Iniciado pela influencer Amanda Pieroni, criadora da trend “Esse look é estiloso ou só estiloso porque ela é magra?”, um movimento crescente de pessoas que contestam a indústria da moda tem ganhado cada vez mais corpo. Inspirada pela Amanda, a criadora de conteúdo Silvani Emiliano começou a questionar também em como a indústria da moda marginaliza mulheres maduras, que já passaram dos quarenta anos, criando a sua versão da trend, a nomeando “Esse look é fashion ou é fashion só para jovens?”.
“Eu pensei, por que não fazer uma versão paras nós mulheres que já passamos dos quarenta anos? Decidi brincar com a ideia de testar esses looks que estão bem na moda. Porque eu acredito que a moda deixou nós, mulheres maduras, meio que de lado. O mercado da moda deixou de pensar na mulher com mais de quarenta anos, produzindo apenas roupas muito ‘caretas’ ou ‘peruas’, é difícil encontrar um meio-termo”, conta Emiliano.
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Em seus vídeos, Silvani experimenta roupas vistas como estilosas e na moda, questionando se essas peças também ficam bonitas em alguém mais velho. Ela explica que como uma pessoa formada em moda, compreende que existam roupas que ficam melhores em diferentes idades, entretanto o objetivo dela é questionar em como tudo que é moda e estiloso está sempre voltado para as pessoas jovens e sobre o “esquecimento” que a indústria tem com o público mais maduro.
“É como se a gente deixasse de existir, a impressão é que a sociedade quer que a mulher se anule ou seja aquele estereótipo de senhorinha que não existe mais há muito tempo. Comentários que eu considero agressivos como ‘Ela tem muita flacidez’, ‘Ela tem celulite’ e ‘Quem ela está pensando que é para usar aquela roupa’, fazem com que a gente sofra. Parece que nós mulheres, além de estarmos perdendo a vivacidade, também estamos perdendo espaço na sociedade, isso é bem dolorido”, diz a criadora de conteúdo.
Etarismo
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua de 2021, o ano bateu recorde de registro de pessoas com mais de 30 anos, foram registradas 212,7 milhões de brasileiros, 56,1% da população como um todo. O maior crescimento da faixa etária da década.
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No entanto, apesar de ser uma parcela da população expressiva, o preconceito com pessoas mais velhas ainda é presente. O chamado etarismo é especialmente mais agressivo quando se trata de mulheres.
Para a pesquisadora Helena Dias, o etarismo atinge mais as mulheres devido à exigência da juventude feminina e da visão de que o valor da mulher é mantido através de seu poder reprodutivo. Assim, quando ela o perde após a menopausa, a mulher também perde a sua importância social.
“ As mulheres são pressionadas a se encaixar em um padrão muito mais rígido do que sociedade exige dos homens. Para as mulheres é sempre necessário estar jovens, bonitas e sem traços do envelhecimento, que é algo natural”, explica a pesquisadora.
A influencer Silvani Emiliano acredita que parte do enfrentamento ao etarismo é as mulheres se aceitarem como são e que envelhecer faz parte no ciclo da vida. Contudo, ela também pontua que isso não significa deixar de se cuidar, mas que a aceitação e o autocuidado devem estar unidos para manutenção da autoestima da mulher.
“Precisamos nos empoderar e nos aceitarmos, assumir as nossas rugas e flacidez. Mas também nos cuidarmos, porque nós somos iguais a uma casa, precisamos de uma manutenção, para construirmos e mantermos a nossa autoestima”, defende Silvani.