Não é novidade que crianças e adolescentes tendem a reproduzir comportamentos dos mais velhos. A maquiagem é uma das formas encontradas para emular essas atitudes e, em alguns casos, pode até ser considerada uma atividade lúdica. Mas a prática nas fases de crescimento pode ser prejudicial?
De acordo com o dermatologista Cauê Cedar, o rosto das crianças é composto por uma pele mais fina, que tem menos condições de formar uma barreira contra agentes externos. Por isso, é necessário tomar cuidados em relação aos produtos utilizados.
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— Com frequência, observamos que muitos componentes encontrados na maquiagem podem causar ressecamento, vermelhidão, coceira, irritação. O uso prolongado, principalmente em crianças, pode afetar negativamente a barreira e a estrutura da pele, e aí ela fica mais sensível a outros fatores, como água, sabão, sol e calor — esclarece o profissional.
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Cauê ressalta que, na adolescência, a acne é um fator comum da puberdade. Isso acontece pelo excesso de oleosidade na pele, aliado ao acúmulo de bactéria e à desregulação hormonal. Se, além disso, houver um excesso de produtos utilizados na pele e a remoção incompleta deles, os poros ficam entupidos e a acne pode piorar. É também nessa fase que há um maior estímulo ao uso da maquiagem, e o dermatologista fala sobre a recomendação a partir de certas faixas etárias.
— Existe um consenso entre os profissionais de que não há uma idade certa para começar a maquiagem. Os dermatologistas pediátricos recomendam que não se use maquiagem em crianças, somente a partir da adolescência. Nesse caso, é necessário usar produtos com fator de proteção solar, que vai variar de acordo com o tipo de pele. Também pode ser bom para que os adolescentes aprendam sobre práticas saudáveis de higiene — explica o dermatologista.
Por outro lado, a psicóloga clínica Isabella Turella avalia que o uso de cosméticos desde a infância pode trazer prejuízos para o desenvolvimento de crianças e adolescentes, especialmente na construção da autoimagem.
— Quando a gente fala sobre a definição de autoestima, que está tão ligado à vaidade e à imagem corporal, estamos falando sobre um ideal de beleza que é imposto, principalmente sobre as mulheres e as meninas. Quando uma mulher fica grávida de uma menina, já nasce junto uma fantasia, que passa por como vai se vestir, arrumar o cabelo, pintar as unhas... A busca por esse padrão pode gerar um sentimento de inadequação na criança, o que pode levar a um adulto com baixa autoestima — reflete a psicóloga.