Mesmo sendo o tipo de câncer mais comum e letal entre as mulheres no país, o câncer de mama ainda é cercado por desinformação . É o que mostra o Índice de Conscientização sobre o Câncer de Mama 2025, pesquisa conduzida pelo Instituto Natura e pela Avon dentro do Movimento pelo Cuidado das Mamas. Segundo o levantamento, 37% das brasileiras associam a doença apenas ao surgimento de um nódulo, desconhecendo outros sinais de alerta .
A mastologista Juliana Francisco, consultora médica da Avon, explica que o nódulo é apenas um dos possíveis indícios.
“Alterações na pele, como vermelhidão, inchaço ou aspecto de casca de laranja, além de retração, inversão ou secreção no mamilo, também podem indicar câncer de mama”, detalha.
Ela reforça que conhecer o próprio corpo é importante, mas não substitui o acompanhamento médico regular .
“A consulta anual com o ginecologista e a realização da mamografia são medidas indispensáveis” , afirma.
Exames e rastreamento
De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia, a mamografia deve ser feita todos os anos a partir dos 40 anos de idade — recomendação que passou a ser adotada também pelo Ministério da Saúde, após atualização divulgada em setembro.
Para mulheres com histórico familiar da doença, o rastreio precisa começar dez anos antes da idade em que o parente de primeiro grau recebeu o diagnóstico, com início mínimo aos 30 anos. Caso surjam sintomas, a legislação brasileira garante o acesso à mamografia em até 30 dias após o pedido médico — o mesmo prazo se aplica à biópsia, conforme determina a chamada Lei dos 30 Dias.
Prevenção e hábitos de vida
A pesquisa também revelou que 17% das entrevistadas acreditam que o autoexame reduz o risco de desenvolver câncer de mama. O dado, segundo especialistas, aponta uma confusão comum: o autoexame contribui para a detecção precoce, mas não tem efeito preventivo.
Há fatores de risco que não podem ser controlados — como a herança genética, a menarca precoce e a menopausa tardia. No entanto, outros estão diretamente ligados ao estilo de vida.
“A obesidade, o sedentarismo e o consumo excessivo de álcool são exemplos de hábitos que aumentam a probabilidade de desenvolver o câncer de mama”, explica Mariana Lorencinho, líder de Políticas Públicas de Saúde das Mulheres no Instituto Natura.
Segundo ela, a informação é a melhor aliada.
“A conscientização baseada em dados confiáveis dá às mulheres as ferramentas para agir: buscar diagnóstico precoce, adotar hábitos mais saudáveis e conhecer seus direitos quando precisam de atendimento.”
A mastologista Juliana Francisco reforça o papel do autocuidado cotidiano.
“Manter-se fisicamente ativa, ter uma alimentação rica em frutas e vegetais, evitar bebidas alcoólicas e, sempre que possível, amamentar — são atitudes que ajudam a proteger a saúde das mamas”, orienta.
Como foi feita a pesquisa
O Índice de Conscientização sobre o Câncer de Mama foi conduzido pela consultoria Somatório Inteligência entre 6 de julho e 10 de agosto de 2025, a pedido do Instituto Natura e da Avon, que há mais de duas décadas desenvolvem ações voltadas à saúde feminina.
O levantamento ouviu 2.662 mulheres com mais de 18 anos em todas as regiões do Brasil, com cotas por idade, classe social e localidade. As entrevistas foram realizadas metade por telefone e metade presencialmente. O estudo tem margem de erro de 1,9% e nível de confiança de 95%.
A maior concentração de participantes veio do Sudeste (43%), seguido do Nordeste (26%) e do Sul (15%). Já as regiões Norte e Centro-Oeste representaram 8% cada do total de entrevistadas.