Quem já postou algo na rede social e se arrependeu? Ou não. Independente do mundo real ou virtual, a cultura do cancelamento chegou para acabar com a saúde mental e sossego das pessoas.
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Para a psicanalista especializada em transtornos, Taty Ades, somos uma bomba relógio prestes a explodir se não controlarmos o mundo a nossa volta. “A necessidade de aprovação é da maioria das pessoas e nos
impõe um desafio de superar isso, todos os dias. Eu acho que pouquíssimas pessoas conseguem ser bem resolvidas porque no fundo, todos querem ter um feedback de validação de uma outra pessoa, de um grupo, seja na vida real ou nas redes. Afirmo diariamente que essa sociedade pode causar síndrome, sim, como por exemplo, fobia social, porque no momento em que eu estou necessitando da aprovação do outro, não sou eu na minha mais valiosa essência”, explica.
Para a especialista, mais do que preservar a imagem não entrando em atritos ou julgamentos desnecessários em discussões ou expondo opiniões, é preciso investir no autoconhecimento para se ter segurança. “É claro que pessoas pré-dispostas a desenvolverem transtornos podem tomar o cancelamento como um gatilho para a evolução de quadros mais graves. É preciso tomar cuidado porque percebo que
alguns pacientes, por exemplo, criam personagens vestindo máscaras para que possam escapar do julgamento ou cancelamento e, uma hora, tudo vem à tona, porque ninguém mantém uma mentira por tanto tempo”.
Para Ades as pessoas que já tem pavor de cancelamento tem muito mais chance de ter crises de pânico, já que o medo é muito forte e nesse ponto, a ansiedade cresce e causa todo descontrole. “Nós estamos acostumados à validação de curtidas nas redes sociais e quando vem o contrário, nos sentimos confusos, frustrados e
raivosos. A internet nos dá a falsa sensação de controle e pior, quando percebemos que a vida real está lá fora, no mundo de verdade, começamos a nos questionar se realmente conseguimos, se somos capazes, se merecemos e nos sentimos inseguros. A sociedade atual está transformando as pessoas em pessoas muito mais fóbicas, muito mais medrosas, muito mais ansiosas”.
A psicanalista ainda complementa dizendo que quando existe esse cancelamento, a pessoa pode sim entrar em quadros depressivos, inclusive muito graves. “É comum atender em consultório pacientes que precisam reconstruir a autoestima porque, ao trabalhar isso, a pessoa percebe que não precisa de estímulos externos para ser quem ela é de verdade. Então ela vai retirar máscaras, ela vai trabalhar o que ela
tem de bom, independentemente do que o outro diga para ela ou não. Isso é o principal da terapia. É fazer a pessoa se sentir segura da forma que ela é, com a essência dela, para estar segura e consciente”, finaliza.
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A terapeuta ainda ensina que o ideal é controlar o tempo nas redes sociais, evitar muita exposição e viver o mundo real em toda sua beleza, com calma, paz no coração e leveza. Sempre.