Entre os diversos tipos de regimes alimentares que entram em pauta de tempos em tempos, a dieta mediterrânea é, provavelmente, uma das mais populares. E não é à toa. Diversos estudos já comprovaram os beneficíos para a saúde desse tipo de alimentação, que, inclusive, foi eleita, pelo sexto ano, como a melhor dieta para 2023, segundo o US News & World Report.
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“A dieta mediterrânea é caracterizada pelo alto consumo de alimentos como frutas, verduras, legumes, cereais, leguminosas como grão-de-bico e lentilha, oleaginosas como amêndoas, azeitonas e nozes, peixes, leite e derivados, incluindo iogurte e queijos. Vinhos, azeite de oliva e uma enorme variedade de ervas de cheiro também estão liberadas nessa dieta. Além disso, deve-se consumir pouco de carnes vermelhas, gorduras de origem animal, produtos industrializados e alimentos ricos em gordura e açúcar”, explica a médica nutróloga Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
E as evidências que incentivam a adoção desse tipo de dieta não param de surgir. Em janeiro, por exemplo, uma revisão publicada no periódico científico Nutrients mostrou que a dieta mediterranêa pode ajudar casais a superar a infertilidade e a conquistar o sonho de ter um filho.
De acordo com os pesquisadores responsáveis pela pesquisa, o impacto da dieta mediterrânea na fertilidade está relacionado às propriedades anti-inflamatórias desse tipo de alimentação.
“A dieta ociedental é comumente composta por quantidade excessivas de gorduras saturadas, carboidratos refinados e proteínas animais, além de ser pobre em fibras, vitaminas e minerais, o que faz com que esteja associada a altos níveis de inflamação. E possuímos extensas evidências de que a inflamação do organismo pode afetar a fertilidade feminina e masculina, contribuindo para a diminuição da qualidade seminal, desregulação dos ciclos menstruais, falhas na implantação embrionária e outras sequelas reprodutivas”, diz Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, em São Paulo.
Em contrapartida, o estudo apresentou evidências consistentes de que a adoção de uma dieta anti-inflamatória, principalmente com consumo aumentado de gorduras poliinsaturadas e flavonóides e baixa ingestão de carnes vermelhas e processadas, como é o caso da dieta mediterrânea, pode melhorar a fertilidade e a qualidade do esperma, aumentando as chances de o casal conceber um bebê.
“E os benefícios da dieta mediterrânea não se restringem apenas aos casais que estão tentando conceber naturalmente, mas também para aqueles que precisam recorrer as técnicas de reprodução assistida, como a Fertilização In Vitro”, destaca o especialista em reprodução humana.
Apesar de possuir limitações, com mais estudos sobre o assunto sendo necessários, a revisão mostra-se de grande relevância por destacar as mudanças na nutrição pré-concepção como uma estratégia eficaz, não invasiva e acessível para melhorar a fertilidade e aumentar as chances de o casal conceber um filho, o que é especialmente importante dado o fato de a infertilidade ser um problema de saúde global que afeta cerca de 8 milhões de casais no Brasil e 80 milhões mundialmente.
“A infertilidade é definida como a ausência de gravidez após doze meses de tentativas sem uso de métodos contraceptivos e com relações sexuais bem distribuídas ao longo do ciclo menstrual”, explica o médico. No entanto, Rodrigo Rosa ressalta que, se você está há mais de 12 meses tentando engravidar sem sucesso, o mais importante é consultar um especialista em reprodução humana.
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“A infertilidade pode ser causada por diversos fatores e apenas um profissional especializado poderá realizar uma avaliação aprofundada para identificar a real causa do problema, assim recomendando o tratamento adequado ou, quando a causa da infertilidade não pode ser revertida, métodos de reprodução assistida”, finaliza o especialista.