Priscila Josefick e Shamil Carlos mostrando que existe vida sexual após os filhos
Priscila Josefick
Priscila Josefick e Shamil Carlos mostrando que existe vida sexual após os filhos


Sexo ainda é um grande tabu no que diz respeito à maternidade. Por exemplo, um mito que ainda tem força é o de que grávidas não podem transar - enquanto, na verdade, cada vez mais mulheres relatam um aumento na libido durante a gestação. Mas depois que passa o resguardo de 40 dias, como fica a  vida sexual desta mulher?

A psicóloga Priscila Brasco conta que ao longo do período puerperal, estima-se que 86% das mulheres apresentam queixas sexuais, sendo as principais delas relacionadas à falta de desejo ou dor durante a penetração.

“Em relação ao desejo, sabemos que em termos hormonais, grande parte desta diminuição é devido à alta produção de prolactina presente no processo de amamentação. Ela age de forma antagônica (inibindo ou anulando) à produção de testosterona, hormônio responsável pelo desejo sexual”, explica.

Na prática rola sexo?

Quem relata ter passado por isso é Andressa Fontes Guedes Coelho (28), assistente de relacionamento e mãe de um bebê de dois anos. Ela comenta que a maioria de suas amigas que também são mães demoraram cerca de um ano para voltar a transar.

“Eu fiquei com a libido bem baixa na gravidez e sinto que entrei em uma espécie de casulo onde precisava respeitar o meu tempo para voltar a transar. Principalmente para reconhecer o meu corpo novo”, diz Andressa.

A empreendedora e digital influencer Priscila Josefick (34), mãe de duas crianças (uma de 5 anos e outra de quase 2), lembra que ela e seu companheiro foram morar juntos 15 dias antes do nascimento do primeiro filho. “A gente não teve aquela coisa de curtir a casa, transar em todos os lugares”, recorda.

Neste ano, Priscila e o marido foram convidados por um motel para passar uma noite lá e mostrar que existe vida após os filhos. Eles até fizeram um vídeo bem humorado mostrando a expectativa e a realidade. “O sexo existe, mas não como era antes. Quando a gente ia para o motel e transava todas as vezes possíveis para valer a pena o tempo de estar lá. Foi muito bom porque fazia muito tempo que não conseguíamos ficar sozinhos”, conta.

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Auto estimulação para se reconhecer


Juliana Thaisa, terapeuta orgástica, educadora e consultora sexual, mãe de uma criança de 3 anos, comenta que para além dos hormônios, a sociedade ainda tem uma visão muito puritana quanto às  gestantes e mães.

"Não é que mãe não goste de sexo ou não tenha tempo - que também é uma questão -, mas existem outras coisas. Essa mulher tem oportunidades de viver momentos que lembrem ela de que ela é mulher e não só mãe? A pessoa que está junto só cobra por sexo ou participa dessa construção e valorização? Como a pessoa parceira procura ela? O estímulo da libido vai além das preliminares ", reflete Juliana.

Como dica, a terapeuta diz que a  auto-estimulação (mais conhecida como masturbação) é um bom ponto de partida para esta mulher se reconhecer neste novo corpo, personalidade, desejos. "Porém, é importante que ela partilhe o que gosta e como gosta com a pessoa que ela está, para que ela tenha um sexo de qualidade e não uma rapidinha por orgasmo todas as vezes."



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