Quem já engravidou ou conviveu com uma mulher grávida provavelmente já ouviu que, durante a gestação, a mulher fica plena, radiante, com um “brilho especial”, e extremamente feliz por estar gerando uma criança no ventre. Isso, porém, não é um padrão. Por ter lidado com muito mal-estar na gravidez, a atriz Samara Felippo conta que não curtiu nem um pouco estar grávida, e, nesta sexta-feira, usou o Instagram para desabafar sobre. 

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Nesta sexta-feira, a atriz Samara Felippo desabafou sobre mal-estar na gravidez e explicar por que não curtiu a gestação. Apesar do apoio nos comentário do post, muitas mulheres sofrem represálias ao dar declarações do tipo
Reprodução/Instagram: @sfelippo
Nesta sexta-feira, a atriz Samara Felippo desabafou sobre mal-estar na gravidez e explicar por que não curtiu a gestação. Apesar do apoio nos comentário do post, muitas mulheres sofrem represálias ao dar declarações do tipo

Na foto, a atriz aparece sorridente enquanto posa de biquíni expondo o barrigão de uma de suas duas gestações, mas, na legenda, explica que, graças a todo o mal-estar na gravidez , essa felicidade era apenas fachada. “Na foto pareço plena, mas não foi assim. O nome disse é rede social”, afirma Samara, explicando que, durante esse período, foi perturbada por dor ciática, hemorroidas, varizes, enjoo e azia – e ela não é a única.

Conforme explica Flávia Fairbanks, ginecologista e obstetra da clínica FemCare, a gravidez realmente nem sempre é um mar de rosas. Segundo ela, conforme o corpo começa se adaptar ao fato de que está gerando e nutrindo um bebê, a mulher pode experimentar diversas sensações que podem variar de intensidade em diferentes organismos.

“A questão das mulheres em relação ao vômito, ao enjoo na gravidez , por exemplo. Algumas não sentem absolutamente nada, outras ficam um pouquinho enjoadas, vomitando algumas vezes, e algumas desenvolvem um quadro tão severo que necessitam até de internação”, exemplifica Flávia, ressaltando que, apesar de ser um dos sintomas mais comentados e odiados, o enjoo não é, nem de longe, a única possibilidade de mal-estar na gravidez.

Além desse tipo de mal-estar na gravidez, a ginecologista cita ainda dores nas mamas, tontura, inchaço, prisão de ventre, mudanças no padrão alimentar, intolerância a certos tipos de alimentos e fadiga como possíveis sintomas, e reforça que todos eles podem acompanhar a mulher do início ao fim da gestação. A especialista também enfatiza que, assim como o corpo, o emocional da mulher também está sujeito a sofrer alterações. 

“Existem mulheres que sentem uma angústia profunda no momento da gravidez. Perceber que são responsáveis integralmente por tudo de bom e de ruim que pode vir a acontecer com um novo ser acaba gerando angústia, ansiedade e até mesmo um pouco de depressão”, explica, reforçando que tanto os sintomas físicos quanto emocionais se relaciona diretamente com a predisposição que a mulher tem a tais sintomas, ao ambiente e às condições em que ela vive. 

Casos assim são tão comuns que, nos comentários da postagem feita pela atriz, diversas mulheres afirmam ter passado pelo mesmo e explicam por que odiaram tanto os nove meses de gestação. “A única coisa boa é sentir ele mexer, saber que está bem. Mas também não gostei! Vomitei todos os dias até o sexto mês... Azia, dor nas costas, na virilha, sobrepeso, limitação de movimentos...”, relata uma internauta.

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Outras ainda afirmam sentir-se “iludidas” pela visão idealizada que as pessoas costumam disseminar sobre a gravidez. “Me deixei enganar! Acreditei na romantização da gravidez e agora – aos oito meses de uma gravidez gemelar – até espirrar dói. Gerar a vida dos meus bebezinhos me enche de orgulho, mas isso não tem relação com prazer e plenitude”, comenta outra seguidora.

Se o mal-estar na gravidez é tão comum, por que mulheres são criticadas?

Apesar de o mal-estar na gravidez fazer muitas mulheres se sentirem desconfortáveis durante os nove meses de gestação, a ideia romantizada de que elas se 'prepararam a vida toda para esse momento' gera críticas por parte da sociedade
Shutterstock
Apesar de o mal-estar na gravidez fazer muitas mulheres se sentirem desconfortáveis durante os nove meses de gestação, a ideia romantizada de que elas se 'prepararam a vida toda para esse momento' gera críticas por parte da sociedade

Apesar de sincero, o desabafo de Samara vem em tom desafiador. Isso porque, tanto ela quanto outras mulheres que tiveram experiências parecidas durante a gestação costumam ser bastante criticadas quando dizem ter odiado o momento. “É tão difícil falar que você não gostou de ficar grávida. É tabu. É cruel. É insensível”, comenta. Ao final do desabafo, ela diz amar os filhos e afirma: “Se eu não disser isso sou o que? Uma bruxa horrorosa do mal que odeia os filhos”.

As seguidoras que comentaram na postagem concordam com a atriz. “Quando falo que não gosto de lembrar da minha gravidez as pessoas me fuzilam”, comenta uma. Outra ainda conta que chegou a sofrer represálias enquanto ainda estava gestando. “Sempre que eu falava sobre isso, sobre minha insatisfação em estar grávida, recebia exatamente esses julgamentos”, conta.

Mas, afinal, se sentir mal-estar na gravidez não é algo incomum, por que as mulheres que desabafam sobre o assunto são tão reprimidas? Para Flávia, as mulheres estão submetidas a um padrão de beleza e de comportamento que coloca a gravidez em um pedestal como se fosse “o momento para o qual ela se preparou a vida toda”. Segundo ela, quando esse padrão é desafiado por mulheres que não tiveram boas experiências, as críticas aparecem e, muitas vezes, vêm acompanhadas de culpa.

Conforme explica a psicóloga Bianca Berselli, essa culpa pode agravar sentimentos negativos e prejudicar o estado emocional da mulher. Para as que se afligem com essa culpa, a especialista aconselha acompanhamento psicológico, já que, dividindo as angústias com um profissional, a mulher pode evitar que o mal-estar emocional evolua para algo mais sério.

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Flávia concorda que falar sobre faz bem e acredita que a atitude de Samara Felippo em abordar a questão do desconforto e do mal-estar na gravidez de forma sincera é positiva e desejável para lutar contra esse tabu. “Quando uma delas tem coragem de compartilhar que essa experiência não foi tão boa assim, traz alívio para outras tantas que estão passando pelo mesmo sentimento e ainda não conseguiram respaldo social para enfrentar”, conclui.

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