A capacidade de identificar e de poder lidar com os sentimentos que experimentamos ao longo de nossa vida de maneira assertiva e construtiva. Esse é um conceito básico de inteligência emocional e deve ser trabalhado por todos em qualquer idade. Mas vamos trazer o assunto para o meio infantil? Você tem ideia do ganho na vida de seu filho - e na sua, acredite!! - quando a criança aprende a lidar com suas próprias emoções?
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Vamos a um exemplo prático e que é o grande calo no pé de toda mãe: as birras! Pois é, a teimosia é muito comum em crianças de dois anos de idade. Mas quando ela já é maiorzinha e essa birra continua, certamente ela não está sabendo lidar com suas emoções .
A psicóloga Elizabete Santos, da escola Meu Caminhar, no Recife, alerta para os danos que isso pode acarretar na vida adulta: "Quantas pessoas chegavam no meu consultório com demandas que poderiam ter sido evitadas se na infância tivesse sido trabalhada a inteligência emocional. Quantos traumas, quantas frustrações, quantas palavras contrárias foram ditas, como 'deixa de ser mole! Que menino preguiçoso!!' E aí a criança cresce e se torna um adulto inseguro", conta Elizabete, alertando ainda que mandar a criança "engolir o choro" não ajuda em nada. "Reprimir seus sentimentos não é a melhor forma de ajudar seu filho", completa.
Trabalhar a inteligência emocional é uma tarefa sem fim, mas isso pode ser iniciado já aos dois anos de idade, e reflexos desse trabalho terão influência durante toda a sua vida. A lista de benefícios para uma criança que constrói sua inteligência emocional com a ajuda dos pais é imensa, vai desde o aumento da autoestima à capacidade de comunicação, resiliência e autonomia.
"Ok, entendi", você diz. "Mas como posso ajudar meu filho a ser emocionalmente inteligente? De que forma ela vai aprender a controlar essas emoções?". Bem, antes de tudo, a criança precisa entender o que está acontecendo, entender aquele sentimento, para então saber como lidar com isso.
Vamos para a prática? É importante nomear os sentimentos. Dizer, por exemplo, "nossa, como você está com raiva, né? Vamos desenhar essa raiva". Sentir, pensar, agir. Aquilo que eu sinto interfere no que eu penso, que interfere na minha ação. Por isso é importante parar na hora da raiva, me acalmar, pensar, reparar e só depois conversar com calma com meu filho.
"Mas a gente sabe que muitas coisas que funcionam numa criança podem não funcionar com outras. Cada criança é uma criança. A gente vai tentando e vai percebendo o que está dando certo e onde podemos mudar a estratégia", explica a psicóloga.
Ou seja, não tá fácil pra ninguém, mamãe. Na verdade, a educação emocional é um treinamento. Requer tempo, paciência, persistência e é preciso acreditar no processo. Se não a gente para na primeira frustração. E tem mais: muitas vezes somos nós, pais, que precisamos trabalhar antes a nossa inteligência emocional para só assim termos a capacidade de desenvolver isso em nossos filhos. "Se for o caso, vale procurar ajuda profissional", alerta Elizabete.
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Enfim, nada na educação de nossos filhos é tão simples e não existe receita de bolo. Mas pelo menos a gente já tem aqui um norte para nós guiar. E a gente já entendeu que não tem nada que mandar o menino engolir o choro e as emoções . É chegar junto, acalmar a criança e conversar. Tá difícil, então pensa no adulto inseguro e cheio de problemas que ele pode se tornar. Ficou mais fácil?