Rodrigo Bocardi e Glória Vanique protagonizaram uma discussão  na edição do “Bom Dia SP”, Globo, na terça-feira (26). Quando a jornalista falou sobre a sensação térmica de uma região de São Paulo, o âncora rebateu dizendo que o conceito usado por ela estava errado.

Rodrigo Bocardi e Glória Vanique na edição de segunda-feira (26) do
Reprodução/Globo
Rodrigo Bocardi e Glória Vanique na edição de segunda-feira (26) do "Bom Dia SP", Globo

Os dois seguiram em uma discussão onde Glória tentava convencê-lo de que o termo estava correto. Nas redes sociais, o caso repercutiu e algumas mulheres classificaram o episódio como um exemplo de mansplaining .

A pedido do Delas , a pesquisadora do Grupo de Estudos de Gênero e Política da USP e do Núcleo Democracia e Ação Coletiva do CEBRAP, Beatriz Rodrigues, analisou a situação e confirmou ser uma situação clara de mansplaining .

"Temos um homem, que não é especialista no assunto, tentando explicar para uma mulher uma questão sobre a qual ela possui maior conhecimento", aponta Beatriz.

Ela continua a análise da cena: "Por ser a apresentadora do tempo, é de se esperar que ela tenha um maior conhecimento sobre o tema. Apesar disso, o apresentador acabou deslegitimando a fala dela com base em sua opinião. Mesmo que o tom da conversa tenha sido de 'brincadeira', é comum que as mulheres tenham que passar por esse tipo de situação, infelizmente", lamenta.

Porém, há quem entenda que os comentários do apresentador foram somente de mau-gosto. "Eu achei que ele estava só sendo chato mesmo, implicante, não achei machista ", comenta a psicóloga Bia Sant'Anna.

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Como reagir a um episódio de mansplaining?

Para não se indispor com o colega em rede nacional, Glória Vanique optou por dizer que iria consultar outro especialista sobre o tema da sensação térmica e encerrou a discussão. Para a psicóloga Bia Sant'Anna, esse é o melhor caminho.

"Quando não temos certeza de uma informação, ampliamos a nossa base de dados e buscamos um especialista. Acredito que uma solução infeliz seria contra-argumentar e bater-boca, mas ela se ateve aos fatos. Ela não levou para o pessoal. Em nenhum momento ela se colocou na situação como uma pessoa agredida ou agrediu de volta, ela só se ateve aos fatos".

Mas e se você estiver correta no que diz? Vale a pena somente concordar? Segundo Beatriz, não. O melhor caminho é conversar sobre o mansplaining, entender que está passando por uma situação dessa e explicar ao interlocutor que essa é uma atitude errada e machista.

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"Se for possível reconhecer essa discriminação na hora em que acontece, a melhor forma de agir é falar sobre o ocorrido, inclusive com o interlocutor. Não podemos nos silenciar diante desse tipo de conduta. Se mais mulheres falarem sobre isso, outras mulheres poderão perceber que não estão sozinhas e, dessa forma, se sentirão mais seguras e confiantes para compartilhar suas próprias experiências", finaliza Beatriz.

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