Gabriele Galimberti, o fotográfo responsável pela campanha da grife espanhola Balenciaga que mostra crianças segurando objetos de BDSM, disse que tem recebido ameaças de morte nas últimas semanas após a polêmica.
Entre no canal do iG Delas no Telegram e fique por dentro de todas as notícias sobre beleza, moda, comportamento, sexo e muito mais!
Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, o fotógrafo revelou: "Recebo mensagens como 'Sabemos onde você mora', 'Estamos vindo para matar você e sua família', 'Vamos queimar sua casa', 'Você tem que se matar, pedófilo de merda'". Segundo ele, 90% das ameaças são de pessoas dos Estados Unidos.
Galimberti ainda reforçou que trabalhou apenas na campanha publicitária que trazia fotos de crianças com ursinhos de pelúcia associados à prática sexual, e não na campanha Adidas x Balenciaga em que aparecem documentos de um processo judicial sobre pornografia infantil.
De qualquer forma, ambas foram bastante compartilhadas nas redes sociais, o que deixou a entender que ele houvesse trabalhado nas duas. Ele disse que a mídia pegou as duas imagens e as publicou juntas, e por isso, admitiu estar processando quatro veículos de comunicação.
O fotógrafo também disse não ter opinado sobre as fotos. "Eu sou um fotógrafo documental. Fotografo o que encontro por lá. Para mim, não faz diferença se o quarto é vermelho ou amarelo".
Gabriele Galimberti acredita que a marca e seu diretor criativo, Denma, não fizeram o suficiente para lidar com as críticas durante o escândalo de quase um mês, o que teria colocado sua segurança em risco.
"Eu escrevia e-mails todos os dias — dois, três ou quatro e-mails por dia — dizendo a eles: 'Pessoal, as pessoas estão procurando por mim. Eles dizem que querem vir aqui e me matar", disse, alegando que a empresa o aconselhou a tornar sua conta no Instagram privada.
No início de dezembro, Denma, que supostamente não teria entrado em contato ou conversado com Galimberti sobre o assunto, usou as redes sociais para comentar a polêmica: "Quero me desculpar pessoalmente pela escolha artística errada do conceito para a campanha de presentes com as crianças e assumo minha responsabilidade . Era inapropriado fazer as crianças promoverem objetos que não tinham nada a ver com elas".
Ao The Guardian, Gabriele Galimberti ainda contou como a campanha foi realizada. As crianças fotografadas eram, segundo ele, filhos dos funcionários da própria Balenciaga. Mas antes que as imagens fossem feitas, ele alega ter feito testes com manequins para enviar para a aprovação da marca.
"Tiramos algumas fotos e depois as fotos foram da minha câmera para o computador de alguém e então eles enviaram essas fotos para [alguém na] sede da Balenciaga", disse ele. "Quando eles concordaram, simplesmente substituímos o manequim por uma criança de verdade".
Galimberti argumenta que os pais das crianças não demonstraram preocupação e que na ocasião ele mesmo confiou na marca e não viu "nada tão errado".
Esta foi a primeira vez que Gabriele Galimberti trabalhou em uma campanha de moda. Ele era conhecido anteriormente por 'Toy Stories' , uma série de imagens de crianças cercadas por seus brinquedos. Outro projeto, 'The Ameriguns' , lançado em 2020, fotografou americanos nos Estados Unidos com suas armas de fogo pessoais. Essa campanha também se tornou viral.
"Não foi a primeira vez que fico sob uma tempestade de merda", disse ele. "Naquela época, as pessoas estavam me acusando [de ser] um democrata maluco que odeia armas, mas eu estava pronto para me defender dessa acusação... Posso dizer: 'Sim, sou contra as armas'. Mas quando você é acusado de ser um pedófilo? Como você pode se defender?".
Ele disse que aceitou o trabalho de Balenciaga porque o cachê era 20 vezes maior do que o que ele receberia pelo trabalho documental. No entanto, confessou que desde então perdeu trabalhos, incluindo um projeto com a National Geographic e uma exposição.