A separação de um casal é um momento sempre muito delicado. Quando existem filhos pequenos, então, tudo fica mais difícil. A guarda compartilhada, que muitas vezes aparece como solução para o problema, nem sempre indica o fim dos conflitos entre o homem e a mulher. Em alguns casos, o acréscimo de personagens à história, como um padrasto ou madrasta, também aparece gerando mais atritos.

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A guarda compartilhada em nada ajuda se os pais da criança continuarem brigando o tempo todo, explica psicóloga
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A guarda compartilhada em nada ajuda se os pais da criança continuarem brigando o tempo todo, explica psicóloga


De acordo com a psicóloga Carla Poppa, especialista em psicoterapia para crianças, os filhos são indiretamente lesados quando os pais não se entendem. Após a separação do casal, muitas crianças acreditam que foram responsáveis pelo afastamento dos pais, e o sentimento de culpa não é bom. A sensação, algumas vezes, aumenta quando a guarda compartilhada faz os pequenos conviverem com a madrasta ou o padrasto, mas não deixam de receber recomendações para agir de maneira diferente na presença dessas pessoas.

“Quando a mãe fala mal do pai e da madrasta, ou o pai critica a mãe e o padrasto, a criança sente como se tivesse duas vidas distintas, pois começa a tomar cuidado para não contar o que aconteceu na casa do pai para a mãe e vice-versa. Com o tempo, ela passa a ter a sensação de que tem duas vidas separadas, o que pode dificultar a construção da sua identidade”, afirma.

O sofrimento dos pequenos diante desses desentendimentos dos pais, segundo Carla, pode ser demonstrado das mais diferentes maneiras. Assumir uma postura mais isolada ou agressiva, inclusive, não deixa de ser uma possibilidade. “A criança é afetada e pode adoecer com frequência, reagir com choro intenso, sentir dificuldade para dormir”, lista a psicóloga, que já atendeu vários menores nesta situação e acredita que os pais precisam ficar atentos.

Embora muitos se identifiquem com os pontos abordados, no entanto, é claro que o divórcio de um casal nem sempre reflete de forma negativa na vida dos filhos. Quando o homem e a mulher sabem lidar com seus sentimentos, entendem que os filhos não têm culpa do que houve e se esforçam para organizar a rotina dos herdeiros, existe a possibilidade de a separação ser positiva.

“Quando os pais se comunicam bem e sentem que tem o apoio necessário para cuidar do filho, passado o período mais difícil da separação, a criança pode ser beneficiada com a nova configuração familiar. Se ela se sente tranquila, tanto quando vai para casa do pai, como quando vai para a casa da mãe, ela poderá compartilhar novas experiências e aprender com novas pessoas, como o padrasto, a madrasta, e um meio-irmão”, defende a terapeuta.

Amizade entre pais divorciados é essencial para a guarda compartilhada

A presença de Bruna na festa de Davi chocou internautas que têm a guarda compartilhada e não se dão bem com o ex
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A presença de Bruna na festa de Davi chocou internautas que têm a guarda compartilhada e não se dão bem com o ex


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O objetivo da guarda compartilhada é fazer com que os filhos que são frutos de uma relação que não deu certo continuem convivendo com o pai e a mãe da mesma forma. Para a iniciativa ser positiva, no entanto, é preciso que os divorciados coloquem os herdeiros em primeiro lugar, dialoguem muito e saibam ceder em vários aspectos.

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A construção de uma relação saudável entre a mãe da criança e a madrasta, por exemplo, também precisa ser mais valorizada. Para a psicóloga, isso faz toda a diferença na vida da criança e é por muitas famílias não conseguirem colocar a atitude em prática que encontros pacíficos como os de Bruna Marquezine, atual namorada de Neymar, e Carol Dantas, mãe do filho do jogador, chocam o público e viram notícia.

“O papel da madrasta carrega um estereótipo social negativo, mas essa mulher pode representar uma pessoa que a criança tem à disposição para apoia-la sempre que precisar”, afirma a especialista, ao comentar sobre as centenas de matérias que saíram quando  Marquezine e Carol trocaram mensagens de carinho após a festa de sete anos de Davi Lucca, no fim de julho.

“Para que isso seja possível é importante que a relação dos pais não seja influenciada por sentimentos de acontecimentos do passado e que a própria madrasta consiga estabelecer uma relação com a criança na qual ela é um ponto de apoio sem tentar competir ou invadir o papel da mãe”, aconselha Poppa, que se preocupa com os erros tão comuns que vira e mexe “aparecem” no consultório.

“Muitas mães assumem o papel de ‘salvadoras’ dos filhos e deixam os pais como ‘vilões’ da relação. As crianças ficam dependentes e se afastam dos pais depois da separação”, lamenta a psicóloga, que emenda: “Muitas vezes, quando já é possível refletir de maneira crítica sobre as experiências da vida, na fase adulta, é que o filho toma consciência dessa dinâmica. O problema é que pode ser difícil reconhecer que a pessoa que um dia ele idealizou o afastou desse contato”, completa.

Para a terapeuta de crianças é claro que todas as histórias são diferentes e tudo deve ser analisado dentro de um contexto. Ainda assim, o primeiro e fundamental passo para os pais divorciados conviverem bem é identificar se permaneceu algum ressentimento do período que estavam juntos. Caso essa mágoa exista e se faça presente a cada nova briga, não dá para deixar o assunto para lá e simplesmente seguir em frente.

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“Nesses casos, buscar terapia para tomar consciência das próprias emoções pode ser mais útil do que ficar na expectativa que o outro mude. Assim, as discussões sobre as discordâncias relacionadas à educação da criança tendem a ser mais racionais e produtivas”, garante Carla. Para ela, quando as emoções de situações passadas ainda estão presentes, as discussões geralmente servem para atacar o outro e isso nunca refletirá de forma positiva na vida de uma criança, principalmente em uma guarda compartilhada .

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