Toda vez que Deena Todd, de 31 anos, realizava a amamentação de sua filha, Isla, hoje com cinco anos, ela sentia pavor e ansiedade, sentimentos que a deixavam em lágrimas. Os médicos lhe disseram que era depressão pós-parto, mas ela não estava convencida, pois apenas sentia essas emoções intensas quando estava prestar a amamentar.
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Após uma pesquisa online, Deena descobriu uma condição chamada reflexo disfórico da ejeção do leite (D-MER), que causa tristeza e emoções negativas durante a amamentação . O diagnóstico foi confirmado após ela sentir os mesmos sintomas com a chegada do segundo filho, Koby, de oito meses.
Após a confirmação, a mulher, que vive no Reino Unido, quer conscientizar outras mães sobre a síndrome desconhecida por muitas pessoas em todo o mundo. “Quando seu leite é liberado, seu corpo deve produzir hormônios bons, mas se você tem D-MER, sua dopamina cai, o que causa a disforia”, explica à agência Caters News .
Segundo um estudo publicado no International Breastfeeding Journal , a condição é uma “queda” emocional abrupta que ocorre em algumas mulheres logo antes da liberação do leite e continua por não mais do que alguns minutos. Os sentimentos negativos variam de acordo com a gravidade que afeta cada pessoa.
Deena conta que a primeira vez que sentiu os sintomas foi no hospital quando foi amamentar sua filha pela primeira vez. “Inicialmente, eu senti saudades de casa. Então, um sentimento de pavor surgiu. É difícil de explicar, mas outras mães que conheço descreveram como matar um cachorro da família”, ressalta.
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Depois, ela passou a sentir crises de ansiedade, depressão e saudade toda vez que precisava realizar a amamentação da pequena. “Ficou tão ruim que, quando eu sabia que ia bombear o leite ou amamentar, eu começava a chorar ao saber que esses sentimentos voltariam”, descreve.
"A condição me impediu de ser capaz de me sentir como uma mãe"
Antes, Deena acreditava que todos essas sensações eram normais em uma mulher após dar à luz. “Eu sabia que tinha que cuidar da minha filha, mas também me preocupava que todas essas emoções não fossem embora. D-MER me impediu de ser capaz de me sentir como uma mãe ”, reforça.
“Sem saber que tudo isso tinha nome, cheguei a me arrepender severamente de ter engravidado e demorei para conseguir me conectar com a minha filha. Depois, quando percebi que o que eu sentia era diagnosticável, sabia que iria passar. Foi incrível. Fiquei tão aliviada”, continua.
A descoberta aconteceu em 2013, após o médico ter descartado a depressão pós-parto. Diante dessa situação, passou a buscar informações online e encontrou fórum com outras mulheres que sentiam os sinais após a gestação. Foi então que ela percebeu que o que estava sentindo não tinha relação com suas habilidades como mãe e não era possível controlar.
Hoje, ela está determinada a aumentar a conscientização e encorajar outras mulheres que também sofrem com a D-MER a falar sobre o assunto. “A condição me fez sentir como uma mãe ruim ou que eu não deveria ser uma. O problema com ela é que, como ninguém sabia nada sobre isso, eu pensava que era culpada”, diz.
Os médicos falavam que não havia nada que ela pudesse fazer, mas apenas entender o que está acontecendo e saber que todos os sentimentos ruins iriam parar quando ela deixasse de fornecer a amamentação .
“Quando eu tive meu segundo filho, eu sabia o que estava acontecendo comigo quando o amamentava, o que tornava tudo muito mais fácil. Não estava com medo. Tinha meus próprios mecanismos de enfrentamento”, conta.
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“Nós realmente precisamos de mais médicos que sabem o que é essa condição. Agora, há mães sentadas em casa que sentem que não deveriam ser mães. Nos fóruns, perguntei a todas o que elas queriam saber. Elas disseram que precisamos de exposição para que mais profissionais de saúde possam entender a D-MER”, finaliza.