Destacar a força feminina é o principal objetivo de Clara Lima, estilista e stylist de Anitta, que ao lado da artista segue homenageando figuras marcantes na história durante as apresentações dos “Ensaios da Anitta”. Neste sábado, o show que acontece no Memorial da América Latina é conduzido pela cantora vestida com o look denominado Luz Del Fuego.
Seu nome verdadeiro era Dora Vivacqua, nascida em 1917 no Espírito Santo. Ainda pequena, mudou-se para Belo Horizonte com sua família composta por políticos e intelectuais em 1920. Formada em Ciências e Letras, também costumava frequentar saraus promovidos modernistas mineiros. Optou por seguir carreira artística em 1942, adotando o codinome Luz Del Fuego.
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Foi uma das maiores atrações dos teatros do Rio de Janeiro embora também causasse fúria por ser vista como uma ameaça aos "bons costumes”. Ela se exibia quase nua e dançava segurando serpentes que se enrolavam em seu corpo. Foi nessa época que começou a expor suas ideias existencialistas e naturistas em defesa dos direitos da mulher e da liberdade de expressão, em forte combate aos preconceitos sociais.
A vida de Luz Del Fuego foi marcada por diversas injustiças, como o fato de ter sido internada duas vezes em clínicas psiquiátricas pela família, que considerava suas atitudes e ideais inadequadas para a época. Sofreu assédio sexual do cunhado que, ao ser descoberto pela esposa, a fez acreditar ser Dora a culpada.
Tentou candidatar-se a deputada federal com um partido político por ela fundado, mas impedido de ser registrado. A dançarina, naturista, atriz, escritora e feminista brasileira também aventurou-se em algumas produções cinematográficas ao longo dos anos 1950. Mesmo com diversos talentos e um vasto conhecimento acadêmico, suportou constrangimentos para expressar-se como desejava.
“Criei um mix entre a personalidade da Anitta e as características que contam a história dessa figura transgressora libertária que é a Luz Del Fuego. Usei o jabour em couro prateado para representar as cobras que ela usava em suas apresentações, e aviamentos de cristais e de metal com o intuito de trazer o status de uma guerreira para essa artista feminista tão revolucionária”, conta Clara sobre seu processo de idealização do look.
A cantora exibiu o figurino neste sábado (11), quando se comemora o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, coincidindo com as formações de Del Fuego que, além da sensualidade, também é símbolo da intelectualidade feminina.
Dentre as muitas outras mulheres homenageadas, destacam-se Maria Bonita, a primeira mulher cangaceira da história que, assim como Del Fuego, foi uma transgressora em seu tempo, e a Guerreira da Favela, look representando a mulher carioca da favela que enfrenta as constantes lutas no dia a dia por seus ideais.