De uma página no Facebook nasceu um movimento que ganhou as ruas e as redes sociais. O 'Minha Idade não me define' levanta a bandeira contra os preconceitos sobre o envelhecimento e tem mãe e filha como idealizadoras. Sylvia Loeb é psicanalista tem 78 anos e foi quem começou com atendimentos nas redes sociais, até perceber que muitas das questões trazidas à tona tinham a ver com a maturidade.
Na paralela, sua filha, Carla Leirner, de 59 anos, deixava o jornalismo para entrar com tudo na criação de conteúdo com a mãe. Juntas, participaram de uma rodada de aceleração no Youpix. "Só tinha jovens, eu era a avó da turma. Foi uma prova de que gente de idade aprende sim, só querer que faz", lembra Sylvia.
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"Nos demos conta de que tínhamos um negócio, mas levou tempo, passaram-se dois anos, fezemos mentoria com pessoal do Youpix", diz Carla, para quem a troca com os seguidores tem sido muito rica.
Mãe e filha tem uma diferença de 19 anos e estão em fases distintas do amadurecimento, o que torna os conteúdos abrangentes. "A gente achava que tinha de falar com um público de 70, 80 anos, mas as questões da maturidade afligem os 45+", explica Lierner. "Falamos de educação para longevidade", ressalta.
O grupo também lançou uma camiseta com o slogan 'Minha idade não me define', já foram vendidas 500 unidades e muitas selfies foram compartilhadas, levando o movimento para as ruas. "Não somos mais a velhinha de antigamente. Mostramos que envelhecer é sobre ter a liberdade de se autorizar a ser quem é. Se você chegou até aqui, o que você viveu é a sua memória, tem de valorizar. Quanto mais velho fica, mais você constrói", ensina Loeb. "Ela é um baita exemplo", emenda a filha.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o total de pessoas com idade superior a 60 anos chegará a 2 bilhões até 2050, o que representa um quinto da população mundial. E em 2050, o Brasil ocupará a quinta colocação no ranking de países com maior número de idosos do mundo.
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Quando o assunto envelhecimento se cruza com a pauta de gênero dentro do mercado de trabalho, o quadro é alarmante. De acordo com a pesquisa Global Learner Survey, realizada pela Pearson em parceria com a Morning Consult, 87% das mulheres entrevistadas acreditam que têm menos oportunidades do que homens no mercado de trabalho devido a gênero e idade, e outras 65% afirmam ser uma prioridade abordar e combater o etarismo dentro das organizações.
Com o propósito de combater o ageísmo e os problemas que cercam o processo do envelhecimento, apontando caminhos e soluções para viver a fase com plenitude e o máximo de qualidade de vida, o projeto Minha idade não me define já conta com mais de 100 mil seguidoras em sua página no Instagram (@minhaidadenaomedefine) e está próximo de alcançar 7 mil no Linkedin. O movimento viralizou a tal ponto, que um dos posts no LinkedIn sobre o tema teve mais de 400 mil visualizações e a marca de cosméticos Natura entrou como parceira da iniciativa.
“Sentimos como se tivesse um grito engasgado, como se tivéssemos dado voz para mulheres e homens que pensam da mesma forma que a gente, e que também se incomodam com o fato de serem vistos apenas por suas idades. É uma coisa bem bacana o que conseguimos, afinal, não vendemos uma camiseta, vendemos uma ideia, e quando as pessoas ‘vestem essa camisa’ contribuem para ampliar o debate e derrubar barreiras”, concluem mãe e filha.
Nas suas redes sociais, a dupla aborda temas que envolvem toda a complexidade de assuntos que cercam a longevidade, como educação financeira, autoestima, sexo e transição de carreira. “O mais interessante do projeto é que falamos sobre a longevidade do ponto de vista de mãe e filha, ou seja, de duas gerações diferentes”, relata Carla. “A gente envelhece em todas as áreas: fisicamente, mentalmente e filosoficamente. O tempo passa e precisamos lidar com isso de forma geral, não só estética. O que a gente tem feito é ampliar essa conversa."
No radar da dupla estão o lançamento de workshops e de um livro, além de collabs com marcas que desejem abraçar a causa dos maduros. “O mercado de produtos destinado ao público acima dos 60 anos ainda é pouco explorado no Brasil e as pessoas não encontram artigos de consumo adequados para essa fase da vida”, explica Carla Leirner.