Rastreamento de câncer de mama agora é recomendado desde os 40 anos
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Rastreamento de câncer de mama agora é recomendado desde os 40 anos

O Ministério da Saúde anunciou recentemente uma mudança nas recomendações de rastreamento do câncer de mama, permitindo que mulheres entre 40 e 49 anos realizem exames preventivos regularmente . A decisão representa um avanço importante na detecção precoce da doença, que ainda é uma das principais causas de morte entre mulheres no Brasil.

Segundo Fabiana Makdissi, líder do Centro de Referência de Tumores da Mama do A.C.Camargo Cancer Center, os benefícios dessa ampliação são significativos: “A partir dos 40 anos, já existe evidência robusta de que a realização de exames periódicos reduz a mortalidade por câncer de mama. No nosso grupo, 42% das pacientes diagnosticadas têm entre 40 e 49 anos. Imagine o impacto se todas tivessem acesso ao rastreamento precoce: os tratamentos seriam mais eficazes e curativos” .


Makdissi ressalta, no entanto, que a medida só gera efeito real se as mulheres de fato realizarem os exames .

“Ter a recomendação é o primeiro passo, mas precisamos que os exames sejam realizados. Atualmente, menos de 25% das mulheres nessa faixa etária fazem o rastreio, o que é insuficiente para que ele seja considerado adequado”, afirma.

A especialista também aborda a questão da capacidade do sistema de saúde: “ Temos mamógrafos suficientes no país para atender a população a partir dos 40 anos. O desafio é garantir que os exames sejam feitos com qualidade e acessíveis em todas as regiões, evitando sobrecarga em centros concentrados”.

O avanço tecnológico nos exames e o acesso a medicamentos inovadores também contribuem para melhores resultados clínicos.

“Quanto mais moderna e precisa for a tecnologia, maior a chance de diagnóstico precoce. E medicamentos inovadores aumentam significativamente a sobrevida das pacientes, incluindo aquelas com doença metastática”, explica Makdissi.

Outro ponto crucial é o tempo entre diagnóstico e início do tratamento. Leis federais garantem que o diagnóstico seja confirmado em até 30 dias e o tratamento iniciado em até 60 dias, mas o acesso desigual entre regiões ainda representa um desafio.

“Precisamos de fluxos organizados que respeitem essas leis e atendam a todas as pacientes, independentemente de onde elas vivem. O objetivo é reduzir atrasos e garantir tratamento especializado e adequado” , afirma a especialista.

A experiência de Karina Souza (imagem de destaque), paciente do A.C.Camargo, ilustra a importância do rastreamento precoce. Aos 40 anos, ela descobriu um câncer de mama por meio de uma ressonância magnética .

“Eu sempre fazia mamografia, mas não tinha o hábito do autoexame. Um ano antes, meu exame estava normal. Um ano depois, a ressonância detectou o tumor. Graças ao diagnóstico rápido, iniciei meu tratamento em 15 dias”, conta Karina.

Ela reforça a importância do autoconhecimento e dos exames preventivos: “O autoexame e os exames periódicos são fundamentais para detectar a doença precocemente. O diagnóstico precoce aumenta a chance de cura para mais de 90%. Além disso, é essencial buscar uma segunda opinião e não adiar qualquer dúvida sobre a saúde”, recomenda.

O recado de Karina é claro: cuidar do corpo e da saúde emocional, praticar exercícios, manter alimentação equilibrada e, acima de tudo, se amar. Outubro Rosa reforça a necessidade de atenção contínua à prevenção e ao rastreamento do câncer de mama, sobretudo entre mulheres a partir dos 40 anos.

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