Toda mãe que deixa o filho novinho na escola se depara com essa situação, vê se não é: você tenta dar um beijinho de despedida , seu filho não aceita, quer que você fique mais um pouco, você diz que precisa ir, ele chora, estica os bracinhos, diz “mamãaaaaaae”, você fica com o coração apertado, as tias te olham dizendo “ele vai ficar bem, mamãe”, você tenta ir embora, seu filho chora mais forte e tudo o que você quer é poder levar ele embora com você. É isso? Pois saiba que o sofrimento prolongado do seu filho só acontece porque você está cedendo.

mãe e filho
Arquivo pessoal
Sarah Eleutério e o filho mais novo. Os momentos de despedidas na escola ainda são complicados

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Não é fácil para nenhuma mãe ir embora e deixar o filho chorando. Estou passando por isso, com meu pequeno de um aninho que acabou de entrar na escola nova. Mas pelo menos já é o segundo filho, não sou de primeira viagem e lembro bem o quanto eu cedi com o mais velho, quando era novinho. Mas eu vou dar aqui a “receita do bolo” (sim, existe a tática infalível e sempre funciona!).

Primeiro você precisa entender que as crianças, desde muuuuito novinhas, estão sempre testando nossos limites. É por isso que, mais velhinhas, começam a fazer birra – porque a gente vai cedendo aos poucos. Elas entendem nossos pontos fracos e percebem como podem ir nos ganhando aos poucos.

Então vamos à despedida na escola – também vale para se você precisa sair de casa e seu filho, igualmente, fica chorando. É explicar que precisa ir, dizer que vai voltar, dar um beijinho e “xau”. Isso mesmo. Nada de ficar mais um pouquinho. Pode acreditar, com pouco tempo seu filho vai se acostumando e entendendo que a mãe vai, mas volta. Ah, e nada de sair escondido , viu?

“É extremamente importante se despedir, independentemente da idade, porque a criança precisa ter noção de ida e de volta, principalmente quando ela é muito pequena, que só tem a noção de ida (noção de reversibilidade). Quando você explica: ‘a mamãe vai, mas a mamãe volta’, isso vai desenvolvendo na criança essa noção de ida e volta”, explica Josiane Golin, psicóloga educacional do Colégio Madre de Deus, na Zona Sul do Recife, que lembra: “Mesmo que para você seja um sofrimento ir embora com o filho chorando , não use a tática de distrair o filho para ir embora, desaparecer sem se despedir, pois isso pode até desenvolver um sentimento de abandono e insegurança nessa criança”.

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E mais, aquelas despedidas dramáticas, cheias de emoção são um prato cheio para dificultar a entrada da criança na escola. É preciso ser leve e prática nas despedidas. Abrindo um parêntese: é por isso que quando o pai leva o filho na escola ele não fica chorando. Normalmente os pais não cedem como nós. Eles são práticos e o filho sabe que o choro não vai surtir efeito. Não é assim?

Pois é, é duro isso, eu sei. Mas a criança tem que perceber que não existe a opção do choro para segurar os pais na escola por mais tempo. Se isso ainda dói em você, mamãe, lembra que até nessas horas os benefícios para seu filho são grandes.

“Essa criança que chora mesmo quando a mãe explicou que vai sair e que volta, ela também está trabalhando suas próprias emoções, como a frustração, a espera. E desenvolver e vivenciar essas emoções são necessárias para que a criança se fortaleça e se sinta segura”, completou a psicóloga, que é doutora em psicologia cognitiva, mestre em psicologia clínica e neuropsicóloga.

Bem, agora que você entendeu que tudo isso tem respaldo na psicologia, talvez fique mais fácil entender que você não está sendo uma mãe insensível virando as costas e deixando o filho chorando. Você está simplesmente ajudando seu bebê a se desenvolver, a se tornar mais independente e, principalmente, mais seguro. O ingresso na escola e as primeiras separações da mãe ou de casa fazem parte do crescimento desses pequenos. Muitas conquistas vêm acompanhadas de dificuldades, representam o amadurecimento da criança.

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E agora? O ganho para seu filho não foi muito maior do que seu sofrimento de ir embora escutando o chorinho dele nas despedidas ? Então relaxa e vai sossegada.

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