A violência contra a mulher continua sendo o principal tipo de violência no Brasil. Dados obtidos pelo Instituto Igarapé mostram que, em 2020, todas as formas de violência contra a mulher aumentaram. Também revelam que as mulheres foram vítimas em 89% dos casos de violência sexual; 84% dos casos de violência psicológica; 83% dos casos de violência patrimonial; e 69% dos casos de violência física. Além disso, as mulheres têm 3,5 vezes mais chances de sofrerem violência do que os homens. A taxa de violência de mulheres é 270 para cada 1000 mil habitantes, enquanto a de homens é de 79.
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Os dados acima foram extraídos do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), vinculado ao SUS (Sistema Único de Saúde), e indicam que as informações provenientes do sistema de saúde são fundamentais para que se tenha um quadro mais fidedigno da gravidade do problema. Isso porque nem todas as mulheres denunciam as violências sofridas aos órgãos do sistema de justiça criminal. A comparação entre essas duas fontes nos permite verificar o desafio que ainda há com a subnotificação.
Segundo o DATASUS, em 2020, 3.822 mulheres foram assassinadas no Brasil, o que representa um aumento de 10% em comparação ao ano de 2019 e uma taxa de homicídio de mulheres de 3,7 para cada 100 mil habitantes.
Mulheres negras permanecem entre as principais vítimas e figuram em 67% dos casos em 2020, sendo 61% pardas e 6% pretas. Mulheres brancas correspondem a 29,5% dos casos, e indígenas, 1%. A taxa de homicídio de mulheres indígenas é 2,3 vezes maior que a de mulheres brancas. Entre 2000 e 2020, o assassinato de mulheres indígenas aumentou em 7 vezes. Já o assassinato de mulheres negras aumentou em 45% e o de mulheres brancas diminuiu em 33% no mesmo período.
Os dados do sistema de saúde mostram ainda que armas de fogo estão associadas aos aumentos da violência contra a mulher, inclusive de vítimas fatais. Em 2020, 50% das mulheres foram assassinadas com armas de fogo, o que representa um aumento de 5,7% em relação a 2019. A presença de armas de fogo nas residências é um elemento de desestabilização. Os dados mostram que 32% das mulheres foram assassinadas no interior de seus lares, com predominância de mulheres jovens, de 15 a 29 anos.
"A atualização constante desses dados é fundamental para se compreender o tamanho do problema. O aumento da violência contra a mulher precisa ser analisado sob perspectiva racial e etária e os dados precisam ser acompanhados de perto pelos tomadores de decisão”, afirma Renata Giannini, pesquisadora sênior à frente do projeto.
Os dados fazem parte da atualização da plataforma EVA (Evidências sobre Violências e Alternativas para mulheres e meninas) , desenvolvida pelo Instituto Igarapé com apoio da Uber, e foram lançados nesta terça-feira (22).