Será mesmo que três é demais? Segundo praticantes do ménage à trois, três é mais que suficiente para uma relação sexual muito prazerosa.

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Para quem deseja experimentar as dores e delícias de dividir um parceiro ou até ser a terceira pessoa nessa mistura, é preciso entender que existem regras e discussões que podem facilitar essa relação.

‘Ménage à trois’ é um termo francês que, em tradução literal, significa "moradia a três" e "convivência a três". Na prática, um ménage envolve três pessoas que concordam em praticar atividades sexuais juntas, seja por curiosidade, experimentação ou desejo mútuo.

Alguns ménages à trois podem envolver um casal existente que convida uma terceira pessoa para participar, enquanto outros podem ocorrer entre três pessoas solteiras que desejam explorar sua sexualidade de forma mais diversa.

Qualquer pessoa, seja ela comprometida ou solteira, pode se interessar em novos formatos de expressão da própria sexualidade, e fazer um ménage pode ser parte dessa descoberta.

“Para pessoas solteiras, sempre aconselho buscar um casal que esteja confortável com isso. Converse com eles, saiba quais são os limites. Também vale encontrar duas pessoas solteiras que desejam transar dessa forma”, afirma a sexóloga Ana Júlia Fernandes.

Quando o assunto é um casal, no entanto, a discussão muda: nem sempre o parceiro vai estar de acordo com o ménage. É o que conta Bianca*, psiquiatra, mãe e praticante ‘apaixonada’ do sexo a três.

“Eu comecei a praticar o ménage aos 23 anos com meu primeiro namorado. Desde essa época, eu sabia que gostava de diversificar minha sexualidade, mas meu parceiro ainda era muito inseguro com isso. Tentamos, fizemos algumas vezes, mas ele não aguentou de tanto sentir ciúmes. Tivemos que terminar e, desde então, pratiquei sozinha, como a terceira pessoa da relação.”

A psicóloga conta que, na maioria das vezes que propunha a prática para amigos, o ciúme e a vergonha eram sentimentos recorrentes. “Teve até um casal de colegas que acabou se separando depois de ficar comigo, o marido não conseguiu aceitar que a esposa gostou disso”, revela.

Mas como evitar um término, como aconteceu com Bianca, e falar da forma certa para seu parceiro que você quer experimentar? Em entrevista ao iG Delas, a psicóloga e sexóloga Gabi Marinhos afirma que o diálogo é a resposta.

“A melhor forma para você introduzir esse assunto é dentro da relação sexual. Ali, na hora da excitação, do movimento, você pode começar a trazer um pouco de fantasias, atiçar. Por exemplo, "Você gostaria de ter mais uma pessoa aqui?", "você se atrai por outra pessoa?", “e outra pessoa aqui, junto com a gente?.”

Segundo Marinhos, o importante, no momento, é sinalizar seu interesse nesse tipo de assunto. “Você pode começar com um discurso sobre que tipo de fantasia te atrai, o que você gostaria de fazer na cama. Lembrando que essa primeira conversa nada tem a ver com de fato acontecer, não é concreto, não há pressão.”

Quando o assunto fluir, é a hora de decidir se o sexo a três pode, de fato, acontecer com o casal. “Nada é fixo e duradouro, então a opinião das pessoas pode mudar. É preciso ser paciente e entender que todas as pessoas precisam de tempo para compreender e decidirem o que desejam quando se trata de sexo”, complementa Ana Júlia.

A hora H

Chegou a hora. Vocês decidiram fazer sexo a três, encontraram a pessoa certa, conversaram e estão preparados para dar esse passo. E agora?

Uma alternativa para não sofrer de ansiedade é criar um ‘script’ da noite, conta Marinhos.  “É muito importante que o casal organize esse momento. Onde é que vai ser? Tem casais que podem organizar o próprio script. ‘Então, a gente vai chegar, vai beber alguma coisa, vai dançar, vai jogar, vai brincar. Alguma coisa vai começar’. Organizar gera segurança.”

Saiba dividir a atenção - o sexo é a três, então o trio precisam participar e também receber prazer. Ao menos que seja o combinado, não vale priorizar uma pessoa só e deixar a outra de lado.

A camisinha também não pode faltar: a cada troca de indivíduo na hora do sexo, é necessário também trocar o preservativo. Se um homem está penetrando uma pessoa e quer penetrar outra, por exemplo, a camisinha também precisa ser mudada.

Outra parte importantíssima é a ‘safeword’, termo que representa uma palavra ou frase usada para comunicar consentimento, limites e garantir a segurança e o bem-estar de todos os participantes durante o sexo.

“Crie palavras-chave que possam sinalizar "não estou gostando", "quero parar", para que se essas palavras forem ditas, a relação tem que acabar. Essa terceira pessoa também tem que entender, né? Que isso pode vir a acontecer e se esse casal não ficar confortável, muito provavelmente eles vão parar e se respeitar ali nesse momento.”

Onde encontrar parceiros?

Se você e seu parceiro querem encontrar uma terceira pessoa, não é necessário se preocupar. Hoje em dia, é cada vez mais comum encontrar pessoas que topam o convite e aceitam participar de um ménage.

Para quem deseja uma forma mais física, clubes de swing e baladas liberais são locais possíveis para encontrar alguém para o sexo a três. “Como mulher solteira, visito muitas baladas liberais com alguns colegas, e lá, já encontrei muitos casais que querem me ‘estrear’ com um ménage. Foram ótimas experiências”, diz Katelyn*, assistente de recursos humanos e visitante ‘ocasional’ de casas de swing.

Com o advento da internet, ficou ainda mais fácil encontrar pessoas adeptas a novas formas de se relacionar. 

“Os apps de namoro foram essenciais para minha própria descoberta. Eu não tinha com quem conversar sobre isso, tinha vergonha, então eu colocava uma foto preta e mandava ver. Você não tem noção de quantas pessoas me mandavam mensagem nesses apps querendo que eu participasse de um ménage. Até conhecidos. Foi polêmico”, continua. 

Hoje em dia, existem várias plataformas online projetadas especificamente para encontros casuais ou relacionamentos abertos, como Tinder, Feeld e 3nder, o que torna o processo ainda mais fácil: “você precisa querer experimentar. Seja pela internet ou em baladas, não precisa ter medo. Só vai”, finaliza.