Menina tentando se proteger
Foto de RODNAE Productions no Pexels
Menina tentando se proteger

O abuso sexual infantil voltou a ser pauta na mídia depois do suposto caso que envolvia  o pastor de Wesley Safadão e a desistência da ginasta americana  Simone Biles  nas Olimpíadas. Desde o começo da pandemia, os números de  denúncias cresceram tanto pelo Disque 100 (Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos) quanto pela Safernet Brasil, uma associação civil de direito privado, com atuação nacional, com foco na promoção e defesa dos Direitos Humanos na Internet no Brasil. 

Entre janeiro e abril de 2021 foram denunciadas à  Safernet Brasil 15.856 páginas relacionadas à pornografia infantil, crescimento de 33,45% em comparação com o mesmo período de 2020. O número aumenta 102,24% no comparativo do primeiro ano de pandemia com 2019.

Com o ensino remoto , as crianças e adolescentes estão mais expostas à situações de risco, além disso, as escolas são uma rede de apoio importante na identificação e combate ao abuso sexual infantil  e, com elas ainda fechadas ou retornando em sistema de rodízio, fica difícil auxiliar na identificação. A psicóloga Ana Volpe fala sobre os principais sinais que qualquer pessoa que convive com uma criança pode observar a fim de ajudar a interromper a violência sexual.


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"O principal sinal identificado é a mudança no comportamento da criança. Ela começa a agir de formas diferentes com que ela usualmente se comportava, podendo ficar mais agressiva, ter dificuldade de aprendizagem, de conciliar o sono e/ou ter mais pesadelo. Sobretudo é importante reparar se houve uma mudança brusca de comportamento daquilo que ela sempre teve como natural e agora não é mais", explica.

A especialista aponta que, dependendo da idade da criança, provavelmente ela não vai conseguir expressar os acontecimentos da maneira que uma pessoa adulta compreende ou espera. Por isso, ela destaca que os momentos lúdicos, com leituras ou brincadeiras , devem ser aproveitados tanto para explicar situações - como consentimento, partes íntimas, o que pode e o que não pode ser feito - quanto observar como a criança se expressa por esses meios.

Outros sinais de abuso

Assim que estes sinais forem identificados, não questione ou coloque a criança em posição de dúvida - isso vai fazer com que ela não se sinta acolhida e amparada em um momento delicado como esse. O recomendado é fazer uma denúncia aos órgãos competentes, como conselho tutelar, delegacia de polícia ou Ministério Público, que vão tomar as medidas necessárias de proteção e acolhimento. 

Outros sinais de abuso que podem ser identificados e são orientados como pontos de observação pela Childhood Brasil, instituição de proteção à infância, são: 

  1. Proximidade excessiva: geralmente o abuso é praticado por uma pessoa da família, que busca ganhar a confiança dela e acaba confundindo sua percepção de vítima.
  2. Regressão comportamental: a volta de hábitos infantis, que foram abandonados naturalmente com o crescimento da criança, é um fator de alerta não verbal. 
  3. Silêncio predominante: a criança começa a ficar mais calada provavelmente por ser vítima de chantagem de violência física e mental. Assim, um ponto que pode assegurar proteção é sempre explicar para a criança que adultos não mantém nenhum tipo de segredo com crianças, especialmente os que não podem ser compartilhados com a mãe e/ou o pai.
  4. Traumas físicos: hematomas e dores sem explicação, especialmente na região genital e anal devem ser avaliadas.
  5. Doenças psicossomáticas: problemas de saúde sem causa aparente - vômitos, diarreia, erupções cutâneas, dor de cabeça - podem ter fundo emocional relacionado a abuso sexual.
  6. Negligência: uma criança que fica muito tempo sozinha e/ou sem cuidados, está em maior situação de vulnerabilidade, sendo um alvo fácil de abuso sexual.
  7. Desempenho escolar: se a criança falta muito à escola e/ou tem uma queda brusca de notas, falta de interesse nas atividades, dificuldades de socialização, entre outros, é preciso um olhar atento para descobrir as causas por trás disso.

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