O sonho de ter um "bocão" como o das famosas fez com que o preenchimento labial se tornasse um dos procedimentos estéticos mais populares da atualidade. Mas o que fazer se o resultado não saiu como esperado ou sua boca quadriplicou de tamanho porque a agulha atingiu uma artéria? Pode parecer um exemplo exagerado, mas já aconteceu.
O caso mencionado anteriormente ocorreu com a britânica Rachel Knappier e, recentemente, também reportamos histórias de outras mulheres que não tiveram uma boa experiência com o preenchimento labial . Por causa disso, surgiu uma nova questão: o que fazer quando "dá ruim" em um procedimento estético como esse?
Para responder, o Delas conversou com a cirurgiã plástica Beatriz Lassance, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS). Ela explicou que, antes de mais nada, é preciso entender como funciona o procedimento e o que é aplicado na boca quando se faz um preenchimento.
Segundo a especialista, o procedimento é realizado através da aplicação injetável de ácido hialurônico , uma substância naturalmente produzida pelo organismo que sofre uma pequena modificação, chamada crosslink, para deixá-la mais estável e ser usada como preenchedor.
“O preenchimento dos lábios é feito em consultório e acaba por ser extremamente doloroso. Primeiramente, é aplicada uma anestesia tipo bloqueio para adormecer o lábio superior. Em seguida, o ácido hialurônico é injetado com agulha fina ou microcânula. Normalmente, um mililitro do gel é o suficiente para todo o procedimento”, afirma.
O resultado pode demorar até uma semana para aparecer por causa de edemas, manchas e nódulos, que podem diminuir com o uso de compressas frias. O ideal é que o contorno dos lábios fiquem definidos e o volume aumente, sendo que o efeito dura cerca de um ano. Porém, se algo der errado durante ou depois, é preciso recorrer à hipercorreção .
Corrigindo um preenchimento labial: o que fazer?
De acordo com a cirurgiã plástica, os preenchimentos não são indicados para pessoas que têm imunidade reduzida, alteração da coagulação, herpes ou mulheres que estão grávidas. Porém, não é necessário tomar cuidados antes do procedimento, apenas informar o médico do seu histórico de alergias e problemas de saúde, se houver.
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Isso indica que se você fez preenchimento labial e não possui nenhuma contraindicação, mas "deu ruim" e será necessário fazer uma hipercorreção, a responsabilidade é do especialista. Por isso, é muito importante pesquisar bem sobre quem irá aplicar o ácido nos seus lábios.
"Só profissionais experientes devem executar o preenchimento. Eles precisam conhecer bem a anatomia da boca para evitar lesão de estruturas importantes, como nervos e vasos. Qualquer procedimento, mesmo minimamente invasivo, também deve respeitar cuidados com ambiente para evitar infecções", afirma Beatriz.
No caso da precisar corrigir o preenchimento, há uma opção que é mais conhecida: o uso de hialuronidase. "Essa enzima ajuda a absorver e dissolver o ácido hialurônico, mas só deve ser usada em último caso porque pode causar alergias se não for bem administrada”, destaca.
Outra questão é o caso da agulha atingir uma artéria, o que interrompe a circulação. "O importante é que, quando o cirurgião estiver fazendo a aplicação do ácido, ele aspire a seringa de volta. Assim, uma vez que aspirou e veio sangue, não se deve continuar a injeção. Se for injetado com muita força, o gel pode progredir até danificar uma área maior."
Se isso acontecer, a especialista indica comprimir a região, colocar gelo, ficar apertando para parar o sangramento e monitorar para que ele não aumente. "Sempre que o procedimento é feito com agulha há o risco de pegar uma artéria e é comum. O uso de cânula (tubo de plástico, metal ou borracha) diminui essa chance", complementa.
A terceira recomendação pode tanto evitar erros no procedimento labial quanto ajudar a saber o que fazer caso ele dê errado. Apesar do habitual ser o ácido hialurônico, há médicos que usam substâncias como o metacrilato, um preenchedor permanente e de baixo custo. Então, verifique sempre qual produto está sendo usado no procedimento.
"O metacrilato possui uma grande taxa de complicação a longo prazo, podendo provocar o aparecimento de nódulos endurecidos e avermelhados que necessitam de remoção com cirurgia. Por isso, a técnica deve ser adequada para evitar infecções e lesões", finaliza Beatriz.