Aceitar o corpo como ele realmente é não é uma tarefa fácil, principalmente pelos padrões de beleza impostos pela sociedade. No entanto, algumas influenciadoras e artistas conseguem inspirar mulheres com suas atitudes e ações empoderadas. A bailarina Thais Carla, que trabalha com a cantora Anitta, é uma delas. Na terça-feira (15), ela desabafou, em um post no Instagram, sobre ser gorda e suas amizades.
“Vocês acreditam que eu nunca tive amigas gordas na minha infância/adolescência?! Sim, eu sempre fui a única gorda em tudo: aula de dança, escola, família... Sempre fui a ‘diferentona’. Mas, apesar de ter a consciência de que a diversidade é importante, vocês não sabem o quanto isso mexeu com meu psicológico”, começa Thais Carla .
Ela ainda continua. “Muitas vezes, a gente acaba achando que tem algo de errado conosco e que, por isso, precisamos nos enquadrar. Porém, na verdade, esse pensamento era fruto da invisibilidade que a mídia e a sociedade fazem com pessoas como eu (gordas). E, muitas vezes, a gente vai reproduzindo isso sem perceber”.
A bailarina ainda diz que sabe como mensurar isso. “Fechem os olhos e imaginem 3 amigas felizes de biquíni na praia tomando um sorvete... Vocês pensaram em 3 mulheres gordas? Aposto que não! Logo que fiz essa foto com minhas amigas @itsnaiana e @gordaroupa, na Bahia, pensei nisso tudo. Antes não tinha uma amiga que pudesse ao menos pedir uma roupa emprestada e hoje tenho. Me contem: vocês tinham amigas gordas na adolescência?! E agora, vocês têm?!”, finaliza.
O post rendeu mais de 27 mil curtidas e quase 400 comentários. Por lá, mulheres deixaram suas opiniões. “Você é demais. Nunca tive amiga gordinha como eu e até hoje não tenho”, diz uma. “Que sorte a sua. Sou feliz de ter você todo dia me incentivando a ser livre e feliz apesar do corpo gordo”, escreve outra.
"Na infância e na adolescência, não. Mas, na fase adulta, aí sim", completa mais uma. "Você me inspira muito. Obrigada por existir", escreve uma quarta. "Inspiração de todos os dias. Sua alegria é tão contagiante que encanta qualquer pessoa só de olhar suas fotos", aponta outra.
Como aceitar o próprio corpo?
Magra, gorda, alta, baixa. São diversas as características que divergem as pessoas. De acordo com a psicóloga junguiana Amélia Kássis, é preciso entender que há diferentes belezas e que ficar tentando se enquadrar nos padrões nunca vai deixá-la feliz. “Você é a única companheira da sua vida inteira. A sua jornada é única. Se você não se amar, vai perder a capacidade de dar amor. Cada um é do jeito que é”, relata.
Thais Carla e outras defensoras do movimento body positive recebem diversas críticas por aparecem em imagens das redes sociais como realmente são. E, muitas vezes, é necessário lidar com tais comentários, por mais duros que sejam, para conseguir se aceitar.
Você viu?
“O mundo é feito de pessoas que criticam. Quando você se aceita, você não liga mais para elas. É um processo de amadurecimento emocional. Precisa começar a se conhecer. Fazer uma automassagem, se tocar, se olhar. Perceber o que sente”, diz Amélia.
A psicóloga Patricia Estrela reforça que a autoaceitação
faz parte de um processo de amor próprio. “Se amar não significa apenas se olhar no espelho e se achar bonita. Se amar significa se aceitar, se respeitar, se perdoar e ser grata. O autoconhecimento é libertador”, defende.
Patrícia ainda compartilha um parte de sua história. “Eu mesma fui magra e atualmente sou uma gordinha muito feliz. Me amo, pois eu sei quem eu sou, sei quem eu fui e o melhor de tudo é que sei quem estou me tornando. Isso pra mim vale mais que um jeans 38”, alega.
Na infância ou na adolescência, ter um biotipo diferente das outras pessoas pode fazê-la, infelizmente, passar por alguns episódios de bullying , com consequências que vão ao longo da vida. “É um trauma. A pessoa fica com menos capacidade de se defender e se amar. A terapia ajuda a readquirir a sua potência. Você precisa ser amiga de você mesma”, afirma Amélia.
Patricia ainda define a questão do padrão de beleza . “O padrão é instituido por um grupo de influenciadores que, de forma viral, acaba sendo estabelecido pela maioria. A pergunta que faço é: Desde quando fazer parte da maioria é um bom negócio? Precisamos de um amadurecimento emocional de toda a sociedade para que questões de real relevância estejam entre nossas redes sociais, e não julgamentos, injúrias e o próprio bullying ”, defende.
Thais Carla e mais mulheres mostram que cada pessoa pode ter o corpo que quiser
Outras mulheres já mostraram que dá para ter o corpo que quiser. Exemplo disso é a youtuber e jornalista Alexandra Gurgel. No começo de janeiro, ela publicou uma foto na praia, no Instagram, e, na legenda, utilizou a hashtag #NãoPasseCalor. A menção indica que, independente do seu biotipo, você é livre e deve se sentir à vontade para ir à praia e deixar as curvas à mostra no biquíni ou maiô, seja você magra ou gorda.
Outra que aderiu à tag é a atriz, apresentadora e youtuber Mariana Xavier, que, recentemente, ganhou ainda mais visibilidade com a explosão da música “Jenifer”, interpretada pelo cantor Gabriel Diniz. Na postagem, Mariana diz que cada pessoa deve ser seu próprio padrão e citou um trecho da canção “Quem Sabe Sou Eu”, da cantora IZA. “Eu sei que o meu corpo te incomoda. Sinto muito. O azar é seu. Abre o olho. Eu tô na moda. E quem manda em mim sou eu”, escreve.
Thais Carla , por sua vez, compartilha diversas mensagens de empoderamento em suas postagens. No sábado (12), ela publicou uma imagem de biquíni e mostrou que já está na hora de tirar da mente das pessoas que, para ter um “corpo de verão”, é necessário estar magro. E, pelo que podemos perceber, a artista esbanja muita autoestima e inspira mulheres que têm dificuldade em se aceitarem como realmente são. Vale ressaltar que, na verdade, o importante é ser feliz e se sentir bem com você mesma.