Mulheres protestam contra a censura durante a ditadura
Reprodução/Twitter
Mulheres protestam contra a censura durante a ditadura

A ditadura militar instaurada em 1964 durou 21 anos. Em 2021, completa 57 anos do golpe que caçou mandatos, suspendeu direitos políticos, perseguiu e matou milhares de pessoas. Muitas  mulheres tiveram um papel importante na resistência contra o regime militar, mobilizando-se em movimentos pelos presos políticos e pela volta dos exilados. 

Por causa disso, elas também se tornaram alvo dos órgãos de repressão política, foram presas, torturadas e mortas. O filme A Torre das Donzelas (2018) conta a história de algumas presas que dividiram uma cela no presídio Tiradentes. Entre elas estava a ex-presidenta Dilma Rousseff. Veja a seguir como ela e outras mulheres se mobilizaram neste período.


Aurora Maria Nascimento Furtado

Aurora Maria tinha 26 anos quando foi morta pelo regime militar
Reprodução
Aurora Maria tinha 26 anos quando foi morta pelo regime militar


Aurora foi uma militante do socialismo no Brasil e lutou contra a ditadura militar. Ela foi presa em 1972 e assassinada no mesmo ano. Eny Moreira, advogada dos presos políticos do período, deu um depoimento onde afirmou que o corpo da militante foi encontrado com diversas mordidas, entre elas, afundamento no maxilar, fraturas expostas, mordidas pelo corpo, as unhas e o bico dos seios arrancados e seu crânio foi afundado devido o uso da "Coroa de Cristo", uma das torturas a qual a militante foi submetida. O caso da Aurora é um dos mais conhecidos do país e foi narado no romance "Em Câmera Lenta", escrito por Renato Tapajós, também preso-político. 


Dinalva Oliveira Teixeira

Dinalva foi uma das maiores guerrilheiras do Araguaia
Reprodução
Dinalva foi uma das maiores guerrilheiras do Araguaia


Dinalva era militante e em 1974, aos 29 anos, foi presa, torturada e assassinada enquanto estava grávida.A estudante era formada em Geologia pela UFBA e foi uma das melhores guerrilheiras do Araguaia, devido sua força de vontade, esforço físico e comprometimento com a causa. Documentos da época contam que na hora de seu assassinato, ela pediu para "morrer de frente", então, foi executada com tiros.  


Dilma Rousseff

Dilma Rousseff em um julgamento com autoridades do exército
Reprodução
Dilma Rousseff em um julgamento com autoridades do exército


A ex-presidente da República foi presa com 22 anos, quando fazia parte do Comando de Libertação Nacional, movimento contra a repressão do regime. Ela foi submetida a tortura com pau-de-arara, palmatória, choques, socos e condenada a seis anos de prisão. Ela foi liberta em 1972, por conseguir redução da pena. 

41 anos após a sua prisão, ela se tornaria a primeira mulher presidente do Brasil. "Se o interrogatório é de longa duração, com interrogador ‘experiente’, ele te bota no pau de arara alguns momentos e depois leva para o choque, uma dor que não deixa rastro, só te mina.", disse a ex-presidente em uma declaração. 

Você viu?


Lélia Gonzalez

O legado de Lélia Gonzalez é importante para a história do movimento negro brasileiro
Acervo pessoal
O legado de Lélia Gonzalez é importante para a história do movimento negro brasileiro


Lélia Gonzalez foi autora, política, professora, filósofa e é uma das figuras mais importantes do país. Ativista, foi uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado (MNU), em 1978 e também do Partido dos Trabalhadores (PT), que fazia oposição ao regime militar.  Foi pioneira nos estudos sobre a cultura negra no Brasil, que aconteciam, inclusive, durante o período da ditadura. 

A intelectual foi inspiração de Angela Davis, ativista americana que ressaltou toda a importância de Lélia para o país. Ela morreu aos 59 anos e deixou um imenso legado na luta contra o racismo e o sexismo. Confira a matéria completa sobre a história de Lélia aqui .

Maria Amélia de Almeida Teles

Amelinha quando foi presa durante o período da ditadura
Reprodução
Amelinha quando foi presa durante o período da ditadura


Amelinha é o apelido de Maria Amélia de Almeida Teles. Ela foi militante do PCdoB e presa em 28 de dezembro de 1972 por “agrupamento prejudicial à segurança nacional." 

Submetida a sessões de tortura pelo major do exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, ela teve seus filhos sequestrados e obrigados a assistir os pais sendo torturados. A família de Amelinha foi muito presente no combate a ditadura e sua irmã, Crimeia Alice Schmidt de Almeida também foi presa. 

Atualmente, Amelinha tem 76 anos e é diretora da União de Mulheres de São Paulo e integra a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos. 

Miriam Leitão

A ficha de Miriam Leitão durante o período em que ficou presa
Reprodução
A ficha de Miriam Leitão durante o período em que ficou presa


Miriam Leitão é jornalista e ex-militante do PCdoB, foi presa por fazer parte do partido que, na época, era considerado clandestino por sua oposição ao governo. Ela e seu marido, Marcelo Netto, foram detidos de 1972 a 1973. Na época da prisão, a jornalista tinha 19 anos e estava grávida de seu primeiro filho, mesmo assim, foi submetida a sessões de tortura como  agressões físicas, pancadas na cabeça, ameaças e torturas psicológicas. Certa vez, foi trancada em uma cela escura com uma cobra. Em 2019, a jornalista lidou com acusações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro e seus filhos, que duvidaram da prisão e da tortura que ela sofreu durante o regime militar. 


Zuzu Angel

Zuzu Angel é considerada a primeira estilista brasileira
Reprodução
Zuzu Angel é considerada a primeira estilista brasileira


Zuzu Angel foi pioneira na moda brasileira e uma das mães que protestaram e, na luta incessável de procura a seu filho, se tornou uma das vítimas do regime militar. Ela era estilista e seu filho, Stuart Angel, de 26 anos, se posicionava contra a ditadura militar e foi preso, torturado e morto. 

A estilista lutou para ter o corpo de seu filho recuperado e ganhou visibilidade internacional no caso. Em uma de suas coleções após o desaparecimento de Stuart, ela criou modelos com roupas repletas de manchas vermelhas, simbolizando o sangue da ditadura, pássaros engaiolados e símbolos bélicos em protesto ao regime. 

Em 14 de abril de 1976, com 54 anos, Zuzu sofreu um acidente de carro planejado pelos agentes da ditadura e não resistiu. Em 2020, a justiça brasileira reconheceu a culpa do Estado na morte da estilista. 

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!