A Faber-Castell lançou este mês seu mais novo projeto para crianças , o Espaço Faber-Castell de Criatividade e Inovação. Já presente em escolas particulares, em uma escola pública e em um shopping de São Paulo, o objetivo é estimular um aprender criativo .

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Estimular a criatividade nas crianças e não deixar essa capacidade se perder ao longo dos anos é essencial para que esse futuro adulto consiga lidar melhor com os desafios da vida, seja ela pessoa ou até mesmo profissional, ajudando a todos
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Estimular a criatividade nas crianças e não deixar essa capacidade se perder ao longo dos anos é essencial para que esse futuro adulto consiga lidar melhor com os desafios da vida, seja ela pessoa ou até mesmo profissional, ajudando a todos

Com metodologia pensada em parceria com o pesquisador Leo Burd, do Massachusetts Institute of Technology (MIT/Media Lab), o espaço de criatividade funciona da seguinte forma:

  • Primeiro, uma história é contada para um grupo de crianças ou pré-adolescentes, e um problema é apresentado.
  • Na sequência, esse grupo de alunos deve se reunir para pensar em como eles podem resolver esse problema. 
  • A última fase envolve a seleção de materiais e a construção de protótipos das possíveis soluções para o problema em questão. 

Não se trata de uma brincadeira, porém, mas de uma nova de forma de ensinar e aprender. Mas para que tudo isso? Em um teste de criatividade aplicado pela NASA para selecionar engenheiros e cientistas inovadores, foi descoberto que as pessoas perdem consideravelmente a capacidade de serem criativas ao logo dos anos.

Um grupo de crianças de cinco anos foi avaliado pelos pesquisadores, e 98% das meninas e meninos se apresentaram altamente criativas. O mesmo grupo foi avaliado cinco anos depois, e o índice caiu para 30%. Aos 15 anos, o percentual era menor ainda, 12%, chegando a apenas 2% aos 25 anos.

Por que a gente perde a criatividade?

O fato dos adolescentes sentirem a necessidade de serem iguais aos amigos para não serem excluídos dos grupinhos faz com que grande parte da criatividade acabe se perdendo ao longo do tempo, como afirma a psicóloga Lidia Aratangy
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O fato dos adolescentes sentirem a necessidade de serem iguais aos amigos para não serem excluídos dos grupinhos faz com que grande parte da criatividade acabe se perdendo ao longo do tempo, como afirma a psicóloga Lidia Aratangy

Lidia Aratangy, psicóloga e bióloga pela USP (Universidade de São Paulo), onde trabalhou na área de Genética Humana, explica que a vida na infância é como uma página em branco, e a criança não tem nenhuma história ou vivência anterior para ser julgada. Sendo assim, ela não se preocupa com a avaliação que vai ser feita das coisas que produz.

Por outro lado, com o passar do tempo, existe a perda dessa liberdade interior, do “o que eu fizer está bom”. “Depois começa a preocupação para fazer conforme o figurino, uma preocupação em agradar o outro, os pais, os amigos. A pior coisa que pode acontecer é ser excluído do grupo. Cada um dos adolescentes até gostaria de fazer diferente, mas ‘não pode’.”

Para a psicóloga, isso acontece por que ao final da infância a gente descobre a solidão. Ela dá o exemplo de quando uma criança quer se esconder, e para isso apenas coloca as mãos nos olhos, afinal, para ela, se ela não vê o outro, o outro também não a vê. Não existe o conceito de estar sozinha.

“Mas depois você descobre um mundo interno, de lembranças, desejos e sentimentos. Logo depois a gente descobre que esse mundo interno é único, que ninguém tem o mesmo acervo que a gente tem. E esse mundo é incomunicável. Não tem como contar sobre ele para mãe, melhor amiga ou namorado, por exemplo.”

Você viu?

Essa solidão citada por Lidia se expõe para os pais ou responsáveis na forma da tão tradicional frase “Ninguém me entende!” , e a partir disso o adolescente passa a buscar um grupo para fazer parte e não se sentir mais sozinho.

“O ‘Ninguém me entende!’ é sentindo em tom de luto, e á aí que surge a importância do grupo. Esses jovens gostam das mesmas músicas, falam o mesmo idioma, gostam das mesmas roupas, e esse adolescente ‘nunca mais vai estar sozinho’, mas ele também não pode ser diferente.”

Ligia não sabe dizer o quanto de criatividade é perdida nesse processo de “não poder ser diferente”, mas ela afirma que grande parte dessa capacidade é perdida quando a pessoa se fecha para a possibilidade de criar novas coisas e passa a prestar atenção em como vai ser julgada pelo o que vai fazer.

Qual a importância da criatividade?

Trabalhar a criatividade das crianças é importante para que, no futuro, na vida profissional, ela consiga lidar melhor com as pessoas. Especialistas acreditam que, com a tecnologia, é possível afastar mais as pessoas de funções
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Trabalhar a criatividade das crianças é importante para que, no futuro, na vida profissional, ela consiga lidar melhor com as pessoas. Especialistas acreditam que, com a tecnologia, é possível afastar mais as pessoas de funções "robóticas"

A neurocientista Carla Tieppo, que trabalha com desenvolvimento humano e também é consultora empresarial, afirma que, hoje, sua maior demanda nas empresas é sobre como formar líderes capazes de gerir pessoas.

A especialista percebe que, atualmente, há uma grande dificuldade em lidar com pessoas, em ter empatia, trabalhar a colaboração, construção e inovação dentro de um grupo. E para isso é preciso de criatividade, entender os processos do dia a dia além daquilo que é óbvio.

“[Por exemplo] Um jogo é onde a gente é capaz de designar regras e estratégia. Já a brincadeira é muito pautada na imaginação, no que parece ser. A gente olha para nuvem, e isso parece um cachorrinho. O brincar permite ser a pessoa que você deseja ser, se colocar em personagens, é um exercício funcional, de modelagem de comportamento.”

E o estímulo à criatividade não é importante apenas para a vida profissional da criança no futuro. Assim como Carla, Lidia, que também é terapeuta de casais e famílias desde a década de 80, percebeu uma maior dificuldade das pessoas que atende em entender o outro, tratar e ouvir. O aprender criativo, então, surge como uma forma de “desrobotizar” o ser humano.

Espaço de Criatividade e Inovação

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"Espaço Faber-Castell de Criatividade e Inovação" está localizado no shopping Market Place, na zona sul de São Paulo

De acordo com Eduardo Ruschel, diretor de Marketing e Inovação da Faber-Castell, o objetivo do “Espaço de Criatividade e Inovação” é fazer com que a criança aprenda a partir dela mesma, com o professor sendo mediador dessa forma de aprender, gerando um processo de pensamento crítico, troca e construção.

Apesar do foco ser as escolas, a unidade que está localizada no shopping Market Place, zona sul de São Paulo, também irá atender o público em geral aos finais de semana.

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De segunda à sexta, o trabalho é com escolas e alunos de seis a 12 anos, mas, aos sábados e domingos, pais e filhos de seis a 14 anos também vão poder aproveitar o espaço de criatividade com atividades a partir de R$ 40,00 . O horário de funcionamento é das 10h às 22h aos sábados e das 14h às 20h aos domingos e feriados.

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