Quando um casal está junto há muito tempo, é comum a relação cair na rotina e se desgastar. Como consequência, o desejo sexual vai diminuindo e o sexo esfria. Uma leitora do Delas nos escreveu dizendo que está passando por essa situação em que a relação sexual está morna e o prazer cada vez menor. Além disso, o caso dela tem um detalhe importante: ela é casada há mais de 20 anos. Diante disso, a leitora quer saber: o que fazer?
A falta de desejo sexual pode estar atrelada a uma série de fatores que interferem na dinâmica sexual do casal. De acordo com a sexóloga Virgínia Gaia, é fundamental entender que algo que acontece na sexualidade, na intimidade do casal, acaba se refletindo no relacionamento e vice e versa.
Situações do dia a dia que acabam virando um padrão para o casal também podem influenciar no sexo. Ou seja, se o casal está passando por um problema na relação e discutindo muito, por exemplo, isso vai afetar o sexo e fazer com que não seja algo tão prazeroso. Por outro lado, se a relação sexual não está satisfazendo ambos, é comum que em outros momentos isso se reflita de alguma forma na vida a dois, seja em discussões ou desentendimentos.
Segundo Virgínia, é possível listar os principais fatores que desgastam um relacionamento e, consequentemente, diminuem o prazer sexual :
- Modo automático
“Existe um grande mito de que o desejo e a atração sexual acontecem automaticamente, espontaneamente, quando, na verdade, as coisas não são bem assim”, fala. De acordo com a sexóloga, por achar que as coisas acontecem automaticamente, o casal deixa de excitar um ao outro e acaba caindo na rotina. “O sexo acaba virando mais um item da agenda do casal a ser preenchido e isso é muito complicado”, fala.
- T abu do sexo
O fato do sexo ainda ser um tabu para muitas pessoas é algo que reflete no prazer. A sexóloga fala que por conta desse tabu é comum existir a dificuldade de sugerir coisas novas e falar o que gosta na hora do sexo. “Por incrível que pareça, existem casais que são casados há anos, mas nunca tiveram uma conversa aberta e franca, sinalizando o que gostam”, diz.
- Desgaste diário
As questões do dia a dia também podem ter consequências no sexo. “Esse desgaste diário, as pequenas discussões, as questões banais do dia a dia acabam criando questões emocionais que podem refletir também na hora do sexo”, fala.
O desejo sexual diminuiu, e agora?
Rever as questões citadas acima é o primeiro passo para trabalhar o resgate do desejo sexual. Após isso, se o casal tem intimidade e um bom companheirismo, Virgínia fala que é hora de trabalhar os chamados gatilhos de excitação ou gatilhos sexuais. “Nós vamos procurar encontrar maneiras de fazer a excitação daquele casal ser um pouco mais quente, um pouco mais sexy”, fala.
Para isso, a sexóloga diz que é interessante repensar a dinâmica do casal e resgatar a individualidade, a autoestima e o amor próprio de cada um dos indivíduos da dupla. “Despertar a autonomia e a individualidade dentro do relacionamento, destituindo esse vigor de se sentir mais seguro, mais livre e mais autônomo, muitas vezes acaba gerando uma atração maior, porque se resgata a admiração do início do relacionamento”, explica.
Além disso, outro ponto fundamental para resgatar o desejo e o prazer sexual é perceber se os parceiros realmente entendem o corpo um do outro. Virgínia ressalta a importância de entender melhor os gatilhos de desejo e o que excita o outro. Ela explica que pode ser até que o casal precise de um trabalho terapêutico para que isso floresça novamente.
Por fim, como sempre comentamos aqui no Delas , a sexóloga relembra a importância do diálogo entre o casal. Quebrar esse tabu do sexo e falar sobre o que gosta ou não na cama é fundamental. Só assim o outro vai entender o que te satisfaz e o que deve ser evitado. Se tiver vergonha, você pode tentar sinalizar durante a relação, mas nada substitui uma boa conversa.
O prazer na hora do sexo
Além da falta de desejo, a nossa leitora comentou sobre o fato de não sentir prazer durante a penetração e questiona se isso é normal. “Não sinto dor, fico lubrificada e tenho relação normal com o meu marido, só não tenho prazer com a penetração, somente através do clitóris”, escreveu.
De acordo com a sexóloga, isso é completamente normal e não há nada de errado nem com ela e nem com as relações que ela tem com o marido. Na verdade, existem muitas mulheres na mesma situação da leitora. Segundo Virgínia, cerca de 80% das mulheres não sentem prazer com a penetração ou não têm prazer sem a estimulação direta do clitóris.
O que acontece que é que essa informação é desconhecida e as mulheres acham que há algo de errado com elas. “Buscar o prazer com a penetração é uma coisa que pode ser bacana, pode ser uma grande aventura, mas nenhuma mulher deve se sentir errada ou diferente se não sentir prazer dessa forma”, fala a profissional.
“Então, a primeira que se deve trabalhar é que não há nada de errado com ela pelo fato de não sentir prazer durante a penetração. Se ela sentir prazer com outros tipos de estimulação e conseguir o orgasmo, está ok”, diz. “Não ter orgasmo durante a penetração não caracteriza nenhum tipo de disfunção. O que vai caracterizar alguma disfunção é não ter orgasmo de nenhuma maneira”, completa.
A sexóloga explica que existem algumas formas de incrementar o sexo e aprimorar o prazer sexual. O primeiro é o pompoarismo ou a ginástica íntima, que são exercícios para o fortalecimento da musculatura circunvaginal e pélvica que vão ajudar a aumentar a sensibilidade da região, já que melhoram a circulação.
Outra ferramenta são os produtos eróticos que aumentam o prazer durante a relação sexual e, principalmente, durante a penetração. Virgínia sugere o uso dos lubrificantes funcionais, que são aqueles podem causar sensação de formigamento, quente ou frio. “O próprio lubrificante comum, a base de água, só para melhorar a lubrificação, já ajuda na sensação durante a penetração”, fala.
Colocar em prática algumas dicas na hora do sexo podem ajudar a aumentar o desejo sexual e o prazer durante a penetração. “A mulher pode estimular o clitóris com as mãos enquanto está sendo penetrada naquela posição de cavalgar , por exemplo”, sugere a sexóloga. Se não quiser fazer a estimulação com as mãos, é possível usar vibradores.
Por fim, se conhecer e saber o que te causa prazer é uma boa forma de melhorar o sexo. “Às vezes a falta de intimidade, de falar sobre si mesma ou sobre o próprio corpo com o parceiro acaba refletindo na prática do sexo em si”, finaliza a sexóloga. E lembre-se: o principal é não encarar tudo isso como uma obrigação. O sexo deve ser algo divertido e prazeroso, sem neuras ou regras a serem seguidas.
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