Os trajes de pele estão de volta à moda feminina. Não se trata, é claro, de peles naturais, que no passado vestiram atrizes elegantes como Marilyn Monroe e Elisabeth Taylor, além de mulheres ricas e famosas – isso, acertadamente, foi proibido, porque animais não existem para serem mortos e virarem roupas.
O “ animal print ”, que retorna agora, é formado por peles artificiais, e também já tiveram o seu momento de glória tempos atrás. Mas, no campo da moda e do estilo, o vaivém é constante, e tal movimento pendular vale dos penteados aos sapatos. Com as peles artificiais não é diferente.
“A moda não é cíclica. O tempo nunca volta da mesma forma. Quando uma tendência retorna , a sociedade está transformada”, diz João Braga, professor e autor de livros na área de história de moda.
A sustentabilidade está em alta, assim como a conscientização da inclusão das minorias. Por isso, as estampas
se popularizaram totalmente, e de diferentes bichos.
Basta circular pelas festas da alta sociedade, acessar os perfis das celebridades nas redes sociais ou até mesmo andar pelas ruas de bairro para perceber que ninguém ficou de fora dessa nova onda.
Recentemente, a atriz Juliana Paes apostou na tendência: em uma ocasião usou um vestido de estampa de onça em diferentes padrões e tecidos, e em outra uma bota estilo “over the knee”, com estampa de cobra python.
Várias famosas fizeram o mesmo, como a cantora Rihanna, que apostou no vestido do estilista francês Alexandre Wauthier – todo em babados com estampas de onça, combinando com uma clutch, a pequena bolsa que cabe na mão, na mesma proposta.
Você viu?
O prenúncio da invasão selvagem já havia sido dado nas passarelas da Semana de Moda de Milão (MFW) de inverno 2019/2020. Estampas de onça dominaram os desfiles femininos e masculinos de marcas como Versace, Ermanno Scervino, Bottega Veneta e Roberto Cavalli, que apresentaram casacos com o padrão, alguns até em tons de azul.
Desenhos de zebra e cobra também estiveram presentes em roupas, sapatos e bolsas, em alguns casos com uma interessante mescla com outras estampas, como de flores.
A New York Fashion Week reforçou essa pegada para o inverno 2019. Marcas como Marc Jacobs e Kate Spade apostaram em recriações realistas das peles, mas também em irreverentes misturas, como estampas selvagens em candy colors pink, amarelo e lavanda.
Um ponto ficou bem claro nesses grandes eventos: pele de animal, só artificial. Matar para vestir saiu de moda, e prova disso é a recente decisão da marca italiana Prada. Ela anunciou em maio sua renúncia às peles verdadeiras para a próxima coleção feminina primavera/verão 2020.
A decisão foi comemorada pelas entidades de proteção animal, como a Fur Free Alliance (FFA), que representa 50 organizações dessa causa em todo o mundo. O novo posicionamento vem na sequência de outras grifes, que também aderiram ao movimento “no fur” (sem pele), como Ralph Lauren, Maison Margiela, Gucci e Michael Kors.
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Ativistas antipele
A mudança de discurso das empresas de luxo é uma conquista dos ativistas antipele. A militância de organizações como o People for the Ethical Treatment of Animals (PeTA), que defende o direito dos animais por meio de campanhas com modelos seminuas, conseguiu convencer a sociedade e indústria a não matarem os bichos para as confecções.
Agora, a geração jovem e, portanto, de novos consumidores, vem para reforçar essa disposição. A nova moda é uma resposta da indústria a essa demanda e reflete bem os tempos atuais: composta por amantes da natureza que querem vestir sua beleza, desde que isso não implique em destruí-la ainda mais.