Aos 15 anos, Krystal Miller, hoje com 34 anos, foi diagnosticada com a doença de Crohn , uma doença crônica que afeta o intestino e exige que parte – ou todo – o órgão seja removido, fazendo com que a pessoa precise usar para sempre uma bolsa de colostomia ligada ao corpo para conseguir realizar o processo de excreção das fezes.
No caso dela, a cirurgia e a necessidade da bolsa de colostomia aconteceu 8 anos após o diagnóstico. “Finalmente eles iam eliminar a doença que estava tentando me matar! Ao saber da cirurgia fiquei animada com a oportunidade de redefinir a minha vida”, conta Krystal ao site “Daily Mail”.
O diagnóstico de uma doença como essa não é fácil e afeta todas as áreas da vida, principalmente pelo fato de exigir que o paciente carregue uma bolsa externa ao corpo. “Eu tive pouco tempo para aceitar que precisaria da bolsa. Durante longas noites eu percebi de que forma isso afetaria a minha vida e percebi que seria uma mudança positiva. Isso devolveria a minha vida e eu seria capaz de viver sem dor”, afirma.
Apesar da notícia da bolsa ser encarada com felicidade, como seria sua vida sexual dali para frente? Esse foi um dos questionamentos que rondaram Krystal. “Ter uma bolsa não parecia o ideal, mas não havia comparação com o que eu estava vivendo”. Ela relembra que antes da cirurgia fazer sexo era sempre algo muito difícil e dolorido. “Tentar se divertir era quase impossível. O sexo me deixava nauseada e com dor”.
Sua vida sexual melhorou significativamente e fazer sexo voltou a ser algo prazeroso. No entanto, Krystal não nega que passou por momentos de insegurança até que transar usando a bolsa fosse algo natural para ela e o marido.
Processo de aceitação com a bolsa de colostomia
Trabalhar a autoestima e a aceitação em um momento que se tem uma doença que exige o uso de um acessório como esse não é nada fácil, principalmente quando o assunto são homens. Para Krystal, anos após a cirurgia, ela passou a encarar as coisas de forma simples: “bons homens não dão a mínima para uma bolsa de colostomia”, afirma querendo dizer que não é preciso se preocupar com o que eles vão dizer ao encarar o acessório na hora do sexo.
As neuras com o próprio corpo devem passar longe quando o assunto é prazer. “Alguns homens gostam de mulheres curvilíneas, outros gostam mais de mulheres magras. Mas eu nunca encontrei um homem que tenha falado que não gosta de cicatrizes ou estrias em alguma mulher”, comenta.
Ela ainda conta que no início chegou a acreditar que apenas alguém que realmente a amasse gostaria de fazer sexo com ela – e com a bolsa. Porém, aos poucos, conheceu homens em momentos aleatórios, sem compromisso e apenas pela diversão que pouco se importaram com o que ela carregava na barriga.
“Esse foi realmente um momento de virada na minha vida. Isso me mostrou que eu ainda era uma mulher atraente. Teve um homem que conheci em uma boate que até beijou a minha barriga naquela noite”, relembra.
Hoje, Krystal tem orgulho de carregar a bolsa com si e inspira outras mulheres a não sentirem vergonha do acessório. “A bolsa é apenas uma parte de você. Ela faz nós sermos quem somos”, diz afirmando que o próprio marido mal percebe a bolsa que ela carrega.
Dicas para a hora do sexo
Mesmo envolvida pelo calor do momento e com a vontade de transar sendo alta, é muito raro não bater a insegurança na hora do sexo. Quando falamos de mulheres que passaram por um processo tão difícil quanto uma cirurgia que deixa cicatrizes e uma bolsa de colostomia para sempre no corpo, sentir-se segura no sexo parece algo impossível.
“Será que a bolsa vai incomodar?”, “O que ele vai pensar da cicatriz?”, “Ele está sentindo algum cheiro?”, essas são algumas perguntas que passam pela cabeça das mulheres com a doença de Crohn quando a “hora h” está se aproximando. Relaxar e curtir o momento não é simples quando tais ideias rondam a mente. Porém, com algumas dicas é possível reverter a situação e voltar a sentir prazer com o outro.
Krystal sugere usar faixas na barriga que seguram a bolsa ou apenas dobrá-la. “Garantindo que a bolsa colostomia está livre, eu não me estresso muito com a questão. Porém, no começo eu sempre me preocupava achando que os homens estavam sentindo o cheiro da bolsa”.
A australiana não é a única mulher que fala sobre o tema. Em fevereiro deste ano que Hannah Witton , youtuber conhecida por falar abertamente sobre sexo e relacionamentos, compartilhou sua experiencia de ter uma vida sexual ativa com a bolsa. Hannah listou algumas dicas de como conciliar o sexo e o “acessório” para ajudar e inspirar outras mulheres a passarem por isso de forma mais confiante. Confira:
- Naturalizar a nova rotina
O primeiro passo para ter uma vida sexual mais tranquila é naturalizar a nova rotina que começa a partir da bolsa. Entenda que o sexo não será mais como antes, mas nem por isso será uma experiência ruim, apenas diferente e com novos hábitos. Agora será preciso sempre se lembrar de esvaziar a bolsa antes de transar, por exemplo. Aos poucos, a bolsa de colostomia será apenas um detalhe na rotina.
- Usar acessórios
A questão do cheiro, principalmente na hora do sexo oral, é uma das principais preocupações das mulheres que precisam do “acessório”. Hannah explica que, mesmo existindo um filtro de carvão na bolsa que libera o gás e o cheiro, evitando desconfortos, algumas técnicas podem diminuir essa preocupação. É possível pingar algumas gotinhas de óleos aromatizantes dentro da bolsa, utilizar um velcro para manter a bolsa enrolada durante o ato sexual ou até mesmo comprar uma bolsa menor. Além de, claro, esvaziar o acessório antes de transar.
- Trabalhar a autoconfiança
Essa é uma dica que vale para todas as mulheres, independente de usar a bolsa de colostomia ou não: é imprescindível mostra-se confiante e segura de si. A autoconfiança é a chave para encarar o sexo com mais leveza e sem tabus, ainda mais quando se tem a doença de Crohn. A youtuber finaliza dizendo sobre a importância de também estar sempre aberta ao diálogo e conversar abertamente sobre a bolsa com o parceiro, o que facilita muito evitar desconfortos na hora do sexo