Suellen Romero, CEO da Ligue Lead, fundou a startup durante a pândemia, após receber uma ligação médica
Créditos: Giovanna Souza
Suellen Romero, CEO da Ligue Lead, fundou a startup durante a pândemia, após receber uma ligação médica

A vida é feita de altos e baixos e isso é algo que a empresária Suellen Romero sabe muito bem. Apaixonada pelo empreendedorismo desde menina, Suellen nunca conseguiu se sentir à vontade como uma assalariada. Ao longo sua jornada como empreendedora, ela já passou por vendedora de farol, viu um de seus negócios falir e entrou em depressão. Ainda assim, a empresária conseguiu dar a volta por cima e agora é CEO de uma startup de tecnologia de sucesso, a Ligue Lead, empresa focada em automação de mensagens. 

Suellen começa a contar a sua história falando de sua família. Ela relata que o seu pai também era um empreendedor e que isto fez acender uma chama nela pela busca de abrir o próprio negócio. O primeiro empreendimento dela foi aos 12 anos, vendendo kits de primeiros-socorros para carros no farol. 

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“A alguns anos atrás existia uma lei que obrigava todos os carros a  terem um kit de primeiros-socorros e o meu pai era fabricante desses kits para empresas. Essa foi a minha primeira oportunidade de empreendimento, eu comprava do meu pai os kits, porque ele não me dava, e saía para vender no farol para os carros. Esse meu primeiro negócio durou umas seis semanas, que foi o tempo em que a lei ficou em vigor, antes de ser revogada. Apesar do curto período dessa experiencia, ela já pode me proporcionar o gosto da independência, de poder comprar o que eu queria com o meu próprio dinheiro”, relata.

Os anos passaram e o desejo de ser uma empreendedora só crescia para Suellen. Até que, com 16 anos, decidiu iniciar o seu segundo negócio, uma empresa de acessórios personalizados, vindos da China, que por alguns anos fizeram sucesso. Contudo, com tempo, a concorrência dentro desse setor começou a crescer e, sem a maturidade necessária, Romero precisou abandonar esse negócio e começar um novo, voltado para alimentação. 

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“Até os meus 19 anos a empresa de personalizados estava indo bem, eu tinha alguns contatos de importadores da China que me ajudavam na importação. Entretanto, trazer produtos do exterior começou a se tornar cada vez mais comum e, com isso, acabamos perdendo a nossa vantagem competitiva. Além disso, eu acredito que eu não tinha maturidade necessária na época para lidar com a situação”, diz Romero. 

Aos 22 anos, casada e com duas filhas, Suellen vendia, com o marido, potinhos de frutas secas, mas nesse novo empreendimento as coisas estavam indo piores do que no anterior. A mulher relata que mesmo vendendo todos os dias, eles ainda não conseguiam ter lucro, o que os levou a acumular uma dívida de R$ 80 mil. 

“Fechamos a empresa e, nesse momento, o meu marido entrou em depressão, ele não conseguia fazer nada, nem mesmo trabalhar e por isso ele acabou ficando em casa cuidando das crianças. E por uns dois a três meses, eu ainda alimentava a esperança de ter uma ideia genial e começar um novo negócio, que já fosse dar dinheiro muito rápido, como tinha acontecido das outras vezes, mas isso não aconteceu. Eu saía todos os dias de casa, com objetivo de conseguir pelos menos R$ 50, para alimentar os meus filhos. Eu cheguei ao ponto de pedir comida em alguns mercados próximos, dizendo que para uma família que estava precisando, eu só não conseguia dizer que era a minha. Esse período me fez me sentir tão fracassada e humilhada, por ter deixado o meu negócio falir e não estar conseguindo proteger os meus filhos”, declara ela. 

Sem esperanças e sentindo que a situação estava insustentável, Suellen tomou a decisão de procurar um emprego como vendedora, em um shopping. Embora não fosse o que ela desejava, esse novo trabalho permitiu a ela encontrar novamente uma estabilidade financeira, especialmente, por ela conseguir vender mais do que o dobro do que suas colegas, devido as suas habilidades anteriores como vendedora.

Porém, nem tudo era um mar de rosas, devido a conflitos de horários, para cuidar das filhas, a empreendedora precisou se demitir desse emprego. O que acabou a levar a trabalhar em uma revista, onde ela sofria com o comportamento abusivo do chefe. 

“Olhando para trás, eu não consigo me imaginar ouvindo alguém me mandar calar a boca e eu ficar quieta e engolir isso. Mas na época eu precisava do dinheiro, nós tínhamos sidos despejados da nossa casa e estávamos morando de favor na casa da minha sogra”, relembra a empresária.  

Após trabalhar 16 meses nesta revista, ela sabia que não iria mais conseguir ficar por muito mais tempo naquele emprego. Novamente em um novo lugar, ela conheceu o mercado de infoprodutos, área recém-chegada ao Brasil. Agora em um ambiente mais agradável e com perspectivas de crescimento, Suellen passou por inúmeros cargos dentro dessa empresa, o que a fez chegar a líder dos times de marketing.  

No entanto, a vida dela iria mudar mesmo durante a pandemia. Com as demissões em massa e a queda nas vendas dos cursos da empresa, como consequência da falta de participação dos inscritos, durante os dias de aulas, Romero precisou encontrar uma maneira de reverter aquela situação. Até que ela se lembrou de uma ligação que recebeu de uma consulta médica, isso a fez questionar, se o mesmo poderia ser usado como estratégia de marketing no mercado de infoprodutos. 

A ideia se mostrou um grande acerto, conseguindo dobrar o número de alunos presente nas aulas. Animada com essa nova possibilidade, ela tomou coragem e decidiu embarcar novamente no empreendedorismo. Assim ela criou a startup de sucesso, a Ligue Lead. 

“O resultado positivo que obtivemos impacta diretamente no volume de vendas, em empresas focadas em infoprodutos. Hoje, quando olhamos para o mercado de trabalho,  a quantidade de restrições que o Facebook, o Instagram, o YouTube  e o WhatsApp colocam, a comunicação em massa, está ficando cada vez mais difícil e cara. Enquanto as estratégias das ligações telefônicas são muito mais baratas e tem um alcance muito maior, nos temos uma média de, 70% a 80%, das nossas ligações antedidas. E isso não é só pelo fato de serem ligações ou  por ter uma voz humana, as pessoas gostam da ideia de ter aquela pessoa famosa, de quem elas são fãs, falando com elas, mesmo que seja apenas uma gravação”, fala Suellen. 

Refletindo sobre todas as experiências que ela teve, ela afirma que foram esses momentos difíceis que a fortaleceram e a guiaram para o destino que ela está vivendo agora. Ela também ressalta, como a mentalidade de ter que fazer “sucesso” antes dos 30 acabou atrapalhando ela ainda mais.  

“Eu acho que eu cheguei tão fundo no poço, com uma sensação de fracasso tão grande, que os problemas que aparecem agora, não passam nem perto do que eu já vivi. É claro, eu tenho os meus momentos de precisar chorar no chuveiro, mas eles são com certeza muito mais suportáveis”, conclui a empresária. 

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