Transtorno na gestação, pouco conhecido, pode aumentar riscos para o bebê. Saiba os sinais
A depressão pós-parto já é fenômeno conhecido – e temido – pelo sexo feminino. Os médicos agora estão empenhados em disseminar que a doença pode afetar as mulheres ainda na gravidez.
Os pesquisadores avaliaram 99 estudos internacionais e detalharam as conclusões de 10 publicações consideradas mais completas, envolvendo mais de 200 mil gestantes no total. Dos 10 estudos, sete concluíram que a depressão gestacional – presente entre 7% e 15% das futuras mães – tem relação direta com o baixo peso ao nascer.
O índice de grávidas depressivas é semelhante ao dos casos diagnosticados no pós parto (entre 10 e 20%) segundo levantamento feito por 15 anos pela Sociedade de Pediatria do Canadá. O consenso dos especialistas é que a manifestação dos sintomas durante a gestação precisa ser mais investigada e frequentar mais as consultas de pré-natal.
Multifatorial
“É sabido que as depressões que acontecem na gravidez, quando não tratadas, evoluem para as depressões pós-parto”, afirma o psiquiatra Joel Rennó Júnior, diretor do programa de saúde mental da mulher (Pró-mulher), do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo. Os gatilhos para os transtornos são muitos. Podem ser físicos, como diabetes, doenças na tireóide, ou psicológicos, oriundos de dificuldades para engravidar ou de abortos anteriores.
Reação em cadeia
As falhas em não identificar a depressão na gravidez e suas causas provocam uma reação em cadeia, problema que pode ser mensurado por duas pesquisas recentes.
Uma delas, feita pelo Departamento de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, mostra que as grávidas que desenvolvem diabetes têm risco duas vezes maior de ficarem depressivas na gestação. Justamente o diabetes gestacional foi apontado por um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz, em parceria com o Ministério da Saúde, como um dos grandes responsáveis pelo aumento de 100% nos casos de mortes de bebês provocadas por doenças das mães. Se tratados de forma simultânea, a depressão e o diabetes não fariam parte do prontuário destas pacientes.
Esta última análise científica já evidencia deficiências muito sérias no atendimento de gestantes e, neste caso, os problemas aparecem mesmo após a supervisão do médico. Ao mesmo tempo em que o Ministério da Saúde mostrou uma ampliação de 122% das mulheres atendidas no pré-natal a outra curva de dados mostra uma alta de crianças que morreram antes de completar um ano, por causa de doenças não tratadas da mãe, sendo as principais o diabetes, a pressão alta e a eclampsia.
Coisa de grávida
Um dos alertas do médico Rennó Júnior é: durante os nove meses que espera a chegada do bebê, a maior parte das sensações da mulher é creditada à transformações hormonais e corporais caracterizadas do período. “Isso nem sempre é verdade. A família precisa estar atenta e quando acreditar que algo não vai bem, procurar ajuda especializada.”
Os sintomas da depressão na gravidez
- Crises de choro longas e contínuas sem motivo
- Desânimo excessivo
- Cansaço frequente
- Falta de apetite ou compulsão alimentar
- Insônia ou vontade de dormir o tempo todo