8 atitudes para ser um bom pai

Respeitar e reconhecer as necessidades das crianças e exigir seu espaço na vida delas são alguns dos desafios da paternidade

O passar do tempo – e o movimento feminista iniciado na década de 1970 – trouxeram algumas mudanças no papel do pai. Os brasileiros que seguem o modelo dos “pais suecos” , por exemplo, provam que a criação dos filhos só pela mãe já não é mais absoluta. Mas, assim como a maternidade, a paternidade também tem suas características de adequação. (Veja, ao final da página, 26 atitudes que aproximam pais e filhos)

Foto: Thinkstock/Getty Images
O toque entre pai e filho reforça a presença e é essencial para o desenvolvimento da criança





“Ainda temos resquícios de uma educação que nos ensinou que a responsável pelos filhos é a mãe”, diz a terapeuta familiar Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp). Mas, aos poucos, eles começam a deixar o papel de provedor exclusivo para serem participantes ativos na vida das crianças. “O termômetro é a reunião de pais e mestres nas escolas. Já existe uma participação muito maior dos pais hoje em dia.”

A educadora Cris Poli , também conhecida como a “Supernanny” brasileira e autora do livro “Pais Responsáveis Educam Juntos” (Mundo Cristão), concorda com a importância da participação dos pais na vida das crianças. Ela ressalta que, assim como não existe uma mãe ideal, tampouco existe um modelo de pai. Mas algumas dicas podem ajudar.

1. Participe ativamente – e com frequência
Participar só quando chega o boletim da escola não vale: é preciso se aproximar do cotidiano da criança. “O pai deve participar como quem vai dar o limite, quem vai estimular e elogiar, quem vai acompanhar a criança”, diz Quézia Bombonatto. Segundo ela, cinco minutos por dia já podem ser muito importantes para o desenvolvimento da relação de ambos. Mas não adianta pegar apenas um dia do mês e, de alguma forma, tentar “tirar o atraso”. A proximidade se constrói aos poucos e é importante para a criança sentir que pode confiar no pai e que está sendo valorizada. “É preciso, por exemplo, acompanhar o que está acontecendo na escola, e não somente perguntar quais notas ela tirou”. Transformar estes momentos em significado para a criança já é um bom começo.

2. Não confunda atenção afetiva com atenção material
Ao testemunhar um mau comportamento dos filhos, muitos pais se queixam dizendo “Mas não está faltando nada para ele”. Não está faltando nada mesmo? Carinho não pode ser trocado por presentes. “A presença é muito importante”, diz Quézia. Se envolver com os filhos não se resume a levar um chocolate no final do dia, ao voltar do trabalho.

Leia também:
Carinho dos pais beneficia a alma e o cérebro de crianças e adolescentes
Ensaios em família registram cotidiano de pais e filhos
25 filmes para ver com as crianças

3. Seja carinhoso
Muitos pais confundem masculinidade com falta de afeto e evitam beijar e abraçar a criança. Essa falta não pode ser excessiva: o pai pode e deve mostrar o amor que sente pelo filho. Segundo Cris Poli, é preciso haver uma interação física com a criança também durante as brincadeiras. Às vezes o pai prefere não brincar de boneca com as filhas, por exemplo, por ficar constrangido, mas é preciso se adaptar. E fazer brincadeiras com interação mais pessoal – ficar somente no computador e no videogame não é uma solução. A criança precisa de afeto.

4. Não seja autoritário, mas tenha autoridade
Muitos homens confundem autoritarismo com masculinidade e se tornam pais que se impõe por meio do berro e da ameaça. Para o psicanalista Rubens de Aguiar Maciel, especialista em desenvolvimento humano e paternidade, os pais devem evitar a imposição de regra pela regra. “É muito prejudicial as crianças serem obrigadas a fazer isso ou aquilo porque o pai mandou, sem que haja alguma explicação maior”, diz. A autoridade fica superficial, pois aquela ordem não faz nenhum sentido para a criança.

Para Cris Poli, pais com perfil autoritário impedem a criança de expressar sentimentos e pensamentos com facilidade, pois ela não se sente respeitada. “Se um pai é autoritário e se impõe pela força e pelo medo, acaba inibindo a criança. Ela pode crescer mais tímida e introvertida, com dificuldade para se expressar”, diz. Limites devem ser construídos – e não impostos.

5. Não seja excessivamente permissivo
Na contramão dos pais autoritários estão os pais permissivos. Embora afetuosos, eles não se dispõem a estabelecer limites para os filhos. E terminam sendo ausentes. Segundo Cris Poli, os pais demasiadamente permissivos deixam de se posicionar e preferem deixar o filho fazer tudo o que quer. “É aquele pai que costuma dizer: ‘vê com a sua mãe’ e nunca toma as decisões”, diz a “Supernanny”.

6. Se posicione como pai
Para Cris Poli, o erro mais recorrente dos pais é não tomar uma postura em relação à educação dos filhos. “A ausência, a falta de posicionamento e de autoridade são uma carência muito forte”, diz ela. Essa regra vale não só para a hora de tomar decisões, mas também para os afazeres miúdos e os cuidados do dia a dia, como o banho, a comida e as brincadeiras. Até porque as modalidades de diversão e aprendizagem da mãe costumam ser diferentes da do pai. “O lúdico é importante e deve vir dos dois”, defende Quézia.

7. Exija seu espaço
De acordo com a psicóloga Camila Guedes Henn, do Núcleo de Infância e Família (NUDIF) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a mãe também deve dar espaço para a entrada do pai na vida dos filhos. “Às vezes elas não acreditam muito na capacidade do pai de cuidar da criança, e é algo que não pode acontecer”, diz. A figura masculina também é importante e deve atuar em colaboração com a mãe, trocando opiniões sem que um desautorize o outro.

8. Seja um bom cidadão
Um bom pai é também um bom marido e um bom cidadão. De acordo com o psicanalista Rubens de Aguiar Maciel, todo o ambiente ao redor da criança influencia na formação dela e a figura do pai também conta. Para os filhos crescerem da melhor maneira possível, portanto, os pais devem ser maduros emocionalmente. “O homem e a mulher precisam saber quais são os próprios valores diante de uma sociedade que muitas vezes os leva a conhecer pouco sobre si mesmos e a serem competitivos e consumistas”, resume ele. “Para ser um bom pai é preciso procurar, antes, ser um bom ser humano”, completa.

>> 26 atitudes que aproximam pais e filhos:

Desde os primeiros meses de vida, os filhos entendem tudo que os pais falam. Converse com o bebê, conte sobre o ambiente à sua volta, sobre o mundo. Foto: Thinkstock
Deixe o bebê, sob a supervisão de pelo menos um adulto, tocar objetos da casa e sempre fale o nome de cada um deles. Foto: Thinkstock
Brinquem de construir objetos com jogos de encaixe de peças. Além de pais e filhos ficarem juntos, a criança desenvolve a coordenação motora. Foto: Thinkstock
Montem um quebra-cabeça com seu filho. Escolha o jogo de acordo com a idade da criança – há opções para todas as faixas etárias. Foto: Thinkstock
Brinque de esconde-esconde com as crianças, dentro de casa ou ao ar livre. Deixe que ela vença de vez em quando, para se sentir confiante. Foto: Thinkstock
Solte bolinhas de sabão com as crianças. Elas adoram! É melhor que seja em lugares abertos, pois o sabão pode deixar o piso da casa escorregadio. Foto: Thinkstock
Independentemente da idade de seu filho, sempre converse com ele olhando nos olhos. Isso mostra atenção e honestidade. Foto: Thinkstock
Desafie os filhos a apostar pequenas corridas em ambientes amplos. Evite fazer isso na sala, por exemplo, para prevenir acidentes com os móveis. Foto: Thinkstock
Comemore pequenas coisas: o novo legume que a criança finalmente resolveu experimentar, um acerto em um jogo. Todo mundo gosta de elogios. Foto: Thinkstock
Se o dia livre estiver bonito, vá a um parque com a família, faça um piquenique. Quebrar a rotina em uma das refeições faz bem de vez em quando. Foto: Thinkstock
Leia um livro com seu filho e peça que ele leia em voz alta alguns trechos – crianças que leem mais escrevem melhor e têm vocabulário mais amplo. Foto: Thinkstock
Desenhe ou pinte com seu filho. Deixe-o livre para escolher cores e o estimule a falar sobre o que está fazendo – muitos sentimentos são revelados assim. Foto: Thinkstock
Estimule os pequenos a tocar flores, folhas e árvores quando estiverem em parques ou jardins. O contato com a natureza desenvolve o respeito por ela. Foto: Thinkstock
Vá para a cozinha em família: faça uma receita no fim de semana com a participação de todos e dê à criança tarefas seguras, longe de facas e do fogo . Foto: Thinkstock
Chame seu filho para ajudar a lavar a louça depois das refeições. Ele pode colocar os itens menos delicados, como panelas, no escorredor. Foto: Thinkstock
Determine um período do dia para acompanhar a lição de casa e ajude apenas quando a criança pedir. Não queira fazer a lição por ela. Foto: Thinkstock
Reserve 15 minutos da noite para conversar sobre o dia que está acabando. Deixe a criança contar o que aconteceu na escola e conte algo seu também. Foto: Thinkstock
Aproveite o tempo dentro do carro para conversar com seus filhos. Cantar uma música de que todos gostem também é um bom passatempo familiar no trânsito. Foto: Thinkstock
Participe de todas as reuniões de pais e mestres da escola e converse com os pais dos amigos de seus filhos sobre a relação deles. Foto: Thinkstock
Mostre álbuns de fotos e conte histórias da família para seu filho, se possível mostrando outros parentes. É importante que ele conheça suas origens. Foto: Thinkstock
Assistam juntos a um filme por semana – pode ser no cinema ou na tv – e troquem ideias sobre a história logo na sequência. Foto: Thinkstock
Deixe o adolescente convidar amigos para passarem a tarde na sua casa. Procure não se intrometer nas conversas: mostre respeito para poder exigir o mesmo. Foto: Thinkstock
Leve a filha adolescente à manicure ou a ensine a fazer as unhas em casa. A vaidade feminina aproxima mãe e filha. Foto: Thinkstock
Pratique um esporte com o filho adolescente. Também podem ser aulas de dança ou de idiomas, desde que seja um interesse comum. Foto: Thinkstock
Faça uma viagem em família. Pode ser um dia em uma cidade próxima ou um mês no exterior – o importante é estarem todos juntos longe de casa. Foto: Thinkstock
Demonstre carinho e amor pelo seu cônjuge perto dos filhos. Eles aprenderão o que é um relacionamento equilibrado e buscarão o mesmo para eles. Foto: Thinkstock

Leia ainda:
Como ensinar seu filho a ser uma "criança-cidadã"
Guia do Bebê: os desafios de cada fase

Link deste artigo: https://delas.ig.com.br/filhos/educacao/8-atitudes-para-ser-um-bom-pai/n1597212541168.html