Novelas, filmes, “Reallity Shows” e a exposição dos relacionamentos de casais famosos na mídia tiveram importante papel para que atualmente o termo “relacionamento tóxico” ganhasse os holofotes. Oportunamente, cresce - cada vez mais - debates sociais sobre este
tema, principalmente, com o expressivo aumento do número de agressões domésticas e feminicídio no Brasil.
Michella Marys, especialista em psicanálise e saúde mental, afirma que a Codependência Emocional Afetiva é um transtorno emocional de dependência considerado crônico, no qual o indivíduo codependente acredita que depende emocionalmente do(a) parceiro(a). Esta crença faz com que aceite situações inadmissíveis para servir e salvar,
pois deseja que o outro também se sinta dependente dela(e) e que fique sempre perto, sob seus olhos.
Entre no canal do iG Delas no Telegram
e fique por dentro de todas as notícias sobre beleza, moda, comportamento, sexo e muito mais!
Em função do transtorno, o codependente busca, através da relação com o outro, tudo o que falta em si mesmo, o que pode despertar comportamentos patológicos cujas consequências são destrutivas, já que ele deixa de viver a sua própria vida, seus sonhos e de ter o foco em si, anulando-se, para depositar grandes expectativas no relacionamento e no parceiro.
O codependente passa a viver a vida deste, como se fosse uma obsessão. Neste contexto, o codependente acaba repetindo o mesmo padrão de relacionamento disfuncional e – mesmo sofrendo - não consegue se desvincular. Michella aponta alguns sinais deste transtorno e como tratá-lo.
- Não se sente valorizada(o), pois traz consigo – inconscientemente – a crença de que tem pouco ou nenhum valor;
- Por acreditar que “pouco” é suficiente, manifesta relacionamentos nos quais também se sente desvalorizada(o), rejeitada(o) e estas relações só fortalecem ainda mais a crença já antiga acerca do pouco merecimento. Afinal, o Ego trabalha todo tempo para consolidar a personalidade que a(o) codependente criou ao longo da sua vida;
- Cheia(o) de dúvidas, inseguranças, falta de confiança, baixa autoestima, falta de amor próprio e o medo da rejeição, da perda e da solidão fazem com que a(o) codependente atraia “relações tóxicas” que disparam gatilhos e trazem à tona suas fragilidades: a necessidade de ser vista(o) e aprovado(a) faz com que submeta, corra atrás e, ainda, se sinta culpada(o) pelos possíveis desentendimentos no relacionamento. Para a(o) codependente os fins justificam os meios e tudo vale para suprir o vazio emocional existencial;
- O receio de “mais uma vez” ser rejeitada(o), abandonada(o) ou trocada(o) ativa mecanismos como o controle exacerbado. Muitas vezes a(o) codependente interpreta atitudes simples como rejeição quando na verdade não foi, dentre tantos outros comportamentos abusivos que adota automaticamente sem perceber e essa somatória traz embaraços para o relacionamento.
- A simples hipótese de se imaginar sem o(a) parceira(o) causa angústia, pois a(o) codependente acredita veementemente que a vida não terá sentido sem o outro. A insegurança e o medo de perder fazem com que o desespero tome conta e para que esse temor não vire realidade, ela(e) acredita que precisa se doar e servir, mas nem capta que é desproporcional;
- De um lado o codependente se anula, não se impõe, se submete e se doa em demasia; do outro lado, seu/sua parceiro(a) - consciente ou inconscientemente - fica na zona de conforto, manipula, desvaloriza, rejeita no cotidiano, pois não vislumbra mais a(o) parceira(o), mas uma sombra sobrevivente so seu dispor, já que se perdeu nesse emaranhado de emoções ao tirar o foco de si para viver em função dele(a).
- Pode chegar a estágios mais graves, um exemplo é: só o fato de saber que o(a) parceiro(a) saiu ou vai sair, causa na(o) codependente pavor ao pensar e já imaginar que o outro vai encontrar alguém na rua e cair de amores por outra pessoa mesmo sem ter os mínimos indícios para tal conclusão, pois estes pensamentos invadem a mente da(o) codependente que tem a sensação que está num abismo ou num corredor rumo a sentença final. Ela(e) até deseja sair da situação, mas acredita que não consegue.
Marys, que também é especialista em “Criança Interior Ferida”, ressalta a importância de buscar tratamento em caso de identificação com a Codependência Emocional Afetiva. “Mais importante é construir um caminho de autoconhecimento, perceber os gatilhos que
desencadeiam determinados comportamentos e evitar as situações que expõem os envolvidos. Além disso, é crucial desenvolver a autoconfiança e a autoestima, algo que exige esforço e dedicação”, recomenda.
Acompanhe também perfil geral do Portal iG no Telegram !