Apesar de o pole dance ser um esporte que tem ganhado cada vez mais popularidade e reconhecimento, praticado até mesmo por crianças e sendo indicado para se tornar uma modalidade olímpica, ele ainda é um visto com preconceito e julgamento às praticantes, devido à associação com as casas de striptease.
Para a professora de pole dance Giulia Api, parte dessa visão pejorativa é sustentada pela falta de conhecimento sobre o esporte. Ela defende que a busca por informações sobre o pole dance pode trazer um novo olhar para a prática.
“Acredito que quanto mais as pessoas se informam, mais as suas mentes se abrem para novas possibilidades e esses preconceitos diminuem. Como com qualquer coisa da vida”, diz Giulia.
A instrutora também pontua como o julgamento e a visão que “mulheres descentes não praticam pole dance” vêm muito do machismo e de um pensamento patriarcal da sociedade, que reprime qualquer atitude de liberdade feminina.
“Esse julgamento parte muito mais de mulheres criadas pelo patriarcado. É uma mentalidade machista, colocada nas nossas cabeças para nos atacarmos. O pole dance é uma expressão corporal, isso tem a ver com ser sensual, com expressar a sua sensualidade, sexualidade e feminilidade. Vivemos em uma sociedade muito machista, que acredita que para as mulheres serem respeitadas, elas não podem ser donas dos próprios corpos”, defende a professora.
Preconceito no universo do pole dance
Além do pré-julgamento vivido fora do ambiente do esporte, dento do pole dance modalidades menos sensuais e mais acrobáticas recebem mais respeito do que as que exploram a sexualidade.
Giulia Api já vivenciou situações de discriminação vindas de colegas do pole dance, por praticar uma vertente mais sensual. Ela conta que, por diversas vezes, ouvia comentários desagradáveis de outras mulheres, que a recriminavam por explorar a sensualidade.
“Quando eu comecei, há alguns anos, ouvia muito que o pole dance nunca seria respeitado, devido às coisas que o gênero sensual do esporte faz. Porém, com o tempo eu comecei a perceber que esta visão tem mudado. Hoje eu converso com alunas que entendem que trabalhar o sensual é algo terapêutico. Você está em um espaço no qual consegue se libertar de tudo, é empoderador e traz muita autoconfiança, autoestima”, fala a professora.
Giulia Api não é a única a ver o pole dance dessa forma. A instrutora Tatiane Redondo também argumenta que as origens do pole dance com as strippers não devem ser esquecidas e que essa desaprovação da sociedade está ligada com cerceamento da liberdade feminina.
“O pole dance tem essa parte do exercício, mas ele também é sensual. E está tudo bem se você não gosta da parte sexy, mas eu acredito ser importante respeitar quem gosta e se lembrar das origens do esporte. Porque o pole dance é uma prática maravilhosa, que proporciona às mulheres liberdade, o que assusta muitas vezes as pessoas que não concordam com a autonomia feminina”, diz a professora.
Tatiane é uma das mulheres que tiveram a autoestima mudada pelo esporte. Durante a pandemia, ela buscava um exercício físico que não precisasse ir a uma academia, encontrando no pole dance justamente o que procurava.
“Eu tinha muita vergonha do meu corpo porque eu nunca fui uma garota magra, sempre fiquei entre midsize e gorda. Porém, quando eu entrei no pole dance, comecei a trabalhar melhor a minha relação com o meu corpo. Hoje em dia eu me aceito, sinto-me bem e não ligo de mostrá-lo para outras pessoas. É como eu e minha amiga conversamos, o pole dance não é terapia, mas é terapêutico”, diz Tatiane.