Uma médica e um policial militar do interior de São Paulo foram condenados a pagar R$ 150 mil de indenização após devolverem um garoto de 11 anos para a adoção. Segundo a BBC Brasil, a Justiça entendeu que a devolução gerou danos psicológicos ao garoto, mas o casal nega as acusações e disse que vai recorrer.
O processo foi movido pelo Ministério Público de São Paulo, que identificou danos psicológicos causados no menino. O MP ainda alegou que o casal tratava o filho adotivo e o biológico de maneiras diferentes.
O casal entrou com o pedido de adoção em 2013 e dois anos depois disso começaram a ter contato com o menino que iriam adotar. Na época, eles disseram que se conectaram imediatamente com o menor de idade e decidiram adotá-lo também pelo fato de o garoto ter uma idade equivalente ao filho biológico deles.
Ainda segundo a BBC, a adoção foi concretizada em junho de 2016 e um ano depois foi desfeita. Em junho de 2017, o policial e a médica devolveram o garoto, justificando que ele tinha um comportamento "rebelde e agressivo". "Chegou à casa com pânico de chuva, dormia mal, com hábitos pouco educados, sem fazer seu asseio pessoal, além de ser descuidado com seus objetos pessoais, desinteressado nas tarefas escolares, com dificuldade para aceitar regras, bem como com hábito de mentir para conseguir seus objetivos e evitar punições", argumentou o casal que também revelou dificuldade em formar vínculos com o filho adotivo.
Na ação também consta que o casal tratava os dois filhos de maneira desigual. Sob a justificativa de punir o comportamento rebelde do menino que foi adotado, eles o tiraram de atividades extracurriculares, como futebol, tênis e natação. Os pais e o filho biológico também fizeram uma viagem para a Disney e deixaram o garoto no Brasil com uma cuidadora.
Inicialmente, os dois filhos estudavam em um colégio bilíngue renomado, mas o adotivo foi transferido para uma escola municipal sem maiores explicações. A mãe, também se utilizou do trabalho como médica e prescreveu medicamentos controlados para o menino, Ritalina e Risperidona, sem a indicação de um psiquiatra.
O casal nega essas acusações e pretende recorrer em instâncias superiores. Eles alegam que tentaram dar a melhor vida possível para o garoto e garantem que a devolução não gerou nenhum dano psicológico. Atualmente o menino vive com uma cuidadora indicada pela Justiça.