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Muitas meninas enfrentam cólicas menstruais tão fortes que chegam a faltar aulas ou abandonar atividades que gostam. Mas será que isso é normal? A adolescência é uma fase de descobertas e transformações no corpo feminino, mas para algumas meninas, esse período pode ser muito doloroso e preocupante. 

A endometriose, uma doença que afeta milhões de mulheres em todo o mundo, pode dar os primeiros sinais ainda na adolescência, impactando a qualidade de vida e o bem-estar emocional.

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Ao iG Delas, o ginecologista Dr. Thiers Soares, especialista em Endometriose, Adenomiose e Miomas, explica que a endometriose é caracterizada pela presença do tecido similar ao endométrio fora do útero, sendo a pelve feminina a principal região afetada. Embora muitas pessoas acreditem que cólicas menstruais intensas são normais, essa visão pode atrasar o diagnóstico e agravar a condição. 

Quando ligar o alerta?

"Na adolescente, tem como característica da endometriose dor no período menstrual, mas é claro que algumas adolescentes têm um padrão irregular no início do seu ciclo, então é preciso prestar atenção na dor fora do período menstrual”, explica o Dr. Thiers.

O especialista ainda alerta que a presença de dor durante a relação sexua l em adolescentes também pode ser um indicativo. Outros sinais incluem náusea, vômito e sintomas gastrointestinais intensos durante o período menstrual. 

Após perceberem sinais de que algo está errado, ou mesmo por prevenção, a adolescente e seus pais devem buscar a orientação de um especialista. O diagnóstico precoce é fundamental para iniciar o tratamento adequado e garantir uma melhor qualidade de vida.

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A falta de diagnóstico pode trazer impactos significativos para a adolescente. “O primeiro ponto é o comprometimento da qualidade de vida, com dor que leva a faltas no trabalho, na faculdade e impacta nas atividades diárias. Além disso, a dor tende a se cronificar, tornando-se muito mais difícil de tratar ao longo do tempo.”

“Impacto muito grande na vida da adolescente"

gravidez
drobotdean/Freepik
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Além da fertilidade e das dores crônicas, um diagnóstico tardio afeta profundamente a qualidade de vida e o emocional. Muitas vezes, ao deixarem de realizar atividades, as adolescentes podem ser vistas como frescas ou fracas, o que repercute negativamente em sua saúde mental. 

O medo também é uma constante, já que muitas escutam que podem ter dificuldades para engravidar no futuro, criando um receio constante sobre a possibilidade de se tornarem mães.

“A doença não tratada costuma impactar mais à medida que evolui, mas pode afetar desde cedo, especialmente se a mulher quiser engravidar mais jovem. Mesmo em casos de endometriose leve, ela pode ter impacto, embora, claro, a gravidade da doença tenda a causar efeitos mais significativos com o tempo”, explica.

Cólicas menstruais x dor da endometriose

cólica
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O ginecologista alerta que as cólicas menstruais, quando de alta intensidade, não devem ser tratadas como algo comum . “O período menstrual não é para ser um período sofrido ”, afirma. 

Quando a dor durante o ciclo é intensa, não pode ser considerada normal. Muitos ainda acreditam no estigma de que “a dor é normal” e que ela desaparece com o tempo ou após o casamento, mas essa ideia deve ser superada. 

“A dor não é normal”, reforça, destacando a importância de prestar atenção a sintomas persistentes, que podem ser sinais de condições como a endometriose.

Existe cura?

Tratamento
Lorraine Moreira
Tratamento

O tratamento da endometriose em adolescentes envolve diversas abordagens. Segundo o Dr. Thiers, “não existe mágica”, a paciente precisará adotar hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada e a prática de exercícios físicos. 

O acompanhamento psicológico, quando necessário, também é fundamental. Em alguns casos, pode ser indicado o uso de medicamentos sintomáticos ou anti-inflamatórios, mas o bloqueio hormonal é reservado para situações específicas. A cirurgia é considerada apenas em casos mais graves, já que a opção mais comum é tratar com medicamentos.

Além dos tratamentos médicos, alguns hábitos podem aliviar os sintomas. O sono, por exemplo, é crucial, pois “diminui a liberação de mediadores inflamatórios”. 

Quanto à cura, a endometriose não tem uma solução definitiva. Embora o tratamento melhore os sintomas e a qualidade de vida, a doença pode retornar com o tempo. "Não podemos considerar a paciente curada, pois a endometriose pode voltar ao longo da vida, mas podemos tratar e melhorar a qualidade de vida", explica.

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