A queda de cabelos é um problema comum entre os adultos, mas também pode acontecer em crianças. O nome dessa condição é alopecia, que significa uma perda anormal dos fios de cabelos ou pelos e é sinônimo de calvície. Por ser menos frequente, o problema pode assustar os pais e mães, mas é importante ressaltar que ele pode ter diferentes origens, já que existem diversos tipos de alopecia.
O médico e tricologista Luciano Barsanti, presidente da Sociedade Brasileira de Tricologia e Diretor Médico do Instituto do Cabelo, explica que, seja no travesseiro, na hora de pentear os cabelos ou até mesmo durante os banhos, a alopecia deixará rastros, por conta da queda considerável de cabelos. “Então, no momento em que isso for notado, é fundamental procurar por um especialista, como um médico e tricologista”, diz.
A queda pode ser causada por outros problemas de saúde e os pais e mães precisam se atentar a isso. Outras mudanças podem ser na textura dos fios, que ficam mais finos, além de áreas sem cabelo.
Possíveis causas de queda de cabelos nas crianças
Desnutrição – Nas crianças, é mais frequente que a alopecia seja desenvolvida por conta de desnutrição, de causas sociais ou até mesmo por erro na alimentação e verminoses. Outra causa são as doenças inflamatórias do tubo digestivo, como a doença de Crohn, provocando diarreias crônicas e consequente perda de nutrientes.
Alopecia Areata – Entre as crianças, também pode ser observada a alopecia areata, conhecida também como pelada. Ela é uma doença autoimune, que se dá quando o paciente produz anticorpos contra o próprio bulbo capilar e caracteriza-se por áreas arredondadas calvas. Não existem dados específicos referentes às crianças porque não é uma condição frequente, e o que se sabe é que a alopecia areata atinge cerca de 2,1% da população, alcançando todas as idades. Essa doença pode progredir e ocorrer uma queda generalizada de todos os pelos do corpo, sendo chamada de alopecia areata universal. A condição muitas vezes é confundida com as micoses de couro cabeludo, como a tinea capitis, muito frequentes em crianças.
Alopecias de tração – Essas condições são identificadas naqueles que ficam com o cabelo muito preso e em constante contato com acessórios como piranhas, tiaras e lacinhos – também são comuns na primeira idade. “Quanto menos presos ficarem os cabelos, melhor”, comenta o médico.
Doenças psiquiátricas – Outro fator que pode levar à queda de cabelo são as doenças psiquiátricas, como a tricotilomania, que consiste no arrancamento dos fios e, eventualmente, em sua ingestão.
Leia Também
Condições raras – Existem ainda as doenças raras de origem genética, como são as hipotricoses congênitas, nas quais a criança nasce sem o bulbo capilar.
Rareamento reversível em bebês – Nos bebês, o lado do apoio da cabeça ao dormir pode provocar um rareamento reversível nos fios de cabelo. Isso, normalmente, após os seis meses de idade, já que primeiros meses de vida pode haver uma troca natural de cabelos nos bebês.
“Sabendo de todas essas possíveis doenças, é importante ficar atento aos fatores como alimentação, tração, contaminação por fungos, infecções em geral e alterações da glândula tireoide”, alerta o médico.
Queda por alisamentos e procedimentos estéticos
Além das doenças citadas anteriormente, Luciano Barsanti diz que cresce a cada dia o número de crianças e adolescentes com queimaduras no couro cabeludo, alergias severas na cabeça, rosto, pescoço e colo e problemas respiratórios causados por produtos de alisamento capilar.
Escovas progressivas – mesmo aquelas sem formol – e alisantes são prejudiciais à saúde das crianças e adolescentes. “Os pais devem entender que o organismo das crianças ainda está em formação e não é tudo o que o adulto usa que se pode adaptar às crianças. Mesmo produtos que se vendem como permitidos para crianças podem causar danos, inclusive permanentes, de queda capilar e doenças no couro cabeludo”, diz ele.
O médico recomenda que aos primeiros sinais de queda de cabelo é importante buscar por um especialista. Assim será possível determinar a causa da queda de cabelo e o tratamento adequado. Como forma de prevenção, ele aconselha usar apenas produtos dermatologicamente testados em crianças, como shampoos, condicionadores e cremes para pentear infantis. “Essas linhas são mais suaves e são hipoalergênicos”, ensina.
Já os procedimentos de alisamento devem ser de uso exclusivo dos adultos, caso eles queiram. “Há produtos tão fortes que destroem até mesmo o couro cabeludo dos adultos. É perigosíssimo usá-los em crianças”.