O período é de lazer para as crianças, mas a maioria dos pais tem trabalho redobrado durante as férias escolares . Com os filhos ociosos por mais tempo, vários professores e psicólogos afirmam que o ideal é criar uma programação para os pequenos. A tarefa, porém, não é tão simples quanto parece. Afinal, nem todos têm dinheiro para investir em passeios e atividades diferenciadas.
Para a psicopedagoga Veridiana Toledo, antes de ficarem preocupados à toa, os pais podem conversar com as crianças a fim de programarem o que farão durante as férias escolares . Segundo ela, o diálogo aberto e verdadeiro é valorizado pelos filhos, que gostam quando os pais demonstram que estão preocupados em ouvir o que eles pensam.
Para isso, é preciso que os adultos entendam que as crianças também podem ter ideias interessantes, mas está nas mãos dos pais o papel de impor limites e mostrar o que é possível ou não fazer. “É muito bom trazer a criança para participar dessa programação das férias porque é uma forma de fazê-la criar certa responsabilidade, entendendo que é preciso cumprir o combinado depois”, explica a especialista.
Em seu consultório, Veridiana diz que faz esse planejamento ao lado de pais e filhos e o resultado, na maioria das vezes, é positivo. Para muitos pais, inclusive, a maior preocupação durante as férias escolares é evitar que os filhos fiquem conectados na internet ou em jogos eletrônicos por muito tempo, mas a psicopedagoga afirma que isso já acontece com a maioria durante as aulas, por isso e é preciso ter em mente que os limites devem ser determinados em todos os períodos, e não apenas no recesso.
“A tecnologia está fazendo muitas crianças perderem a coordenação motora, então a dica que dou é sempre trabalhar com atividades motoras. Nas férias, investir em brincadeiras tradicionais e na integração com outras crianças também é uma boa opção”, diz a expert, ao afirmar que o segredo não está em proibir o uso de celulares e outros aparelhos, mas em encontrar um equilíbrio.
A psicopedagoga acredita ainda que uma saída é apostar em aplicativos e jogos educacionais, em que as crianças possam se desenvolver enquanto brincam. A criação de um cronograma, incluindo até mesmo a hora em que se deve acordar e parar a brincadeira para comer, por exemplo, também é fundamental.
“É importante as crianças entenderem que mesmo estando de férias todos têm tem tarefas a cumprir. Dependendo da idade, é legal pedir para ajudar a cuidar do bichinho de estimação, levantar e arrumar a cama, criar a responsabilidade de saber o horário de ir dormir. Isso também ajuda a voltar a rotina quando as aulas começarem de novo”, aconselha Veridiana.
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Como aproveitar as férias escolares sem gastar dinheiro
Passar o mês inteiro em casa, com crianças cheias de energia, é cansativo para qualquer um. Mas como sair quando o orçamento está apertado? Para a psicopedagoga, vale investir em idas aos parques com entradas gratuitas, como o Ibirapuera, em São Paulo. Levar a bicicleta da criança, os patins, jogar bola ou até apostar uma corrida com o próprio filho pode fazer toda a diferença nesse período dedicado ao lazer.
Aos pais que trabalham e têm autorização para levar os pequenos ao menos um dia para o serviço, a especialista recomenda esse “tempo especial”, para que as crianças tenham um contato maior com a rotina dos adultos e percebam que os mais velhos, assim como eles, também precisam seguir regras.
“Eu vejo muitos casos em que as crianças não sabem dizer qual papel os pais desempenham no trabalho, e essa visita é divertida para eles, funciona como uma palha da vida adulta”, diz a psicopedagoga. Ainda segundo ela, sentar para assistir um filme com as crianças, embora pareça uma dica simples, também é interessante, pois gera aproximação.
Durante as férias, é recomendável estudar?
Não importa se o herdeiro está na alfabetização ou no ensino médio, existem pais que acreditam que estudar durante as férias escolares é a saída para superar as dificuldades durante o ano letivo e garantir boas notas no boletim. Para Veridiana, fazer uma espécie de revisão de tudo aquilo que foi aprendido e até mesmo investir tempo estudando o que se tem mais dificuldade é válido, mas de 30 a 40 minutos, no máximo.
“Muitas crianças voltam cruas das férias escolares e isso atrapalha a rotina com a volta às aulas. Eu indico um período de estudos, mas nada muito exaustivo. O legal mesmo é lidar com atividades lúdicas, palavras cruzadas. Essas opções não são caras e mantém o desenvolvimento cognitivo na ativa”, defende a expert.
Além dessas brincadeiras individuais, Veridiana recomenda que os pais apresentem jogos tradicionais, que essa geração conhece pouco, para que os filhos brinquem em grupo, durante as férias escolares , e conheçam outras crianças. “Pular corda, pega pega, amarelinha e pique esconde são brincadeiras divertidas, que ajudam as crianças a se comunicarem melhor”, diz.