Bruna Griphao e Gabriel Tavares protagonizaram polêmica sobre relação tóxica no 'BBB 23'
Reprodução/Globo - 23.01.2023
Bruna Griphao e Gabriel Tavares protagonizaram polêmica sobre relação tóxica no 'BBB 23'

Você sabe o que é um relacionamento tóxico? Esse termo entrou para os tópicos mais discutidos de todas as redes sociais durante a noite de domingo (22). O programa Big Brother Brasil levantou essa discussão quando o apresentador Tadeu Schmidt alertou os jogadores sobre o relacionamento dos participantes Gabriel Tavares e Bruna Griphao.

Tavares foi acusado pelos telespectadores, durante a primeira semana do reality, de apresentar comportamentos machistas e tóxicos contra Griphao. Em certa ocasião, a atriz afirmou que era “o homem da relação” e, em resposta, o participante alegou que ela iria “tomar umas cotoveladas na boca.”

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Em resposta às críticas e à preocupação do público, Tadeu se pronunciou em rede nacional. "Vocês estão percebendo que tem alguma coisa errada? Estou aqui para fazer um alerta antes que seja tarde", advertiu Schmidt. "Quem está envolvido em um relacionamento, talvez, nem perceba, ache que é normal. Mas quem tá de fora consegue enxergar quando os limites estão prestes a serem gravemente ultrapassados".

Em entrevista ao iG Delas, a psicóloga Marcela Bezerra Dias, especialista em Psicologia positiva e autora do livro “Receita emocional”, explica que um relacionamento tóxico é construído na tentativa de uma pessoa manipular, controlar e interferir nas escolhas individuais do parceiro.

Não existem vítimas ou abusadores específicos - qualquer pessoa pode sofrer ou ter comportamentos tóxicos em uma relação. A masculinidade tóxica, no entanto, é catalisadora de padrões de agressividade, já que esses comportamentos colocam a mulher como o gênero inferior e promovem uma cultura de opressão, violência e supressão de emoções.

Marcela explica que neste tipo de relacionamento, aos poucos e de forma constante, acontece uma desconstrução da personalidade do parceiro e a redução de seu papel social, por meio de rompimento de seus vínculos sociais. A vítima é levada a uma nova realidade, que, no caso, é formada por abusos e violações, que podem ser psicológicos, físicos, verbais, financeiros, sexuais e emocionais.

Existem diversos sinais que indicam que um relacionamento é abusivo e tóxico. No entanto, nem todos são tão claros para o casal ou para sua rede de apoio, já que, segundo a médica psiquiatra Jéssica Martani, eles podem ser confundidos com sinais de afeto comuns em um relacionamento saudável. 

“Gosto de usar a metáfora de uma teia. O relacionamento abusivo não amedronta, ele é invisível. Vai te aprisionando de maneira lenta e bem arquitetada. Há de início um carinho e atenção excessivos, um falso amor incondicional, que acaba por fazer a pessoa se sentir especial porém tudo vai se arquitetando e o relacionamento começa a perder os limites”, exemplifica a psiquiatra.

É o caso da superproteção, que diminui a vítima e a encaixa em um papel de dependência física e emocional de seu agressor. A constante vigilância e atenção são traços abusivos que podem ser lidos como atos de preocupação e carinho, e é comum, segundo os especialistas, que muitas pessoas não consigam diferenciar esses aspectos.

As vítimas desse relacionamento também sofrem com a autossabotagem. “Aos poucos, a pessoa começa a sabotar-se com a redução da autoestima, sinais de elevada ansiedade e episódios de depressão, como deixar de praticar atividades antes tidas como prazerosas”, retoma Bezerra. A médica afirma que essas pessoas exibem dificuldades ao realizar escolhas próprias, buscando a todo momento aprovação e apoio.

A tendência, com o avanço do relacionamento, é que o casal se afaste da família e dos amigos. “Eles não escutam quem julga problemática a relação por considerarem que as pessoas “não entendem”, que o que aconteceu “não foi bem assim” que “não era nada de mais”, que “não há motivo para se preocupar com algo tão banal”, relata Ronaldo Coelho, professor de Psicanálise e Análise do Discurso.

Além disso, as vítimas costumam não detectar ameaças como uma linguagem violenta e, sim, como um “cuidado disfarçado”. Para essas pessoas, ler as mensagens pessoais sem consentimento pode significar ‘preocupação’; pedir para que se coloque roupas ‘mais longas’ é confundido como ‘preservação’ e não deixar o parceiro sair sozinho é visto como um ato de ‘segurança'.

Marcela aponta que, com a construção desses comportamentos, o casal é imerso num ambiente de tensão, medo e insegurança, onde, aos poucos, a pessoa perde sua identidade e passa a ser parte da objetificação pelo abusador.

Mas, se é tão difícil enxergar esses problemas em um relacionamento, como é possível se livrar deles? Se você percebe que está com um parceiro que não é saudável e tem comportamentos abusivos, pode ser o momento de encerrar essa relação.

“O limite [entre o relacionamento saudável e tóxico] é quando percebemos que apenas um lado cede, é quando notamos que estamos tentando ser outra pessoa para agradar o outro e o outro não nos aceita da maneira que somos. É também quando percebemos que nossos gostos e autonomia estão sendo desrespeitados”, diz Martani.

Contar com ajuda da rede de apoio, como pais, amigos e familiares, é essencial para passar por esse momento. Quando tóxico, um relacionamento isola o casal, o afastando das pessoas de seu ciclo diário. Reestabelecer essas conexões pode ser uma das curas para os danos da saúde emocional causados pelo abusador.

Buscar apoio profissional também pode ajudar a vítima a se livrar de vícios emocionais e comportamentos destrutivos adquiridos durante o relacionamento - a psicoterapia ajuda na reconstrução da autoestima e na saúde mental do indivíduo.

Já para quem enxerga esses comportamentos abusivos em relacionamentos de amigos ou família e quer ajudar, a solução pode ser delicada. “Vá com calma e mesmo que a pessoa discorde de você, não desista e não abandone, mantenha-se por perto e ofereça ajuda sempre”, finaliza a psiquiatra.

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