O Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, utilizou os canais oficiais do Governo Federal para promover a campanha de vacinação infantil na noite do último domingo (6). Por meio da TV e do rádio, o chefe da pasta pediu que os pais e responsáveis vacinem as crianças brasileiras contra a poliomielite.
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O pedido é resultado dos resultados insuficientes da campanha de vacinação contra a doença, que atingiu apenas 70% do público-alvo, que é de crianças de zero a cinco anos. O objetivo do governo era imunizar pelo menos 95% desse público.
A porcentagem baixa da campanha de vacinação preocupa especialistas, já que a taxa de vacinação infantil no Brasil está em constante queda. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o valor de crianças vacinadas caiu de 93,1% para 71,49% no país.
Queda da vacinação infantil
Nos últimos 50 anos, o Brasil erradicou ou manteve sob controle uma série de doenças imunopreveníveis. “Esse sucesso contribui para a queda na cobertura vacinal, uma vez que muitas pessoas por não vivenciarem a tragédia que essas doenças causavam e, por isso, menosprezam o valor e importância das vacinas”, explica Raquel Xavier de Souza Saito, enfermeira e professora do curso de Enfermagem da Faculdade Santa Marcelina.
O movimento antivacina também foi um fator que prejudicou a taxa vacinal de crianças no país. “O movimento Anti Vacina também cresceu muito, com argumentos que variam entre crenças religiosas, questionamento da segurança e receio de possíveis efeitos colaterais e/ou reações adversas”, afirma o infectologista Alexandre Piva.
“Tal movimento pregava a falsa ideia de que remédios naturais e vitaminas substituiriam as vacinas na geração de imunidade. Este movimento é considerado um dos maiores riscos à saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS)”, declara.
O Brasil também sofreu com uma diminuição de recursos e de ênfase nos programas de vacinação infantil, resultando na piora de toda a cobertura vacinal.
Com a queda da vacinação, médicos e profissionais alertam sobre a volta de doenças mortais para o público infantil. “Nossa primeira preocupação é com relação a Poliomielite, doença que pode ser benigna em alguns casos, mas para uma pequena parcela pode levar a paralisia de membros e à morte”, aponta Renato Grinbaum, infectologista e professor de Medicina da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid).
Além da poliomielite, doenças como sarampo, rubéola, difteria, tétano, meningite, hepatite e coqueluche também são grandes ameaças para as crianças. “O nosso grande desafio hoje é retomar a credibilidade nas vacinas e que o governo federal volte a investir e colocar como prioridade esse programa no país”, reflete o médico.
Importância da vacinação
Em meio a uma crise de desinformação em torno das vacinas, os profissionais alertam que a vida de muitas crianças, sem as vacinas essenciais, pode estar em risco.
“A vacinação evita que a criança tenha o contato com uma doença na sua forma mais agressiva. Quando ela tem o contato com a doença, a criança já tem uma produção de anticorpos produzidos pela vacina e ela consegue se proteger tendo o quadro clínico mais leve”, afirma Renato.
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Durante a gestação, como atesta a enfermeira Raquel, a amamentação da mãe passa anticorpos que garantem a saúde do sistema imunológico do bebê. Na medida em que a criança cresce, tais anticorpos maternos vão morrendo e a criança fica desprotegida.
Vacinar a criança desde o nascimento assegura recursos para que, assim, o sistema imune da criança produza suas próprias defesas.
Além da defesa do sistema imune, a vacina pode prevenir a transmissão e até erradicar certas doenças, como foi o caso da varíola.
“[O programa brasileiro de vacinação] é referência no mundo todo. O Brasil foi pioneiro em incorporar vacinas no calendário do Sistema Único de Saúde (SUS)”, explica Alexandre Piva. “Todas as vacinas que constam no calendário vacinal do Programa Nacional de Imunização (PNI) são de suma importância.”
PNI
Confira, abaixo, o calendário oficial de vacinas do Programa Nacional de Imunização (PNI) para o primeiro ano de vida do bebê.
A partir do nascimento
- BCG
- Hepatite B (Dose 1)
Dois meses
- Tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche) [1ª dose]
- VIP (1ª dose)
- Pneumocócica (1ª dose)
- Rotavírus humano (1ª dose)
Três meses
- Meningocócica (1ª dose)
Quatro meses
- Tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche) (2ª dose)
- VIP (2ª dose)
- Pneumocócica (2ª dose)
- Rotavírus (2ª dose)
Cinco meses
- Meningocócica (2ª dose)
Seis meses
- Pentavalente (3ª dose)
- Poliomielite (3ª dose)
- Pneumocócica (3ª dose)
- VIP (3ª dose)
Nove meses
- Febre amarela
Um ano
- Tetra viral (sarampo, caxumba, varicela e rubéola)
- Pneumocócica – Reforço
- Hepatite A – Primeira dose