Identificação tardia de hipertensão pode trazer riscos à saúde da mulher
Unsplash/Giulia Bertelli
Identificação tardia de hipertensão pode trazer riscos à saúde da mulher





A Sociedade Europeia de Cardiologia emitiu documento que afirma que cardiologistas e ginecologistas precisam trabalhar juntos para detectar a hipertensão em mulheres de meia idade. Isso porque, de acordo com estudo do European Heart Journal, os sintomas da pressão alta podem ser confundidos com os da menopausa e adiar o diagnóstico.

A pesquisa afirma que a hipertensão é mais tratada em homens do que nas mulheres, o que as coloca em risco. Com o diagnóstico incorreto, as mulheres ficam mais vulneráveis a derrames, insuficiência cardíaca e fibrilação atrial.

“A pressão alta nas mulheres é, muitas vezes, erroneamente rotulada como 'estresse' ou 'sintomas da menopausa''', explica a ginecologista Eloisa Pinho, da Clínica GRU. Segundo a médica, até 50% das pacientes desenvolvem pressão alta antes dos 60 anos, mas alguns sintomas como afrontamento e palpitações são relacionados à menopausa.

O cardiologista Juliano Burckhardt, da American Heart Association, aponta que o envelhecimento do corpo age no sistema cardiovascular, causando endurecimento de artérias e vasos sanguíneos. “Isso faz com que o coração tenha que se esforçar mais para conseguir bombear sangue por essas estruturas. Como resultado, há um aumento no risco de problemas como hipertensão e insuficiência cardíaca”, diz.

Pinho explica que existem alguns grupos de alto risco cardiovascular. Portadoras de inflamações autoimunes (como lúpus e artrite reumatóide), pré-eclâmpsia e hipertensão durante a gravidez e  menopausa precoce são alguns deles.

A hipertensão durante a gestação é um sinal de que aquela paciente pode desenvolver hipertensão no início da menopausa. “Se a pressão arterial não for tratada quando as mulheres estiverem na casa dos 40 ou 50 anos, elas terão problemas aos 70, quando a hipertensão é mais difícil de tratar", afirma a médica.

Segundo o documento assinado pela Sociedade Europeia de Cardiologia, é preciso realizar um gerenciamento de saúde cardíaca durante a menopausa, após complicações na gravidez e em casos de câncer de mama e síndrome do ovário policístico (SOP).

Burckhardt explica que dietas saudáveis e atividades físicas são pontos ideais para tratar da saúde de mulheres na menopausa ou portadoras de SOP. Além disso, é importante evitar o consumo de sal, açúcar e gorduras saturadas em excesso que podem levar a câncer, hipertensão, diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares.

É comum que muitas pacientes realizem tratamento hormonal para amenizar sintomas como ondas de calor e suores noturnos. No entanto, Pinho explica que é importante realizar uma avaliação cardiovascular prévia. “A terapia não é recomendada em mulheres com alto risco cardiovascular ou após um acidente vascular cerebral, ataque cardíaco ou coágulo sanguíneo”, afirma.

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