdadeiro, de levar ela para jantar. Vai pro motel, mas não é cronometrado. Isso está ganhando muita força", ressalta.
Menores de idade
Nas duas temporadas da novela acontecem núcleos onde menores de idade se envolvem com a prostituição — como é o caso da própria Angel. No caso das modelos, que em muitas vezes começam suas carreiras ainda adolescentes, essas propostas podem sim aparecer.
"Às vezes, meninas que já estão na profissão já há um bom tempo e conhece uma menina que é 'de menor' e está passando por dificuldades financeiras. Nisso eu já ouvi falar bastante, porque eu conheço amigas minhas que começaram quando ainda eram menor de idade e assim foi indo", conta. Na visão de Barelli, essas menores de idade acabam buscando esses trabalhos por fora de agências, porque as empresas têm medo de denúncias.
Curiosidades da vida de acompanhante
A novela mostra uma pressão em cima do Book Rosa e na opinião de Barelli, as modelos que topam fazer os programas recebem mais atenção. "Acredito que quem faz vira queridinha. Com certeza. Porque elas vão afetar tudo — em questão de desfiles e clientes — e as outras vão começar a ser deixadas de lado. Acho que se alguém não aceitar, ela não perde o emprego, só não vai ser mais a preferência”, conta.
Além disso, algo que também acontece na novela é vermos, como na primeira temporada, o pai contratando uma acompanhante para o filho. Isso também é real. "Tem clientes que procura sim acompanhantes para tirar a virgindade filho, porque acha que o filho está demorando muito para perder. Além de dar dicas para o menino, sobrinho, afilhado... Às vezes eles, inclusive, levam até o local do atendimento”.
Outro fato interessante contado pela acompanhante é que algumas ex-BBBs também fazem programa, mas que é tudo no sigilo! “Tudo muito secreto. Tem agências, inclusive, que tem contato de meninas que foram pro Big Brother, mulheres famosas, às vezes que tu nem imagina que faz programa e faz programa. São caixinhas bem altas, né? Dez mil a hora por aí”, diz.