Francine Massala, Renata Graciano, Taís França, Danúzia Carvalho, Rebeca Penna e Jéssica Gonçalves
Arquivo pessoal
Francine Massala, Renata Graciano, Taís França, Danúzia Carvalho, Rebeca Penna e Jéssica Gonçalves

Para torcedoras apaixonadas, o amor pelo time não tem limites. A história de amor pelo Flamengo da jornalista Renata Graciano, 41, começou ainda criança. Integrante da Urubuzada, ela diz que participar da torcida foi consequência da paixão. “Morava perto do Maracanã e isso facilitava frequentar. Meu irmão e meus amigos eram todos de organizada e é bem legal fazer parte de uma irmandade que tem um amor tão forte em comum”, diz. 

Algo semelhante aconteceu com Francine Malessa, 30, jornalista e presidente da Força Feminina Colorada. Torcedora do Internacional de Porto Alegre, ela conta que queria participar de uma torcida desde que se entende por gente.

“Entrei na torcida da FFC, da qual eu sou integrante desde 2014. A própria FFC surgiu com a ideia de reunir mulheres que iam ao estádio e não queriam ir sozinhas, queriam ter companhia até por uma questão de segurança. Hoje a FFC é uma grande parte da minha vida, é um espaço de convivência, espaço que eu tenho amigas e vivo essa questão de representatividade de torcedora”, conta.  

Para a estudante Rebeca Penna, 19, participar da torcida tinha a ver com encontrar outras mulheres como ela: apaixonadas pelo Atlético MG. “Somos meninas de diversas partes de Minas e do Brasil, buscando nosso espaço no futebol, quebrar essa coisa que só homem pode gostar de futebol. Queremos que as mulheres coloquem sua paixão pra fora”,  conta a integrante da Fúria Alvinegra. 

Para a maioria das torcedoras, o amor pelo time do coração foi herdado da família. "Minha família toda torce para o Atlético. Carregamos essa paixão por conta do meu avô Raimundo. Ele era um atleticano doente, acabou passando para mim", diz Penna.

Mil e uma loucuras de amor 

Rebeca Penna criança em entrevista a Itatiaia, em um jogo do Atlético-MG
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Rebeca Penna criança em entrevista a Itatiaia, em um jogo do Atlético-MG


Para essas mulheres, vale tudo para assistir ao time jogar: ir trabalhar virada e até homenagear jogador no nome do filho são alguns exemplos do amor dessas torcedoras. "Grávida de uns 5 meses, coloquei o nome do meu filho de Luís Fabiano", diz a analista de comunicação interna Jéssica Gonçalves, 29, parte da Torcida Independente do São Paulo.

Ela conta que no início, a família não acreditou que ela iria homenagear o jogador, mas como era muito fanática, não foi uma surpresa. “Quando eu levei o meu filho para conhecer ele (o jogador), ele ficou bem emocionado, autografou a certidão de nascimento do meu filho. Meu filho fica sempre muito feliz quando vê ele e gosta da história, ele acha legal, ele sempre fala que tem nome de jogador.”

Perder trabalhos importantes na faculdade foi um sacrifício que praticamente todas elas já fizeram. Normal. Já a assistente social Danúzia Carvalho, 27, integrante da BAMOR, torcida do Bahia passou por uma situação um pouco mais inusitada: ser dedurada pela transmissão de um jogo. “Já viajei adolescente para ver os jogos e minha mãe só soube porque me viu na TV. Na ocasião, ela me esperou voltar, ficou chateada, mas superou", conta.   

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"Até hoje ela critica quando saio para os jogos, coisa de mãe. Fui poucas vezes escondida para os jogos. Quando eu era mais nova, ia escondida porque ela não gostava. Mas depois ela viu que eu não ia deixar de ir, então aceitou", diz Carvalho.

Impossível não se entusiasmar quando o time se classifica para a Libertadores e disso Graciano sabe bem! Para acompanhar os jogos da competição, ela matou algumas aulas importantes na faculdade. “Eu tinha arrumado uma confusão na faculdade para conseguir vaga numa matéria as quartas-feiras, bem no dia dos jogos. Comecei a faltar direto para ir para o estádio”, conta.

A faculdade entrou em contato com a mãe de Graciano e justo nesse dia, ela estava em indo escondida em uma caravana assistir a um jogo entre Flamengo e Corinthians. “Deu problema na volta (com a mãe), mas valeu a pena.” 

Malessa, presidente da Força Feminina Colorada conta que na sua banca de TCC, sua professora chegou a comentar as faltas para ver o jogo. "Ela disse que no último semestre eu faltava as aulas para ir ao jogo do Inter, mas que eu aparecia de vez em quando. Eu fiquei vermelha! Mas fui aprovada com nota dez", conta.

Jéssica Gonçalves na Torcida Independente do São Paulo
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Jéssica Gonçalves na Torcida Independente do São Paulo

Quando falamos sobre a sensação de ver o time entrar em campo, Gonçalves diz: “É um sentimento que não tem explicação. Na verdade, é como se durante 90 minutos nada mais existisse, nada mais fosse importante. É a melhor terapia que existe”, conta. Para Taís França, 26, analista de RH, concorda. “Sempre digo que estar no estádio assistindo ao meu time é uma sensação que nem em mil anos eu poderia esquecer, a sensação é única, me sinto em casa, me sinto livre e realizada”, diz.

“Quando o Flamengo entra em campo é como se uma caixa de fogos de artifício se acendesse dentro do meu peito. Coração disparado, garganta seca, muitas lágrimas de tristeza e alegria, mas a certeza de que em vermelho e preto tudo vale a pena. Se isso não é amor de verdade, eu não sei mais o que pode ser”, completa Graciano.  

Em relação ao machismo, ainda é comum torcedoras mulheres sofrerem com piadas e homens duvidando do seu amor e inteligência quando se trata de futebol, mas elas rebatem. “Hoje em dia eu participo de lives e de vez em quando aparece um homem com essa historinha, eu não sou fofa, se me desrespeitar eu vou responder na mesma moeda. Se me manda lavar louça, eu já aviso que tenho máquina de lavar para isso e mando capinar um lote”, diz. 


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